Você está lendo...
Primeira volta: novo C3 é Citroën por fora com motor e proposta de Fiat Uno
Lançamentos

Primeira volta: novo C3 é Citroën por fora com motor e proposta de Fiat Uno

Nova Citroën C3 assume papel de carro de entrada e mostra simplicidade até nas versões mais caras; tamanho, preço e conectividade são trunfos

Diogo de Oliveira

01 de set, 2022 · 11 minutos de leitura.

Publicidade

Black Friday
Citroën C3 Turbo pode ser o compacto turbinado mais barato do País
Crédito:Citroën/Divulgação

Após o lançamento com preços surpreendentes, é natural que o novo Citroën C3 comece a chamar a atenção dos consumidores brasileiros que buscam um carro de entrada. Esse segmento continua a concentrar volume de emplacamentos, por causa dos preços mais acessíveis. Pois o novo C3 se insere no coração dessa disputa, com tabela a partir de R$ 68.990. Ao mesmo tempo, ele assume um outro papel diferente do que tinha como produto.

Nesta geração, o C3 vem mais simples. É um Fiat Uno da Citroën. O desenho com traços de SUV inclusive lhe deixa alto e cúbico, como o velho popular da marca italiana – que saiu de linha em 2021. Como não tem mais Uno no mercado, a Stellantis trata de dar ao novo C3 a capacidade de assumir esse papel.

Publicidade


Para isso, instalou no hatch compacto o conjunto mecânico mais básico da Fiat. É o mesmo 1.0 Firefly de três cilindros e 6 válvulas disponível no Fiat Argo e no Peugeot 208, junto com o câmbio manual de cinco marchas. Ele rende 71 cv com gasolina e 75 cv com etanol. Os torques são de 10 mkgf e 10,7 mkgf, na mesma ordem.

Da mesma forma, apesar do preço já próximo dos R$ 100 mil, o novo C3 tem o motor 1.6 EC5 flex de quatro cilindros da PSA. São 113 cv e 120 cv de potência, o torque de 15,4 mkgf e de 15,7 mkgf com o etanol. Ele pode vir com câmbio manual e tem opção automática de seis marchas. Com isso, passa a ser um dos carros automáticos mais baratos do País.



Citroën/Divulgação

Novo C3 é carro de entrada por dentro

Mas, independente do conjunto de motor e transmissão, o novo Citroën C3 é um carro moderno por fora e simples por dentro. Por exemplo, os materiais de acabamento são claramente mais modestos, com texturas ásperas. A bordo, notam-se simplicidades como janelas traseiras acionadas por manivelas nas versões de entrada. Ou botões de acionamento elétrico dos vidros traseiros entre os bancos, quando o item está presente.

Novo Citroën C3
Citroën/Divulgação

Outro item ausente no C3 mais barato são os espelhos elétricos. O hatch traz aquelas hastes de ajuste manual. O forro das portas é bastante básico e um tanto estreito. O mesmo pode-se dizer dos comandos do ar-condicionado, bem simplórios, padrão “anos 2000”. Por fim, os bancos da cabine não impressionam e, na versão 1.0, têm os apoios de cabeça integrados.


O quadro de instrumentos é mais básico possível. Um pequeno visor monocromático mostra velocímetro digital, marcador do nível combustível, hodômetro, consumo médio e alguns outros dados. Mas não há conta-giros e o visual é realmente simplório.

Citroën/Divulgação

Espaço interno é trunfo

Contudo, o novo Citroën C3 tem seus trunfos. O maior deles é o espaço interno da cabine e do porta-malas, um dos maiores, com 315 litros. No banco traseiro, há bom espaço vertical e de pernas para três adultos. Nas versões mais caras, tem duas entradas USB atrás, algo cada vez mais essencial.


Citroën/Divulgação

Ou seja, nesse ponto, o novo C3 entrega mais que alguns rivais diretos, como HB20. São 2,54 metros de entre-eixos (1 cm maior), mas é muito mais alto que o Hyundai, com 1,60 metro contra 1,47 m do rival da marca sul-coreana. O Citroën também é 1 cm mais largo, com 1,73 metro. Some-se a isso a disposição e o desenho mais vertical, e o novo C3 chega como um dos maiores hatches da categoria.

Citroën/Divulgação

Aposta na conectividade

Tão importante quando o espaço interno é a conectividade. Por isso, o hatch feito em Porto Real (RJ) traz a maior tela multimídia da categoria, com 10 polegadas. Ela é do tipo flutuante e fica em destaque no topo central do painel. Moderna e com processamento rápido, tem imagens de alta qualidade e já oferece espelhamento sem fio com celulares Android e Apple. Só deve outras modernidades, como o carregador de celular por indução (sem fio). Por ora, a nova multimídia dos modelos da PSA também não tem chip de internet.

Citroën/Divulgação

Lista de conteúdos é boa, mas deve airbags

A lista de equipamentos, por sinal, é interessante, embora básica. O ponto fraco é a oferta de apenas dois airbags frontais, que são obrigatórios por lei. Em compensação, tem de série em todas as versões os controles eletrônicos de estabilidade e de tração, bem como o assistente de arranque em subidas. A versão de entrada também traz monitor de pressão dos pneus, além de direção elétrica, ar-condicionado, vidros dianteiros e travas elétricos, mas o protetor de cárter é opcional, assim como os airbumps, que são os borrachões que ficam na base das portas.


A multimídia aparece a partir da versão Live Pack, a segunda da lista, com preço de R$ 74.990. Porém, a principal aposta de vendas é a configuração Feel (R$ 78.990 com motor 1.0 flex). Esta terá o maior volume de produção e vem com itens legais, como vidros traseiros elétricos, alarme, duas entradas USB extras para o banco de trás, rodas de liga leve de 15 polegadas, moldura azul prateada no painel, chave com telecomando e as luzes diurnas de LEDs nos faróis. E há itens exclusivos das versões 1.6 flex, caso da câmera de ré e do volante com couro.

Novo Citroën C3
Citroën/Divulgação

Ao volante

Por enquanto, testamos apenas a versão Feel Pack automática com motor 1.6 flex. Em movimento, o hatch tem ótima maciez e equilíbrio, auxiliado principalmente pela elevada altura de 180 mm em relação ao solo – é bem mais alto que HB20 e Chevrolet Onix, por exemplo. Os ângulos de entrada de 23º (frente) e 39º (traseira) também facilitam ao cruzar valetas e lombadas, ou mesmo ao encarar terra e asfalto castigado.


Em relação ao consumo, os números com motor 1.6 flex e câmbio automático são razoáveis. Bom mesmo, só com gasolina. As médias são de 10,3 km/l na cidade e de 12,4 km/l na estrada. Já com etanol, o rendimento cai para 10,4 km/l e 8,5 km/l, na mesma ordem. Ou seja, o novo C3 é econômico mesmo com motor 1.0 flex. Aí faz 12,9 km/l na cidade e 14,1 km/l na estrada, isso com gasolina. Com etanol no tanque, são 10 km/l e 9,3 km/l, respectivamente.

No desempenho, entrega boa força de aceleração, mas o isolamento acústico não é lá essas coisas e deixa o motor 1.6 invadir a cabine com tudo. Mas as respostas agradam e dão agilidade ao hatch da Citroën, que teve parte do seu desenvolvimento no Brasil. Ou seja, já nasce calibrado para as ruas daqui, o que certamente mais agradar a clientela. Resta saber se os antigos donos de C3 vão gostar dessa simplificação feita no compacto.


O Jornal do Carro está no Youtube

Inscreva-se

Prós

  • Novo C3 tem preços acessíveis, motor 1.0 de três cilindros, amplo espaço interno, com 315 litros de porta-malas, e a maior tela multimídia do segmento com 10"

Contras

  • Simplicidade do projeto pode desapontar antigos donos de C3 e demais clientes Citroën, com acabamento modesto e lista de série enxuta, com apenas dois airbags

Ficha Técnica

Citroën C3 Feel Pack 1.6 flex automático

Motor

1.6, 16V, quatro cilindros, flex

Potência

113 cv (G) e 120 cv (E) a 6.000 rpm

Torque

15,4 mkgf (G) a 4.250 rpm e 15,7 mkgf (E) a 4.500 rpm

Câmbio

Automático de seis marchas; tração dianteira

Comprimento

3,98 m

Largura

1,73 m

Altura

1,60 m

Entre-eixos

2,54 m

Altura mínima do solo

180 mm

Ângulos

23º (ataque) e 39º (saída)

Porta-malas

315 litros

Tanque de combustível

47 litros

Consumo urbano

10,3 km/l (G) e 7,2 km/l (E)

Consumo rodoviário

12,4 km/l (G) e 8,5 km/l (E)

Aceleração 0-100 km/h

11 s (G) e 10,4 s (E)

Velocidade máxima

180 km/h

Preço sugerido

R$ 93.990

Deixe sua opinião
Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.