A crítica não costuma o considerar um carro dos mais empolgantes. Além disso, há muitos consumidores e especialistas que o classificam como caro. Mas, no fim das contas, todo mundo que quer um SUV compacto acaba em lugar comum: Honda HR-V.
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Não é à toa que a chegada de diversos novos SUVs, neste ano, abalou vários carros já consagrados no segmento. Menos o HR-V. Ele continua firme e forte na liderança dos compactos.
Mas o que faz o HR-V, aquele SUV que não tem nada muito empolgante, ser tão especial? Mais que isso: tão desejado e até mesmo amado?
Para mim, o principal trunfo do HR-V é não deixar a desejar em nada, mesmo não sendo o melhor em nenhum aspecto. Não é o mais rápido, nem o mais espaçoso, nem o mais econômico, nem o mais tecnológico, muito menos o mais bem equipado.
No entanto, cumpre bem todos esses quesitos. Em resumo: enquanto todos os concorrentes têm ao menos uma falta grave, o Honda HR-V não tem nenhuma.
Por incrível que pareça, mesmo sendo, de certa forma, caro (de R$ 80.900 até R$ 107.900), o Honda HR-V se tornou uma opção racional. Abaixo, vou listar os pontos fracos de cada um dos carros importantes do segmento, para mostrar por que o HR-V seduz.
CRETA
O Hyundai lançado neste ano acaba sendo a principal alternativa ao HR-V pois, entre os compactos, é um dos mais espaçosos da categoria. E a montadora, no decorrer de 2017, foi lançando mais versões, deixando o carro mais interessante e ampliando seu alcance de mercado.
Os dois primeiros problemas do Creta são estéticos. O exterior não é atraente e a cabine lembra muito a do HB20. O HR-V é o mais bonito e bem acabado dos SUVs compactos? Não. Ele é superior ao Creta nesses quesitos? É.
O principal problema do Hyundai, no entanto, é o motor 2.0. Mesmo sendo mais potente que o 1.8 do HR-V, o SUV da sul-coreana anda menos. E gasta mais combustível.
KICKS
O Nissan, além de ser muito mais barato que o Honda (o Kicks custa entre R$ 71.990 e R$ 75.990), traz um belíssimo interior. Esteticamente, também atrai mais (até pelo fato de ser mais novo). O espaço também é equivalente ao do líder dos SUVs compactos.
Qual é o problema do Kicks? O desempenho. O conjunto formado pelo motor 1.6 e o câmbio CVT deixa o carro muito lento. Ele sofre demais para fazer ultrapassagens, por exemplo. Nesse quesito, o HR-V está anos-luz à frente do Nissan.
RENEGADE
Ele tem eficiente versão a diesel, visual de Jeep de verdade e é o único do segmento de compactos a trazer suspensão independente nas quatro rodas.
O principal problema do Renegade é algo fatal para o segmento. Ele não tem espaço interno nem porta-malas para atender às demandas do público alvo da categoria, as famílias.
Além disso, com o motor 1.8 flexível, o Renegade é “gastão” demais. Nesse quesito, só perde para o EcoSport 2.0.
VEJA TAMBÉM: OS VACILOS DO HONDA HR-V
Os vacilos do HR-V
Na quarta reportagem da série "Os Vacilos", mostramos que o HR-V, carro mais vendido da Honda, também tem seu lado negro. Veja a seguir quais são os pontos fracos do carro.
Preço alto demais
Há utilitários-esportivos que partem da casa dos R$ 70 mil, como o 2008, o Kicks manual e o EcoSport, por exemplo. Já o HR-V começa em R$ 80.900 com câmbio manual. A versão automática mais barata sai a R$ 87.900.
Ergonomia
A entrada USB fica mal posicionada. A haste para acionar o computador de bordo fica sobre o painel de instrumentos, atrás do volante. Essa solução, à moda antiga, dificulta o acesso à alavanca.
Central multimídia
Sensível ao toque, ela não é das melhores. Quando se aciona os comandos, as respostas do sistema não são imediatas.
Acabamento
É bem feito, mas muito simples e sóbrio, especialmente na versão de entrada, LX. Ela não traz, por exemplo, bancos de couro (nem mesmo na opção com câmbio automático)
Equipamentos
O carro não traz partida por botão. A versão LX, além da ausência de bancos de couro, não tem também central multimídia (apenas um sistema de som com tela). Trata-se de uma falha imperdoável de um carro que, automático, custa quase R$ 88 mil.
Nova versão Touring
Nas versões de topo, os preços são também exagerados. A EXL sai a R$ 102.900. Porém, pior mesmo é a nova versão Touring. Diferentemente do Civic, esta configuração não traz motor diferente das demais - é o mesmo 1.8 de até 140 cv, e não o 1.5 turbo (173 cv) do sedã. Assim, por R$ 107.900, ela traz apenas firulas, como sensor de estacionamento (é um absurdo o HR-V não oferecer essa tecnologia desde a opção de entrada) e DRL. Trata-se, definitivamente, de uma versão que não faz sentido.
Agora, confira mais uma da série
Os Vacilos do Jeep Compass (clique aqui para ler)
ECOSPORT
Após mudar de geração e ganhar motor 1.5, o EcoSport começou a se recuperar no ranking. Porém, o principal problema do antigo campeão de vendas da Ford é o mesmo do Renegade: falta espaço.
E, como já explicado acima, com o motor 2.0, ele é “dono” do maior consumo do segmento.
DUSTER/CAPTUR
Os dois carros mais espaçosos da categoria compartilham esse trunfo, e também alguns problemas. Eles têm dirigibilidade ruim, e mecânica que deixa a desejar. Nas versões automática (com motor 2.0) e CVT (com o 1.6), são muito lentos.
O Duster não tem visual atraente, nem interior. Porém, compensa essas falhas com um dos melhores preços da categoria.
O Captur é bonito e tem interior mais caprichado. No entanto, custa mais.
TRACKER
É um dos mais rápido da categoria, com seu moderno 1.4 turbo de até 153 cv. Além disso, está também na lista dos mais econômicos.
O principal problema do Tracker é o espaço interno e o porta-malas. Só são melhores que os do Renegade.
Além disso, durante a maior parte deste ano, o carro não tinha ESP. O item, que passará a ser obrigatório em novos projetos de carros do Brasil a partir do ano que vem, é muito importante no segmento de SUVs.
Agora, o Tracker ganhou uma versão mais cara, que traz a possibilidade de receber ESP – como opcional. As mais em conta continuam “órfãos” do item de segurança.
2008
Não tem câmbio automático nas versões com o motor 1.6 turbo de até 173 cv. Isso é fatal para os clientes da categoria.
E O COMPASS?
O Compass é o novo líder de todo o segmento de SUVs. Porém, com ele a história é outra, pois não é classificado como compacto, e sim como médio.
Enquanto o HR-V faz parte da categoria que é a porta de entrada dos SUVs, o Compass já é algo a mais, garantindo mais status. Seu preço inicial, de mais de R$ 105 mil, é próximo ao valor máximo do Honda.
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