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VW anuncia demissão de 800 por telegrama
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VW anuncia demissão de 800 por telegrama

Medida visa realinhar o quadro efetivo para melhorar a competitividade da fábrica; funcionários farão greve

06 de jan, 2015 · 6 minutos de leitura.

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 VW anuncia demissão de 800 por telegrama
Medida, de acordo com texto da carta, é realinhar o quadro efetivo para melhorar a competitividade

A perda da liderança do Gol para o Fiat Palio em 2014 após 27 anos de domínio parece ter sido o golpe final para a Volkswagen tomar medidas contra a recente perda de mercado no Brasil, de 13,5%, fazendo a marca alemã ficar em terceiro lugar entre as fabricantes de carros com mais vendas no País, atrás da Fiat e da General Motors – mesmo com todos os casos de recall da empresa americana.

Esse número, maior que o da queda da indústria automotiva, que foi de 7,1% no ano passado perante 2013, gerou um telegrama, enviado a cerca de 800 trabalhadores da fábrica Anchieta da Volkswagen, que deverão ter seus contratos cancelados logo após o fim das férias coletivas.

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Durante assembleia na manhã desta terça-feira (6), cerca de 7 mil funcionários da Volkswagen em conjunto com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC aprovaram greve em protesto contra as demissões. Haverá ainda hoje uma nova assembleia com os funcionários do turno da tarde para aprovação da decisão de greve, que envolve os 13 mil funcionários da Volkswagen.

O sindicato afirma que havia um acordo de estabilidade até 2016. A fabricante, no entanto, não confirma as demissões e alega apenas “ser urgente a necessidade de adequação do efetivo para melhorar a competitividade da fábrica de Anchieta”. A empresa também diz que tinha feito um acordo com o Sindicato em um momento em que o mercado crescia e que agora ele precisa ser revisto.


Estratégia. A aposta do Volkswagen de trocar o Gol G4 pelo Up! como modelo de entrada também não surtiu o efeito desejado e é apontada por fontes como um dos motivos que levou a alemã ao terceiro lugar. A intenção da marca era vender 12 mil unidades por mês do moderno e seguro Up!, mas no fim de 2014 a média de vendas mensais não superou a metade disso.

O relançamento do Gol Special, versão “pé de boi” do famoso modelo da marca, entra justamente nessa tentativa de alavancar as vendas novamente na base do mercado, a que mais vende no País. Por R$ 27.990, o comprador leva apenas air bags e freios ABS, obrigatórios por lei. Outros equipamentos importantes como ar-condicionado, vidros e travas elétricas, direção hidráulica e rodas de liga leve, por exemplo, serão vendidos apenas em pacotes de opcionais. Mas como o modelo foi lançado em outubro, não houve tempo para a reação desejada.

Além do Special, as análises anteriores do mercado resultaram em uma mudança de planos estratégicos da marca. O novo Gol, que chega ao mercado no início de 2016, não será baseado na plataforma do Up! como se esperava antes, mas sim em uma versão reestilizada do Gol G5 atual, que, diga-se, já recebeu uma renovação. A nova geração mesmo, com a plataforma MQB, a mesma do Golf, só chega ao mercado no fim de 2017.


Mas nem tudo são números ruins para marca alemã. No cenário mundial, de acordo com dados da consultoria focus2move, a Volkswagen superou a Toyota e é a nova líder mundial em vendas de veículos, com 9,9 milhões de carros entregues no mundo, contra 9,8 milhões vendidos pela japonesa, líder mundial desde 2009.

Os dados da consultoria são estimados e devem ser fechados em breve, contabilizando as vendas de dezembro. Mas a liderança deve se confirmar e será a primeira vez, desde o final da Segunda Guerra Mundial, que uma companhia da Europa assume a liderança no ranking, capitaneado, antes da Toyota, pela alternância entre as gigantes americanas Ford e General Motors.


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