É muito comum ouvir nas rodinhas de conversas sobre carros, ou ler em redes sociais: “Nos EUA, o Mustang é carro popular”. Popular seria exagero, mas o novo Mustang custa pouco mais que um Fusion nos EUA.
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Mais que isso: o novo Mustang 2018 não é muito mais caro que um Ford Focus. Por lá, o muscle car parte de US$ 26.120, ante os US$ 22.840 do Fusion e os US$ 17.950 do Focus.
Vamos esquecer, por enquanto, as conversões diretas, já que elas não traduzem o preço dos carros no Brasil. Por aqui, há diversos impostos, além da tabela do carro.
Porém, dá para fazer uma outra comparação bem simples. Por aqui, o novo Mustang custa R$ 300 mil. O Focus, por sua vez, parte de R$ 78.100 (quase um quarto da tabela do “muscle car”).
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O Fusion, por sua vez, tem preço de R$ 120.600, menos da metade do novo Mustang. É uma relação bem diferente da norte-americana.
Por isso, é possível dizer que, se o novo Mustang, nos EUA, não é um carro popular, ele também não é um modelo exclusivo, para poucos. Dá para dizer que é o “esportivo” ao alcance de muitos.
Só que o muscle car que muitos podem comprar tem pouco a ver com esse que vemos hoje no Brasil. O Mustang da vida real é infinitamente mais pobre que o pomposo GT. Essa versão, aliás, está apresentando vendas impressionantes no País.
Aluguei um novo Mustang de entrada, aquele que os brasileiros chamam de “popular”, para viajar de Las Vegas ao Grand Canyon West. Os detalhes do incrível trajeto eu conto depois.
Agora, o objetivo é mostrar para vocês as diferenças entre o Mustang que muitos americanos podem ter e o Mustang que o brasileiro conhece.
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O novo Mustang da vida real
A versão alugada na concessionária Alamo, por cerca de US$ 120 (não muito além do pedido para um carro de entrada), foi a conversível. O preço é um pouco maior que o do cupê: US$ 31.620.
Com exceção do teto retrátil, a configuração é a mesma do novo Mustang de entrada. Esqueça o moderno painel virtual e configurável que temos no GT, à venda no Brasil.
No Mustang de entrada, o quadro de instrumentos é convencional. Há uma tela de TFT entre o conta-giros e o velocímetro, que expõe informações do computador de bordo. Os dados são sobre consumo e central multimídia, entre outros.
O acabamento é simples, bem inferior ao do Mustang GT. Há bancos revestidos de couro e peças bem encaixadas, além de plástico de boa qualidade. Não há, no entanto, nenhum detalhe luxuoso.
A central multimídia tem tela de bom tamanho (8 polegadas), sem GPS. Esse item está na versão Premier, mais cara. Ela também mais detalhes cromados que os disponíveis no novo Mustang de entrada, para incrementar o acabamento.
Há, no entanto, espelhamento com smartphones, por meio da plataforma Android Auto.
A abertura da capota de lona é mais complicada que o convencional. É preciso primeiro girar uma alavanca no teto. Depois, aperta-se um botão, à frente do teto (uma tecla bem simples, até um pouco tosca). Ao menos, abertura e fechamento são rápidos.
Rodando com o novo Mustang de entrada
Uma das principais diferenças entre o GT e a versão de entrada está no motor. O novo Mustang “popular” usa um 2.3 turbo. São 310 cv. Na versão mais sofisticada, são 500 cv.
Decepcionados? Porém, não há razão para decepção. É claro que o Mustang GT é um canhão, com ronco forte e até assustador.
O 2.3 de quatro cilindros não traz barulho que intimida, é claro. Porém, com ele o muscle car anda muito. As acelerações e retomadas de velocidade são muito rápidas, dessas que fazem as costas grudarem no banco (com excelente apoio lateral) quando se pisa fundo no acelerador.
Além da potência alta, o carro tem excelentes 44 mkgf de torque. Eles estão disponíveis a apenas 3 mil rpm, rotação alta para um motor turbo. Ainda assim, com a ajuda do rápido e eficiente câmbio automático de dez marchas, a fórmula da aceleração fica perfeita.
É preciso, inclusive, lutar para não ultrapassar os rígidos limites de velocidade das estradas dos EUA. Em trechos de rodovias, a média é de 114 km/h. Porém, em vias secundárias, que dominaram o trajeto, variam de 72 a 88 km/h.
O novo Mustang da vida real quer muito mais que isso. Ele é capaz de atingir 200 km/h em um piscar de olhos.
Nas curvas com o novo Mustang 2.3
Muscle car americanos costumam ser muito bons para andar em linha reta. Têm muito motor e pouca estabilidade. Não é o caso do novo Mustang.
Ele tem direção muito direta e suspensão com excelente ajuste. Mesmo com tração traseira, que deixam as coisas ainda mais divertidas, se mantém firme nas curvas mais travadas.
Com baixo centro de gravidade, ele tem pegada bastante esportiva. A posição de dirigir, bem grudada no chão, ajuda bastante a aumentar a adrenalina do motorista.
Não é de se estranhar que, no ano passado, o Mustang tenha conquistado, em um mês, o posto de “esportivo” mais vendido da Alemanha, o país da Porsche.
Seria legal ter esse Mustang de entrada aqui também. Claro que ele não seria para todos. Com o dólar a R$ 4, sairia por cerca de R$ 105 mil na conversão direta. O imposto de importação elevaria sua tabela a R$ 140 mil, mas há ainda outras taxas.
Quem sabe, porém, ele não pudesse ser oferecido a R$ 180 mil, valor de um Civic Si? O novo Mustang é infinitamente mais divertido que o Honda.
Popular, porém, não seria. E nem é nos EUA. Porém, seria a chance de mais pessoas terem acesso a um carro muito divertido.
Eu produzi vídeos do novo Mustang da vida real em minha viagem aos EUA. Eles estão no primeiro destaque do meu Instagram (clique aqui para conferir).
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