Um dos mais famosos slogans da história das montadoras no Brasil foi “Você conhece, você confia”, da Volkswagen. Nos tempos atuais, esse lema poderia ser muito bem aplicado à Toyota. Dificilmente, quem conhece (o cliente da marca) deixa de confiar na empresa. Porém, um problema com air bag pode estar “queimando o filme” da marca diante de seus consumidores.
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Para contextualizar, há um recall mundial sendo efetuado há anos, envolvendo diversas marcas – especialmente as japonesas. É preciso substituir air bags defeituosos fabricados pela Takata. Quando acionadas, essas bolsas podem emitir fragmentos metálicos, causando ferimentos aos usuários dos veículos.
Aqui no Brasil, esse recall envolve algumas marcas. A Nissan, por exemplo, anunciou recentemente ação para quase 200 mil carros. Na convocação para troca dos air bags da Takata, estão envolvidos exemplares de Livina e Frontier, entre outros.
A Toyota também está realizando no Brasil recall para substituição de peça dos air bags da Takata – ou de todo o conjunto, no caso da Hilux. E isso tem sido motivo de queixa constante dos clientes da marca. A queixa não é em relação à ação, e sim ao procedimento adotado pela Toyota.
QUAIS SÃO AS QUEIXAS?
Nas últimas três semanas, recebemos três queixas semelhantes em relação à Toyota. São clientes relatando que a marca, em vez de substituir o air bag defeituoso, está desabilitando o sistema. Apenas depois de um tempo, que pode variar, a troca do air bag é feita.
Os proprietários se mostram temerosos sobre as consequências de sofrerem um acidente sem que o air bag esteja funcionando. Querem saber se isso representaria um risco às suas vidas.
A Toyota respondeu as queixas enviadas pelos consumidores à seção “Defenda-se”. De acordo com a montadora, o air bag é apenas um sistema complementar de segurança. O principal mecanismo de proteção, em caso de acidente, é o cinto de segurança.
O advogado especialista em defesa do consumidor Josué Rios, que também é consultor do Jornal do Carro, não concorda com a prática da Toyota. Também na seção “Defenda-se”, o especialista disse que, se um veículo tem air bags, o sistema tem de estar apto ao uso.
Por isso, se não há peça de reposição (o que também infringe o Código de Defesa do Consumidor), a montadora deve oferecer ao cliente um carro reserva com air bags em condições de uso.
POR QUE ISSO PODE ‘QUEIMAR O FILME’ DA MARCA
Se fosse outra a montadora envolvida nesse caso, talvez o fato não chamasse tanto a atenção. Mas essa fabricante é a Toyota, uma marca quase à prova de críticas. Pelo menos, de críticas de quem tem, ou já teve.
Nos últimos anos, entre as milhares de queixas enviadas à seção “Defenda-se”, a presença da Toyota foi rara. Até a história do recall de air bags, as reclamações envolvendo a montadora não haviam chegado a cinco.
Entre os proprietários de carros da Toyota, a aprovação é quase geral. Quem se torna cliente da marca dificilmente a abandona. Isso porque os carros têm fama de não quebrar.
Além disso, segundo os próprios donos desses modelos, se há problemas, a solução é imediata. Nada de falta de peças ou alegações, feitas pela fabricante, de mau uso, problemas constantes sofridos pelo consumidor de carros no Brasil.
Talvez seja por isso que as queixas sobre o procedimento no recall estejam ficando mais constantes. O cliente da Toyota está acostumado a ter seu problema resolvido, não postergado.
Mas isso pode queimar o filme da marca? Se o problema for logo resolvido, como alega a montadora (leia mais abaixo), provavelmente não.
Além disso, a falta de peças (que é o que está ocorrendo nesse caso) não pode se tornar uma constante nas concessionárias da marca. Afinal, a fama de excelente pós-venda é o maior “patrimônio” da Toyota no Brasil. E, neste ano, a marca já perdeu a primeira posição no ranking que avalia o pós-venda das montadoras.
O QUE ALEGA A TOYOTA
Além dos pontos citados acima, a Toyota precisa treinar suas concessionárias para explicar que esta ação tem o objetivo de reduzir o risco ao consumidor, não aumentá-lo.
A marca explica que, de fato, não tinha peças no dia 4 de abril, quando anunciou o recall do air bag do passageiro para Corolla e Etios. Nos dois casos, a troca é apenas do deflagrador, responsável pela ocorrência do problema, não de toda a peça.
As substituições no Corolla começaram em 26 de junho e no Etios, em 7 de agosto. De acordo com a montadora, as peças agora já estão sendo trocadas e o problema está caminhando para uma solução. Porém, ainda pode haver alguma espera entre o agendamento do serviço e a troca efetiva – em São Paulo, ela pode chegar a 30 dias.
De acordo com a Toyota, desativar o air bag no período de espera não foi a solução ideal, mas a única que a marca podia oferecer. Isso porque, uma vez identificado um problema, a montadora tem de apresentar uma solução.
Desativar os air bags com peça defeituosa foi a solução apresentada às autoridades de Brasília, e aprovada por elas, informa a montadora. A empresa reforça que o recall está sendo feito em duas fases: primeiro a desativação e, depois, a troca.
De fato, há montadoras que esperam o total abastecimento de peças para anunciar a ação de recall. A Toyota considerou que este não era o caso, pois uma peça defeituosa de seus carros estava colocando em risco a integridade dos ocupantes do veículo.
Para esclarecer essa ação a seus clientes, a Toyota preparou os vídeos – um deles você pode ver acima.
A Toyota informa também que 1,4 milhão de modelos (Hilux, Toyota e Etios) estão envolvidos nesse recall. Do total, 800 mil têm problema no air bag do motorista e 600 mil, no do passageiro.
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Mobi com motor de 4 cilindros
A Fiat lançou o Mobi com o defasado motor 1.0 de 4 cilindros, gastão para um propulsor desse tipo. Meses depois, veio o Mobi Drive, com o de três cilindros, mais moderno e econômico. Porém, a versão antiga foi mantida nas concessionárias. Esse motor não condiz com um carro que se propõe entregar modernidade. Ao menos, ele é mais barato: parte de R$ 34.210, ante os R$ 41.260 do Mobi Drive.
Kwid Life
A versão de entrada do Kwid, aquela de R$ 30 mil, é muito mais para fazer propaganda do preço do que para comprar de verdade. Ela não tem nada além do obrigatório. Para quem quer o mínimo de conforto (com ar-condicionado e direção assistida, pelo menos), vale investir na opção intermediária, de cerca de R$ 35 mil. A diferença, para quem vai financiar, não é tão grande na parcela.
Volkswagen SpaceCross
Imagine pagar mais de R$ 85 mil em um SpaceFox manual com suspensão elevada? E esse é o preço de entrada. Com opcionais, são cerca de R$ 100 mil. Se quiser uma perua, compre uma SpaceFox normal. Ela tem o mesmo motor (1.6 de 120 cv) e dirigibilidade melhor. Seu preço começa em R$ 68.019.
Chevrolet Onix Activ
Entre as versões "aventureiras" dos hatches, esta talvez seja a mais dispensável. Ela parte de R$ 59.950 e traz só "firulas" visuais. Diferentemente dos rivais, não tem suspensão elevada.
Renegade flexível
O Renegade, mesmo oferecendo limitações no espaço interno e porta-malas, poderia ser o melhor carro da categoria de SUVs compactos. Ele tem suspensão independente, dirigibilidade exemplar e muita tecnologia. Porém, o motor 1.8 é fraco para o peso do carro, deixando as acelerações lentas demais, algo bastante decepcionante. Além disso, esse propulsor é gastão. O Renegade que realmente vale a pena é o a diesel.
Honda HR-V Touring
No Civic, a versão Touring custa bem mais que a intermediária, mas tem um motor melhor (1.5 turbo de 173 cv) e mais tecnologia. Bem mais. No HR-V, a opção Touring, de topo, acrescenta, ante a EXL, faróis com DRL, lanternas de LEDs e sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento traseiro. Custa R$ 107.900. Seu motor é o mesmo 1.8 das demais. A dica é ficar com a EXL. Ela custa R$ 5 mil a menos e traz quase tudo o que é essencial.
Toyota Corolla Altis
Aqui, vale a mesma lógica do HR-V Touring. A versão Altis tem o mesmo motor das demais, e custa R$ 116.990. A XEi já é bastante completa, e sai a R$ 103.990. Não é à toa que, há anos, é a versão mais vendida do Corolla.
Volkswagen Up! Imotion
O Up! é o melhor carro de entrada do Brasil. Tem excelente dirigibilidade e é muito econômico. Porém, o câmbio automatizado de uma embreagem, confuso e áspero, tira muito do brilho do carro. Evite as versões com essa transmissão.
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