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O que rola atrás dos boxes da Fórmula 1
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O que rola atrás dos boxes da Fórmula 1

É na área conhecida como paddock que se concentram pilotos e dirigentes e são tomadas importantes decisões

26 de nov, 2013 · 13 minutos de leitura.

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 O que rola atrás dos boxes da Fórmula 1
Paddock: 'passarela' entre escritório e saída dos boxes

No sábado, Sebastian Vettel fez uma volta “mágica” e marcou a pole position. No domingo, venceu a corrida. Para quem estava nas arquibancadas do Autódromo de Interlagos, ou acompanhou a prova pela TV, este foi o Grande Prêmio do Brasil de 2013. Mas é longe do olhar do público, na área atrás dos boxes – conhecida como paddock -, que as decisões cruciais para o desenrolar da competição são tomadas.

Até o início dos anos 80, o paddock e o pit lane – onde são feitos os pit stops – eram abertos ao público, que podia ver os carros e os pilotos de perto. Porém, quando o aumento dos investimentos e dos custos profissionalizaram a Fórmula 1, optou-se por restringir a circulação na área. Por lá, agora só há integrantes das equipes e da imprensa, além de poucos convidados do time.

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É no paddock também que se fecham negócios milionários, com patrocinadores e entre pilotos e equipes, por exemplo.


Fittipaldi, Andreas Sigl, da Infiniti (centro) e um fã


COMO É


Nas etapas europeias, as equipes transportam, por rodovias, seus imensos motor homes aos autódromos. Mas em Interlagos, têm de se virar em um espaço limitado, com escritórios apertados que servem como sala para recepção de convidados ou reuniões e cozinha para todos os integrantes de cada equipe – número que, na corrida brasileira, varia de 50 a 100, mas pode até dobrar em etapas europeias.

As três equipes mais bem colocadas de 2012 (Red Bull, Ferrari e McLaren) têm privilégio. Seus escritórios – cada um fica diante dos boxes do time – têm uma pequena varanda. Da quarta colocada em diante, o aperto fica bem maior.

Ainda assim, ninguém reclama. Estava todo mundo aparentando descontração na etapa de Interlagos. Como Lewis Hamilton, o simpático britânico da Mercedes. Ele recebeu a reportagem do Jornal do Carro na quinta-feira e contou que seu capacete foi desenhado por um designer brasileiro. “Por isso, torçam por mim”, barganhou, em tom de brincadeira.


Mark Webber concede entrevista

Mais introspectivo que Hamilton, Nico Rosberg disse que, na manhã daquele dia, participou de partida de futebol beneficente, em prol de crianças carentes. E explicou o ritual de fazer embaixadinhas em um canto do paddock que repete a cada etapa, despertando curiosidade geral nos transeuntes: “É a forma que encontrei de me aquecer antes de entrar no carro. E também de me descontrair.”


CIRCULANDO

Mesmo com o acesso restrito, o assédio a alguns impressiona. Principalmente a Sebastian Vettel e Fernando Alonso. No caso de Interlagos, Felipe Massa também estava nessa lista, assim como Mark Webber, cuja etapa brasileira marcou sua aposentadoria na Fórmula 1. Já na entrada do paddock, dezenas de fotógrafos aguardam esses pilotos, e os seguem até que eles cheguem aos escritórios de suas respectivas equipes e desapareçam.


Lauda: café da manhã com Vettel e Horner (Foto: JF Diorio/Estadão)

De quinta a domingo, quando há movimentação no paddock, Vettel, Alonso, Webber e Massa estavam sempre na correria. É que bastava eles aparecerem fora dos escritórios de seus equipes, em direção aos boxes, para um cinegrafista ou fotógrafo persegui-los. Há sempre, também, pessoas requisitando fotos e autógrafos.

Fora da área onde estão instaladas Red Bull e Ferrari, no entanto, a vida dos pilotos é mais simples. Rosberg, Romain Grosjean e até Hamilton e Jenson Button circulavam livremente, sem perseguição.


Os chefes das equipes aproveitam o fim de semana para conversarem com integrantes de times concorrentes. O tricampeão Niki Lauda é um dos que mais circula pelo paddock. No sábado, o JC procurou o assessor da Mercedes, Bradley Lord, para agendar uma entrevista com o austríaco. O problema é que ele ainda não havia aparecido no escritório da equipe. E nem apareceria tão cedo.

Mecânico circula com carrinho de pneus no paddock


Antes de ir dizer um “olá” ao pessoal da Mercedes, na qual atua como uma espécie de diretor informal, ele passou pelos “quartéis-generais” de Red Bull, onde tomou café da manhã com Vettel, McLaren, no qual se encontrou com o chefão Martin Whitmarsh, e Ferrari. Só apareceu na Mercedes após o almoço.

Para quem circula pelo paddock, é recomendável ter cuidado. Mecânicos levam de cima para baixo, a passos rápidos, carrinhos cheios de pneus – os de chuva foram os campeões no fim de semana. E, algo que é praxe, dificilmente olham para a frente. Não é raro ser “atropelado” por um desses carrinhos.

ESTRELAS


O trânsito de famosos no paddock foi fraco nesta edição da corrida. Se no ano passado estiveram por lá, como convidados da Ferrari, nomes como o ex-tenista Gustavo Kuerten e o ator norte-americano Owen Wilson, em 2013 o público de celebridades foi formado apenas por ex-pilotos.

Entre eles, Emerson Fittipaldi recebia assédio de integrantes de equipes, como o diretor da Infiniti (parceira da Red Bull), Andreas Sigl. Também estavam por lá David Coulthard, Damon Hill e Rubens Barrichello, todos comentaristas de redes de TV de seus respectivos países.


Felipe Massa na varanda da Ferrari

FASCÍNIO

O fascínio que a Ferrari exerce sobre pessoas de todos os tipos é impressionante. Quase toda celebridade que chega ao paddock vai diretamente visitar o escritório ou os boxes da equipe. Em Interlagos, é claro, muitos são convidados de Felipe Massa, único brasileiro no grid.


Ainda assim, mesmo em uma temporada ruim para seus padrões (ficou na terceira posição entre os construtores), é a equipe que mais atrai os visitantes. Em alguns horários na sexta, sábado e domingo, ocorre o chamado pit walk, que é a visitação do público que ocupa os camarotes à área onde são realizados os pit stops. A movimentação na Ferrari sempre supera à aglomeração nas rivais.

Vale destacar, no entanto, que a Red Bull vem ganhando fãs. Seus boxes atraem pessoas, inicialmente, pela “descontração”. Apenas nele há música: hits da house music, como se fosse uma “balada”. Porém, o sucesso do time de de Vettel também está conquistando os brasileiros, que se espremeram diante dos boxes para ver o piloto em uma de suas aparições por lá.



Vista a partir do interior do box da Red Bull: fãs em expansão



UM DIA COM A CAMPEÃ DO MUNDO

A reportagem foi convidada pela Infiniti para assistir a corrida junto com a equipe Red Bull, vencedora dos quatro últimos campeonatos. A programação incluía encontros informais com Vettel e Webber, além de entrevista com o diretor do time, Christian Horner.

Questionado sobre qual será a principal rival da Red Bull em 2014, Horner não enrolou, como outros dirigentes vêm fazendo. Em vez de falar que é difícil saber, pois as regras vão mudar muito, ele foi logo dizendo: “Mercedes, por terem o melhor motor e pela qualidade de seus pilotos.” Se o dirigente estiver certo, Ferrari, McLaren e Lotus que se cuidem.


Já Webber, no domingo, estava preocupado com a chuva. “Prefiro a corrida no piso seco. Acho que todos preferimos. É mais seguro.”

O momento mais interessante do programa, no entanto, foi o acesso aos boxes, uma área extremamente restrita. Evidentemente, fomos acompanhados por funcionários da Infiniti, mas pudemos ver parte da corrida lá dentro, inclusive os primeiros pit stops de Vettel e Webber.

É tudo muito rápido. Em um momento os mecânicos estão sentados em suas cadeiras, dentro dos boxes. Então, surge um aviso em uma das dezenas de telas (a maioria com informações sobre as condições de pista e telemetria) e eles correm para a área do pit stop, que leva em média 2,5 segundos.


No primeiro pit stop, de Webber, um dos mecânicos cometeu um pequeno erro, que foi mostrado mais tarde na transmissão de TV. Dentro do boxe, no entanto, tudo pareceu extremamente rápido, a ponto de não perceber que houve uma falha no trabalho.

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