Uma nova plataforma vem sendo desenvolvida pelo Grupo Volkswagen. Voltada aos países emergentes, como Brasil, Índia, Rússia, África, sudeste da Ásia e o restante da América Latina, a ideia é que cada região tenha independência na criação de novos veículos – ao invés de receber a receita pronta da Europa. Ou seja, os modelos “populares” da VW por aqui, como Gol, Saveiro e Voyage, por exemplo, vão se beneficiar da arquitetura, que nada mais é que a evolução da atual base modular MQB.
De acordo com o site Automotive News Europe, o Grupo Volkswagen incumbiu a Skoda como responsável pelo desenvolvimento, afinal, a marca tem propriedade para tratar de veículos de baixo custo. O briefing da alemã para a execução da nova plataforma é simples: precisa ter arquitetura altamente flexível, foco no baixo custo e acomodação para carros de vários tamanhos e eletrificáveis. Entretanto, não serve para modelos totalmente elétricos.
E isso tem um motivo, afinal, a VW reconhece que as regiões citadas têm processo de eletrificação mais lento. Ou seja, não adianta adotar plataforma exclusiva para carros elétricos, sendo que os motores a combustão interna ainda têm futuro nos respectivos países.
Dessa maneira, a evolução da plataforma permitirá o desenvolvimento de veículos de diversas categorias, contanto que meçam entre 4 metros de comprimento e 4,70 m e tenham capacidade para até sete ocupantes.
Novo Gol e SUV da Skoda
Que o Gol vai se aposentar para dar lugar ao Polo Track, você já leu no Jornal do Carro. Agora, entretanto, a aposta é que o retorno do hatch de maior sucesso da história do País (já em forma de SUV) seja baseado nessa nova plataforma. Ou seja, vai virar um SUV híbrido flex.
Híbrido Flex? Sim! Pois a mecânica eletrificada – com base no uso do etanol – já vem sendo desenvolvida pela Volkswagen. Isso é parte do investimento de R$ 7 bilhões recentemente anunciado pela VW. Dura até 2026.
Embora sem confirmação da VW, o Gol será um mini-SUV que mistura elementos do Golf de 8ª geração e de integrantes da família elétrica ID. O comprimento deverá ter cerca de 4,10 metros – ou seja, algo dentro das regras da nova plataforma e a mesma medida do Fiat Pulse. Assim, pode-se esperar que o novo Gol tenha inspiração no SUV Kushaq (foto principal), que a Skoda produz na Índia sobre plataforma MQB A0 IN. Na Europa e na China, o mesmo modelo atende por Kamiq (abaixo).
Lançado em março de 2021, este é, portanto, o menor SUV na linha global da Skoda. São 4,23 metros de comprimento. Achou pouco? Pois a fabricante tcheca admitiu que está providenciando um SUV ainda menor – chamado de sub-4m (menos de 4 metros), o que rende desconto no país asiático. Ainda sem especificação, o modelo nascerá para bater de frente com o novo Citroën C3 – de 3,98 metros de comprimento.
Dados
Segundo Jiri Dytrych, chefe do projeto na Skoda, a venda de veículos com motor a combustão continuará crescendo até 58% a mais nos próximos 10 anos – atingindo 7,5 milhões de unidades. Nesse sentido, aumentará para 8,5 milhões até 2036.
Esses números baseiam a ideia da Volkswagen, de não se desfazer totalmente de seus veículos de motores a combustão nos países emergentes. Entretanto, o fato de os veículos desenvolvidos a partir dessa arquitetura não serem vendidos na Europa ou na China não quer dizer que haverá relaxo no cumprimento de regras de emissões. Tanto que a ideia é não fabricar carros totalmente a combustão. Todavia, a Skoda terá liberdade no processo.
Nacionalização
A fim de baixar os custos com produção, a Skoda seguirá a cartilha da estratégia aplicada na Índia com a MQB-A0 IN, que tem 95% de nacionalização – peças são produzidas no próprio país, para possibilitar que a indústria local de autopeças se desenvolva e receba incentivos do governo. Sem contar a não necessidade de importação.
Dessa maneira, buscará características que permitam oferecer produtos que atendam às demandas de seu público. “A Rússia leva os testes de segurança e de colisão a um nível muito mais alto do que a América do Sul. Os clientes indianos, entretanto, querem mais integração com smartphones do que os russos”, explica Dytrych.
Diante disso, é possível afirmar que os produtos criados a partir desta nova arquitetura ainda demorarão para chegar às ruas. Dytrych afirma que o primeiro veículo fique para depois de 2025. Ou seja, justamente quando o Gol estará de volta, dando origem aos derivados Saveiro e Voyage.