Primeira Classe

Melhores carros são ignorados pelo brasileiro

Eles vendem bem menos que modelos infinitamente mais sem graça

Rafaela Borges

09 de ago, 2018 · 9 minutos de leitura.

Jeep Renegade melhores carros" >
Jeep Renegade
Crédito: Ele vai bem no atacado, mas não faz bonito nas concessionárias (Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão)

Ontem falamos aqui no blog sobre os carros sem graça que o brasileiro ama. Hoje, chegou a vez de fazer a lista oposta. Com raras exceções, os melhores carros do País são ignorados pelo consumidor. Ou, ao menos, vendem muito menos do que deveriam.

Muitos dos melhores carros eleitos pelo Jornal do Carro nos últimos anos estão nessa lista. Há ainda os tradicionais vencedores de nossos comparativos.

No grupo dos melhores carros que vendem pouco, o destaque são dois Volkswagen, Golf e Golf Variant. O Up! até que vende bem, mas alcança volumes bem menores que os de outros subcompactos.

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Entre os sedãs médios, o Cruze é um grande injustiçado. O Jetta, porém, é ainda mais. O Civic é outro que merecia, ao menos, vender mais que o Corolla.

Entre os SUVs compactos, dá para apontar pelo menos dois injustiçados. Um deles é o Tracker. Há ainda o Renegade a diesel.

Mas o Renegade não é o segundo SUV compacto mais vendido no acumulado do ano? É sim. Você entenderá melhor abaixo porque o Jeep está nessa lista.


 

VEJA TAMBÉM: OS CARROS MAIS INJUSTIÇADOS DO BRASIL

 


Melhores carros pequenos

O público brasileiro parece não ter entendido a proposta do produto quando o assunto é o Volkswagen Up!

O subcompacto certamente está na lista dos melhores carros do Brasil. Ele é econômico (tanto com o motor 1.0 aspirado quanto com o turbo), anda bem, é gostoso de dirigir e tem muito mais espaço do que suas diminutas dimensões sugerem.

Além disso, dependendo da versão, já vem com controle de tração. O brasileiro, porém, nunca deu muita bola para o Up! O Kwid, que era rival direto, explodiu em vendas desde o lançamento. O Mobi, muito inferior, vende bem mais.


 

VÍDEO: TUDO SOBRE O KA SEDAN AUTOMÁTICO


 

 

A verdade, porém, é que carros do porte do Up! causam uma certa resistência no consumidor do segmento de estrada, que é muito racional. No geral, eles querem mais espaço, algo que o Kwid, por exemplo, oferece. O Mobi, por sua vez, sempre teve preço menor que o do Volkswagen.


A montadora, então, decidiu reposicionar o Up! Ele deixou, neste ano, de ser um carro com pretensões de altos volumes. Agora, já sai de fábrica apenas em versões bem equipadas e com preços acima de R$ 50 mil.

Agora, ele vende ainda menos – entre 1.500 e 2 mil unidades ao mês. Porém, já não tem mais pretensão de ser um carro de altíssimo volume.

Sedãs médios

O Corolla é um fenômeno no segmento. Ele tem volumes médios de 5 mil unidades ao mês, com picos de 6 mil. Porém, está longe do topo da lista de melhores carros da categoria. Nela, há pelo menos três modelos à frente do Corolla.


O segundo colocado, Civic, tem picos de 2 mil exemplares/mês. Isso mesmo sendo muito superior ao Corolla. Ele traz mais tecnologia embarcada, tem câmbio melhor e também leva vantagem na dirigibilidade.

O Cruze, que vende menos ainda, tem o melhor custo-benefício. Além de tecnologia e boa dirigibilidade, traz, em todas as versões, o moderno motor 1.4 flexível, equipado com turbo e injeção direta.

Mais injustiçado, porém, é o Jetta, que traz esse tipo de motor em duas opções, e também em todas as versões. O modelo está em fim de carreira, pois a nova geração vem aí. Porém, antes da iminente da mudança, já não conseguia chegar nem próximo às mil unidades/mês.


Torcemos para que a nova geração tenha sorte melhor.

Renegade

O Renegade é, no acumulado deste ano, o segundo SUV compacto mais vendido do Brasil. Porém, dá sim para dizer que ele é ignorado pelo brasileiro. Como?

A maior parte dos emplacamentos do Renegade  é resultante de vendas diretas. Essa modalidade consiste em negócios fechados com empresas e frotistas, principalmente.


Houve meses em que o atacado já chegou a representar cerca de 80% dos emplacamentos do Renegade. Isso significa que no varejo – ou nas concessionárias -, o carro não está fazendo grande sucesso.

Se o Renegade tivesse só opção flexível, daria até para entender. Porém, a versão a diesel é um dos melhores carros do segmento.

Isso porque dá um bom motor ao único SUV compacto robusto de verdade, com suspensão independente e tração nas quatro rodas. Isso sem ter preço absurdo.


Além do motor 1.8 flexível fraco e gastão, o maior problema do Renegade chama-se Compass. O sucesso do irmão maior, SUV mais vendido do Brasil, acabou ofuscando o menor.

Tracker

Desde que ganhou motor 1.4 flexível e reestilização, o Tracker se tornou, em meu ponto de vista, um dos melhores carros da categoria de SUVs compactos.

Seu motor, o mesmo do Cruze, está entre os mais econômicos. Além disso, o carro anda muito. Sua central multimídia é das mais intuitivas e agora, finalmente, ele passou a vir com ESP.


O Tracker é um dos carros com melhor custo-benefício da categoria. Depõem contra o modelo, porém, o porta-malas pequeno e a falta de empatia com o público em seu início de carreira no País, quando era caro e tinha motor 1.8 aspirado.

Ao menos, neste ano, as vendas do Tracker estão melhorando bastante. Porém, acredito que tenha potencial para muito mais. Afinal, os carros que lideram a categoria, HR-V, Kicks e Creta, são infinitamente mais sem graça que o Chevrolet. Isso se aplica ao EcoSport também.

 


 

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