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Teste: Novo Honda City não é Civic, mas é econômico e cheio de modernidades
Avaliação

Teste: Novo Honda City não é Civic, mas é econômico e cheio de modernidades

Nova geração do Honda City cresceu, está mais sofisticada e conta até com sistemas semiautônomos de segurança; sedã surpreende no consumo

Diogo de Oliveira

07 de jan, 2022 · 14 minutos de leitura.

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Honda City Touring
Novo Honda City sedã aposta em novas tecnologias na missão de substituir o tradicional Civic
Crédito:Diogo de Oliveira/Estadão

Os clientes e fãs mais românticos da Honda certamente ficaram tristes com o fim da produção nacional do Civic. O modelo é um ícone da marca que foi feito em solo brasileiro por 24 anos. Mas o jogo mudou, e mudou rápido. À exceção do Toyota Corolla, os sedãs médios estão em queda livre e foram engolidos nas vendas pelos SUVs médios, como o Jeep Compass. Para essa disputa, a Honda terá – em breve – a nova geração do HR-V. E para os lugares do Civic e do Fit, também aposentado, temos o New City.

Sem sua tradicional dupla nos showrooms (o novo Civic só chega no fim do ano e importado), cabe ao compacto ser o novo protagonista da marca. Mas, no que depender das novidades, o modelo está pronto. Para começar, o City renasce moderno. Em sua 5ª geração, o compacto traz recursos atuais e de ponta. Estamos falando, por exemplo, de sistemas semiautônomos, como controle de cruzeiro adaptativo, que acelera e freia o carro sozinho, e assistente de permanência em faixa, que ajusta a trajetória.

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Estes dois dos recursos avançados estão no novo City. O sedã também freia sozinho se notar risco iminente de colisão, bem como alterna de forma automática os faróis alto e baixo na estrada, recurso muito útil em viagens noturnas por estradas mal iluminadas. Estes sistemas fazem parte do pacote Sensing, que, até então, era exclusividade dos importados da marca. Ou seja, o City é o primeiro carro nacional com tais funções.

Honda City Touring
Diogo de Oliveira/Estadão

Conteúdos modernos

Em nossos testes, pude sentir nas mãos as vantagens de ter os sistemas. A assistência no volante é suave e tem ótima precisão, com auxílio até na hora de fazer curvas mais fechadas. A tecnologia aplica leves correções no volante para manter o carro na melhor tangente – ou mesmo centralizado. Assim, amplia o conforto e a sensação de segurança. Nem todos os rivais dispõem desse recurso, o que, sem dúvida, é um trunfo do sedã.


Importante dizer que os sistemas semiautônomos estão apenas na versão topo de linha Touring – testada pelo Jornal do Carro. A opção mais cara tem preço sugerido de R$ 123.100. Entretanto, em São Paulo, com o ICMS maior, a tabela é de R$ 127.700. Por esse valor, o novo City custa quase o mesmo que o Civic Sport, de aproximadamente R$ 126 mil. Porém, traz conteúdo bem mais farto e atual – e não só na segurança.

Honda City Touring
Diogo de Oliveira/Estadão

A tela multimídia, por exemplo, é nova na Honda. Ela tem 8 polegadas e é mais veloz no processamento que as anteriores. O equipamento tem Bluetooth e conexão sem fio com as plataformas Android Auto e Apple CarPlay, o que facilita o pareamento com smartphones. A Honda só ficou devendo internet a bordo, algo que Chevrolet Onix Plus e Hyundai HB20S, dois de seus rivais diretos, já oferecem. Mas tem outros itens, como os faróis e lanternas Full LEDs, que dão um toque sofisticado ao desenho do sedã.


Como é a vida a bordo

O dia a dia com o novo Honda City Touring vai agradar quem gosta de modernidades. Além dos recursos semiautônomos e da multimídia maior e mais rápida, o sedã conta (na versão) com itens interessantes, como a chave presencial que trava e destrava as portas de forma automática. Assim, basta se aproximar ou se afastar do carro de posse da chave. Outro item bacana é a câmera lateral do sistema Lane Watch. Sua imagem aparece na tela central toda vez que a luz de seta do lado direito é acionada, atuando como um assistente de ponto cego.

Diogo de Oliveira/Estadão

Embora use plásticos rígidos, o acabamento recebeu atenção maior nesta geração do City. A Honda caprichou nos detalhes da cabine, com parte do painel e das portas cobertos com couro. A marca também aplicou molduras black piano e redesenhou os comandos do ar-condicionado, que passa a ter botões físicos e não mais um visor sensível ao toque. Assim, ficou mais fácil e intuitivo ajustar temperatura e demais funções do sistema.


Um detalhe legal são os muitos compartimentos na cabine. Há um nicho para garrafas e squeezes nos bolsões das portas dianteiras, bem como porta-copos centrais à frente da alavanca do câmbio. Também no console central há uma bandeja para acomodar celulares, além de duas entradas USB, uma delas exclusiva para carregamento e outra que permite conectar o smartphone via cabo com a central multimídia.

Diogo de Oliveira/Estadão

Além de mais requintado, o novo City também está maior por fora e por dentro. O sedã cresceu, sobretudo no comprimento, agora com 4,55 metros, e na distância entre-eixos, que tem 2,60 metros. Por dentro, sobra espaço para pernas e cabeças na frente e atrás, onde três adultos viajam com conforto. O porta-malas é outro ponto alto do sedã, com 519 litros, superando até o compartimento de SUVs médios.


Diogo de Oliveira/Estadão

Motor não empolga…

Dada a partida no motor, surgem mais novidades no compacto. O novo City tem uma segunda tela, de 7 polegadas, dentro do quadro de instrumentos. O visor fica mais à esquerda e pode ser personalizado para exibir diferentes informações. Há desenhos que indicam desde o afivelamento dos cintos (nos cinco lugares) até gráficos que mostram detalhes dos sistemas semiautônomos, como, por exemplo, a distância que o motorista quer que o sedã mantenha em relação ao carro da frente com o ACC ligado.

O volante também é novo e é o mesmo usado pelo Accord híbrido. Há muitos botões, mas, com o uso, o motorista se acostuma. É possível operar desde a multimídia e aos sistemas semiautônomos. A tela mostra o relógio do conta-giros em formato tão clássico, que se parece com o mostrador analógico do velocímetro, que fica à direita. No mais, a posição de guiar é agradável e conta com ajustes de altura e profundidade do volante. Só faltou ter banco elétrico do motorista com ajuste lombar.


Diogo de Oliveira/Estadão

Em movimento, finalmente aceleramos o novo 1.5 16V flex da marca japonesa por ruas e estradas. Segundo a Honda, este motor é totalmente novo, embora mantenha a cilindrada de antes. A principal diferença é o sistema de injeção direta de combustível, com e duplo comando variável de válvulas no cabeçote e o sistema VTC, que controla as válvulas de admissão. Ele gera 126 cv de potência com ambos os combustíveis a 6.200 rpm, e um torque de 15,8 mkgf com etanol a 4.200 giros.

… mas bebe pouco

O novo motor é conectado ao câmbio automático do tipo CVT que simula 7 marchas, que também recebeu ajustes e tem paddle-shifts para trocas manuais. Na alavanca, há a posição “S”, que faz o motor subir os giros para entregar respostas mais prontas. Entretanto, o conjunto não chega a empolgar. A transmissão dá bom ritmo com as marchas virtuais, mas, quando se afunda o pedal do acelerador, o câmbio CVT faz o motor girar alto sem entregar potência e torque na mesma medida.


Diogo de Oliveira/Estadão

Esse é o ponto de maior diferença entre o novo City e o Civic. O sedã médio contava com um motor 2.0 de até 155 cv e 19,5 mkgf de torque, e tinha melhores acelerações. Por outro lado, o novo City chega como um dos sedãs mais econômicos da categoria. Segundo o Programa de Etiquetagem do Inmetro, as médias de consumo com etanol são de 9,2 km/l (cidade) e 10,5 km/l (estrada). Já com gasolina no tanque, o modelo faz suas melhores médias: 13,1 km/l (cidade) e 15,2 km/l (estrada).

Durante os testes no Jornal do Carro, usamos apenas etanol e o novo Honda City entregou números bem próximos dos oficiais. O sedã fez entre 9,5 km/l e 9,8 km/l de média com etanol em percursos mistos. Um dos fatores que ajuda o compacto a beber menos é a nova plataforma, mais leve e rígida que a anterior. Com 1.170 kg (em ordem de marcha), o Honda City Touring tem um rodar leve e macio. Além disso, as colunas da frente têm preenchimento de espuma injetada pela primeira vez, o que deixou o City mais silencioso a bordo.


Diogo de Oliveira/Estadão

Vale a compra?

Em relação ao Civic, a comparação nunca será justa. Afinal, são modelos de classes diferentes. O sedã médio tem, por exemplo, freio eletrônico de estacionamento, enquanto o City traz a alavanca entre os bancos. Outro diferencial é a suspensão traseira com braços múltiplos (Multilink), que entrega maior acerto dinâmico, sobretudo em curvas – em que pese também as bitolas maiores. Não é por acaso que o Civic aponta melhor nas manobras e se mantém mais estável em retas…

Diogo de Oliveira/Estadão

Por outro lado, ao volante do novo City, tem-se a sensação de se estar em um carro mais moderno e seguro, com as últimas tecnologias. A relação custo/benefício é melhor também no consumo de combustível. É um dos sedãs compactos que menos bebe, conforme a tabela do Inmetro. O lado negativo disso é que o modelo fica devendo um conjunto mecânico mais empolgante. Quem sabe esse reforço virá em 2023, acompanhado de um motor elétrico na versão híbrida e:HEV.



*Confira nosso vídeo com o novo Accord e:HEV, primeiro híbrido da Honda.


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Prós

  • Desenho moderno e elegante com faróis Full LEDs
  • Tem sistemas semiautônomos de segurança na versão Touring
  • Espaço interno é generoso e porta-malas tem 519 litros

Contras

  • Multimídia fica devendo internet e serviços conectados
  • Motor 1.5 tem desempenho modesto e foca no consumo
  • Com os novos recursos, preço também subiu de patamar

Ficha Técnica

Honda New City Touring

Motor

1.5 16V, duplo comando variável, injeção direta, flex

Potência

126 cv a 6.200 rpm (E/G)

Torque

15,8 mkgf (E) e 15,5 mkgf (G) a 4.200 rpm

Câmbio

Automático CVT com 7 marchas e paddle-shifts

Tração

Dianteira

Comprimento

4,55 metros

Largura

1,75 metro

Altura

1,48 metro

Distância entre-eixos

2,60 metros

Porta-malas

519 litros

Tanque de combustível

44 litros

Peso (ordem de marcha)

1.170 kg

Consumo com gasolina

13,1 km/l (cidade) e 15,2 km/l (estrada)

Consumo com etanol

9,2 km/l (cidade) e 10,5 km/l (estrada)

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Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.