O Latin NCAP, órgão que realiza os testes de colisão dos carros novos à venda na América Latina, divulgou importantes resultados em 2022. Entre os modelos avaliados está, por exemplo, o Volkswagen Nivus, que foi o único a receber 5 estrelas neste ano. Por outro lado, modelos como o novo Hyundai Tucson – que ainda não chegou ao mercado brasileiro – e a picape Fiat Strada, veículo mais vendido de 2022 no País, deixaram a desejar.
A avaliação utiliza métodos de ensaio internacionalmente reconhecidos. Assim, considera quatro quesitos: proteção de adultos e crianças, segurança de pedestres e usuários vulneráveis nas estradas e os sistemas de assistência à direção. Para isso, o Latin NCAP realiza testes de impacto diferentes como, por exemplo, frontais, laterais e traseiros. Além disso, avalia o “Whiplash” (efeito chicote) quando, em uma batida, a cabeça é projetada para frente.
Com base nisso, o Latin NCAP avalia as áreas do corpo mais afetadas, bem como o impacto geral na cabine. Os resultados podem ser classificados como “bom”, “adequado”, “marginal”, “fraco” e “pobre”. Por fim, o órgão confere classificação de 0 (zero) a 5 estrelas.
Confira os modelos avaliados em 2022 pelo Latin NCAP:
1. Volkswagen Nivus: 5 estrelas
Em setembro, o crossover de entrada da marca alemã – que ficou mais sofisticado e caro na linha 2022 – ganhou as cinco estrelas máximas. O Nivus atingiu 92,47% na proteção para adultos, 91,75% para ocupantes infantis, 48,74% na proteção de pedestres e usurários, e 84,95% nos sistemas de assistência. De acordo com a entidade, o destaque é a estrutura do modelo que, tanto no impacto lateral quanto no frontal, apresentou boa proteção na cabine.
No teste da chicotada vertical, o SUV-cupê recebeu avaliação máxima na proteção para o pescoço. Por sua vez, os piores resultados ficaram para as pernas e o tórax, que receberam avaliação “adequada”. Vale lembrar que o modelo traz seis airbags de série. Como nem tudo são flores, a pior avaliação ficou para a proteção de pedestres. Segundo a organização, o baixo rendimento se deu por conta da falta de itens como frenagem automática de emergência.
2. Honda WR-V: 1 estrela
Na mesma época, o órgão apresentou as notas do Honda WR-V – que saiu de linha no início de 2022 no Brasil. O crossover da marca japonesa, que era feito na fábrica de Sumaré (SP), só recebeu uma estrela. Ou seja, quase “zerou” o teste do Latin NCAP. Ao todo, marcou 41,03% na proteção de adultos, 40,66% para ocupantes infantis, 58,82% na proteção de pedestres e 48,84% nos sistemas de segurança.
Segundo a avaliação do órgão, há boa proteção para o peito no impacto frontal. Mas os joelhos ganharam “proteção marginal”, devido ao risco de serem atingidos pela estrutura do painel. Outro resultado negativo foi no teste de impacto lateral. Neste, o tórax foi afetado, já que o SUV não possui airbags laterais dianteiros. No Brasil, por exemplo, a lei exige só as bolsas frontais. No entanto, a maioria dos modelos mais novos já trazem seis airbags.
Uma observação do Latin NCAP foi para o cinto de segurança, que não atende os requisitos da União Europeia. No mais, o órgão cita a falta de interruptor para desativar o airbag dianteiro.
3. Hyundai Tucson decepciona
Outra decepção foi o Hyundai Tucson – que já está à venda no exterior faz algum tempo, mas não chegou ao Brasil. Em tese, é uma nova geração. Ou seja, esperava-se por excelente resultado. Entretanto, na versão de dois airbags, o SUV feito na Coreia do Sul zerou a bateria. Em números, atingiu 50,23% na proteção de adultos; 5,34% para ocupantes infantis; 48,40% na proteção de pedestres e usuários vulneráveis e 6,98% no sistema de assistência.
Um dos motivos para a reprovação é o fato de a unidade ter só dois airbags frontais. Além disso, o resultado baixo na proteção infantil se deve sobretudo à oferta de cinto de dois pontos no centro do banco traseiro, a não sinalização do Isofix e a falta do interruptor de desativação do airbag do passageiro – todos critérios técnicos. Já no caso dos sistemas de assistência à direção, o novo Tucson mostrou respostas ruins, pois o controle eletrônico de estabilidade (ESC) e o limitador de velocidade não estão no padrão atual.
Versão de 6 airbags melhora
O SUV também teve avaliada a opção com seis airbags. Dessa forma, melhora o resultado com airbags laterais e de cortina. Da mesma forma, os cintos de segurança são de três pontos em todas as posições e há um lembrete para a posição do passageiro dianteiro. Além disso, oferece uma sinalização para cadeirinhas infantis, ESP e limitador de velocidade.
No geral, o SUV atingiu notas maiores. Dessa vez, ficou com 81,61% na proteção de adultos; 69,53% para ocupantes infantis; 48,40% na proteção de pedestres e usurários e 55,81% nos sistemas de assistência. Nesta versão, passou por testes de impacto lateral de poste, ESC, teste do alce e assistência à velocidade. Para o Latin NCAP, os resultados foram satisfatórios.
4. Fiat Strada tem baixo desempenho
Líder absoluta de vendas no Brasil, a Fiat Strada foi mal nos testes de impacto. Segundo a avaliação, a picape recebeu somente uma estrela de cinco possíveis. O resultado foi ruim nas versões de cabine simples e dupla. De acordo com o órgão, quatro aspectos ficaram abaixo do esperado. A estrutura foi considerada instável, os airbags laterais de baixo desempenho, diferenças nos assentos na simulação de impacto traseiro e a falta de sistemas de assistência.
De acordo com o Latin NCAP, a Strada cabine simples tinha dois airbags frontais e controle eletrônico de estabilidade (ESC). Nesse caso, a picape obteve índices de proteção de 47,47% ao ocupante adulto, 22,08% ao infantil e 40,23% para pedestres e usuários vulneráveis. Por fim, nos sistemas de assistência à condução, a avaliação foi de 41,86%.
Por sua vez, a Strada cabine dupla tinha quatro airbags, bem como ESC. Neste caso, os índices foram de 41,39% para ocupante adulto, 52,96% para infantil, 40,23% para pedestres e 48,84% em sistemas de assistência. Portanto, a maior diferença está na proteção de crianças.
Avaliação
De acordo com o relatório do Latin NCAP, em caso de impacto frontal, a estrutura da picape se mostrou instável. Esse problema ocorre na área onde ficam os pés dos ocupantes. Além disso, os airbags laterais apresentaram desempenho inadequado e tamanho reduzido. Dessa forma, há baixo nível de proteção para cabeça e tórax, o que implica risco de ferimentos graves aos ocupantes.
Os resultados dos testes foram diferentes conforme o tipo de carroceria para o chamado efeito chicote. Na cabine dupla, a proteção foi considera adequada. Porém, na cabine simples, o desempenho foi classificado como “pobre”. De acordo com o órgão, essa diferença surpreendeu.