Primeira Classe

Ferrari e Mercedes: os vilões e os mocinhos

O que você acha das polêmicas decisões que envolveram Ferrari e Mercedes no GP da Alemanha?

Rafaela Borges

24 de jul, 2018 · 13 minutos de leitura.

Ferrari e Mercedes Pódio GP da Alemanha" >
Pódio do GP da Alemanha
Crédito: Foto: Wolfgang Rattay/Reuters

Para quem ainda curte Fórmula 1, Ferrari e Mercedes estão promovendo excelentes momentos na temporada de 2018. Corrida a corrida, a liderança se alterna entre as duas equipes.

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E também entre seus pilotos Sebastian Vettel e Lewis Hamilton. No GP da Alemanha, a impressão era de que o piloto da casa ampliaria a liderança. Porém, deu tudo errado para ele, e o inglês acabou levando a vitória e a retomada do número 1 no campeonato.

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Mas do que essa inversão, no entanto, houve um assunto que chamou muito mais a atenção em Hockenheim. Trata-se da ordem de equipe, mal vista por muitos fãs de Fórmula 1, particularmente os brasileiros.


Afinal, em 2002, na Áustria, tivemos a Ferrari, desnecessariamente, impedindo a vitória de Rubens Barrichello, que teve de ceder o primeiro lugar a Schumacher na última volta.

Em 2010, a mesma equipe, de maneira velada (já que as ordens descaradas de equipe passaram a ser proibidas), faz pedido semelhante a Felipe Massa. A história ocorreu também no GP da Alemanha, com o brasileiro dando passagem a Alonso.

Em 2010, creio que a ordem tenha sido não tão desnecessária assim. Afinal, Alonso estava no páreo pelo título, que acabou perdendo para Sebastian Vettel.


Porém, o fato é que elas são proibidas. Ainda assim, as equipes continuaram dando as ordens, de forma velada, e jamais foram punidas pela FIA. Teoricamente, estão respeitando o regulamento.

O que nos leva à Ferrari e Mercedes. As equipes deveriam ou não terem dado ordens a Bottas e Raikonnen para facilitar as vidas de Hamilton e Vettel?

Ferrari e Mercedes foram vilãs? Ou foram mocinhas? Acho difícil falar que elas são os personagens do bem, já que estão praticando algo tão impopular entre os fãs da categoria.


Por outro lado, não estamos falando de equipe? E uma equipe que quer ganhar precisa dar um papel a cada um de seus “jogadores”.

Em um campeonato tão disputado, faria sentido Raikonnen e Bottas, que têm poucas chances de vencerem o Mundial de pilotos, ficarem livres para ganhar o GP da Alemanha?

Por outro lado, as chances são poucas sim, mas ainda existem para os finlandeses das equipes Ferrari e Mercedes.


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As ordens de Ferrari e Mercedes

Com as ideias acima em mente, tirem suas próprias conclusões sobre as ordens de Ferrari e Mercedes. A minha é a seguinte: naquela circunstância, elas eram sim necessárias (especialmente a da equipe italiana).


Por outro lado, houve dois acontecimentos que me fazem pensar em mocinhos e vilões dos episódios.

Em uma liberdade poética, os vilões foram Sebastian Vettel e a Mercedes. Os mocinhos, a Ferrari e Valteri Bottas.

A Ferrari precisava mesmo ter dado a ordem à Kimi não apenas porque Vettel está na frente no campeonato. Ela precisava porque seus dois pilotos estavam em estratégias diferentes.


Não foi o caso da Mercedes. A ordem a Bottas para não ultrapassar Hamilton foi, no caso, apenas visando o campeonato. E descaradamente, privilegiando um de seus pilotos.

Ferrari

Kimi tinha estratégia de dois pit stops. Vettel, de um. Ao voltar de sua parada, Sebastian ficou “preso” atrás de Raikonnen.

Ali, perdeu um tempo precioso. Com pneus mais novos, ele tinha mais velocidade que o companheiro de equipe.


Em minha opinião, o correto seria Kimi deixar o alemão passar após o primeiro rádio, que anunciava ao finlandês que o companheiro estava em estratégia diferente. Kimi ou não entendeu, ou se fez de desentendido.

Vettel continuou atrás do companheiro e, então, passou a pressionar sua equipe. Por fim, a Ferrari finalmente conseguiu “convencer” Kimi a dar passagem, mas não sem o finlandês dar uma provocada na equipe: “O que vocês querem que eu faça?”, disse Raikonnen, já sabendo que o time não poderia responder claramente, sob o risco de ser punido.

A Ferrari precisava ter dado a ordem pois, sem ela, colocaria uma vitória garantida em risco. Tanto é verdade que Vettel realmente tinha condições de andar bem mais rápido. Logo após a ultrapassagem, já abriu cinco segundos de vantagem para o companheiro.


Kimi não venceria aquela corrida. Ele teria de parar mais uma vez, e seria superado por Vettel e  Bottas. No fim, a Ferrari não ganhou, mas não por um erro seu, e sim de Sebastian.

Vettel

Porém, eu coloquei o alemão como “vilão” da história não por causa do erro, evidentemente. Erros acontecem. O lado negro de Vettel foi a pressão, via rádio, para a equipe dar a ordem a Raikonnen.

Da parte dele, que é um piloto, por que não ir para cima de Kimi e ultrapassar na pista, como um bom competidor? Por que não fazer isso em vez de ficar choramingando no rádio?


Não sei se existe uma ordem da Ferrari para que seus pilotos não se arrisquem. Porém, se a Ferrari demorou a dar a ordem, isso colocaria Vettel na posição de brigar pela vitória na pista. Algo que ele não fez.

Acho que um ponto importante a favor da Ferrari foi ter resistido em dar a ordem. Coisa que jamais aconteceria tempos atrás. Além disso, na Áustria, a equipe poderia ter pedido para Kimi e Sebastian inverterem posições, pois o alemão já estava na frente no campeonato.

Porém, a Ferrari não fez isso. Kimi terminou, merecidamente, na frente de Sebastian.


Mercedes

Ao final da corrida, os diretores da Mercedes declararam que, se Bottas estivesse na frente, e Hamilton em segundo, também pediriam para o inglês não ultrapassar o companheiro. Será que nós, fãs da Fórmula 1, vamos acreditar nisso?

Nunca saberemos a verdade, mas, para mim, a impressão é de que, se fosse o contrário, Hamilton teria liberdade para tentar a ultrapassagem. Mais que isso: talvez, a Mercedes até pedisse para Bottas dar passagem.

E com razão, como você entenderá a seguir. Bottas foi para cima de Hamilton, o líder, logo após a saída do safety car. Então, recuou. E, de repente, o inglês começou a abrir, algo que ninguém estava conseguindo entender, já que o finlandês tinha pneus mais novos.


Pouco depois, veio a explicação: um rádio da Mercedes enviava ordens para que Bottas mantivesse sua posição. Ou seja: não tentasse ultrapassar Hamilton.

Se não houvesse privilégio a nenhum piloto, porém, o normal seria a Mercedes, para garantir a vitória, deixar Bottas ultrapassar. Ou, para reduzir os riscos, até mesmo pedir para Hamilton dar passagem.

Com pneus mais novos que os de Hamilton, Bottas tinha condições de ser bem mais rápido que o companheiro. Porém, ao não poder passá-lo, teve de reduzir velocidade e passou a ser pressionado por Raikonnen.


Kimi, que também tinha pneus novos, era um risco para Bottas. E também para Hamilton, se conseguisse ultrapassar o finlandês.

Bottas

No fim, deu tudo certo para a alemã na briga entre Ferrari e Mercedes. Raikonnen até conseguiu acompanhar o ritmo de Bottas no final. Porém, a ultrapassagem não veio, e Hamilton conseguiu seguir seu caminho para a vitória tranquilamente.

Bottas foi o mocinho. Ele cumpriu sua obrigação e obedeceu as ordens de sua equipe, em detrimento da vitória. Para mim, era o piloto que merecia vencer o conturbado GP da Alemanha.


A Mercedes, embora negue, acabou fazendo uma opção em prol do campeonato. Acertada, se pensarmos a longo prazo. Mas não tão inevitável quanto a da Ferrari, que estava apenas garantindo que sua estratégia de corrida desse certo.

No duelo entre Ferrari e Mercedes, historicamente a alemã respeita muito mais a esportividade que a italiana. Porém, neste campeonato em geral e na Alemanha em particular, a situação está se invertendo.

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