Um telefonema da Ford confirmou o que muito se temia: os hatches médios vão morrer no mercado brasileiro. Triste notícia para os apaixonados por carros.
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A Ford confirmou nesta segunda-feira (1º) o fim da linha Focus. Vão morrer o hatch e o sedã.
O sedã médio nunca fez muito sucesso. O segmento não está em sua melhor forma. Ainda assim, alguns modelos sobrevivem: Corolla, Civic e Cruze. E a Volkswagen acabou de lançar o novo Jetta, que promete fazer algum volume.
No caso dos hatches médios, o Focus foi, ao lado do Astra, um dos maiores sucessos da história do segmento. A razão para o fim de sua produção, agora, é a queda de vendas, impulsionada pelo crescente interesse por SUVs. Detalhes você pode ler nesta reportagem do editor do Jornal do Carro, Tião Oliveira.
A Ford vai parar de produzir a linha Focus em Pacheco, na Argentina. De lá, vêm o hatch e o sedã destinados ao Brasil. A picape Ranger continua sendo feita nesta planta.
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VW GOLF
166 UNIDADES
JAGUAR XE
20 UNIDADES
KIA CERATO
129 UNIDADES
CHERY CELER SEDÃ
5 UNIDADES
HYUNDAI ELANTRA
46 UNIDADES
VOLVO V40
24 UNIDADES
TOYOTA CAMRY
28 UNIDADES
NISSAN FRONTIER
366 UNIDADES
CITROËN C3
507 UNIDADES
FORD FIESTA SEDAN
63 UNIDADES
KIA CARNIVAL
26 UNIDADES
PEUGEOT 308
46 UNIDADES
CHERY QQ
318 UNIDADES
PEUGEOT 408
80 UNIDADES
CITROËN C4 PICASSO
8 UNIDADES
Hatches médios em baixa
Os hatches médios já estavam na UTI há pelo menos dois anos. O fim do Focus, agora, ajuda a decretar, de vez, a morte desses modelos no Brasil.
O segmento já teve Astra, i30, C4… O 308 ainda existe, mas com vendas que praticamente não justificam sua continuidade. Em agosto, por exemplo, vendeu apenas 46 emplacamentos. No ano, tem 378 unidades vendidas – apenas 38 a mais que o Volvo V40, que é de marca de luxo.
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Além do 308, existem outros três hatches médios. E eles também vão muito mal. O Cruze Sport6 é o único que consegue ultrapassar as 400 unidades. Em agosto, somou 492 emplacamentos. No ano, tem 3.731.
Para comparação, são quase 10 mil unidades a menos que o terceiro sedã médio mais emplacado, o seu irmão Cruze. E estamos falando de sedãs médios, que não estão vendendo lá essas coisas.
Imagine, então, o que ocorre quando comparamos o Cruze Sport6 com os SUVs compactos. Na lista dos dez mais vendidos de janeiro a agosto, o último colocado é o 2008. O Peugeot somou 6.195 emplacamentos neste ano.
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Para ficar na própria marca, a Chevrolet, o Tracker foi o sexto SUV compacto mais vendido no período. Ele registrou 18.230 exemplares.
As situações dos hatches médios Focus e Golf são ainda piores. O Ford teve 2.210 emplacamentos de janeiro a agosto. O VW somou 2.074. São médias de 250 unidades.
Como sobreviver?
Com a exposição acima, fica bem claro que o óbito desses carros era iminente. Do Focus, a Ford já decretou a nota de falecimento.
E o Golf? Como continuar produzindo um carro que tem volumes de 250 unidades por mês? O investimento não se justifica.
Para o Golf, uma saída é a mesma adotada para o Jetta: trazê-lo do México, onde também é produzido – a versão brasileira é feita em São José dos Pinhais (PR).
Mas, com volumes tão baixos, será que mesmo importar vale a pena? Mais que isso: será que a próxima geração continuará sendo feita no México?
Porque, aqui, há outra questão. O Golf é o carro mais vendido da Europa. Porém, nos Estados Unidos, os hatches também estão morrendo. A Ford não venderá mais por lá o Focus também. Vai priorizar SUVs e picapes.
E o México é um quintal dos EUA quando o assunto é produção de carros. As montadoras fabricam em território mexicano para alimentar o mercado dos Estados Unidos. Isso leva à reflexão de que o Golf não fará mais sentido em nenhuma planta da América. Nem aqui, nem lá.
Para o Cruze Sport6, vale o mesmo. O carro é muito mais americano que europeu. A Chevrolet não tem grande penetração no Velho Continente.
Simplificação
É, portanto, o fim dos hatches médios. Na mudança de geração desses modelos, não deveremos vê-los mais por aqui.
Os hatches médios, muito mais que os sedãs, foram prejudicados pelo proliferação de SUVs. Modelos como Corolla e Civic, embora em menor volumes, conseguem sobreviver.
Cruze Sport6, Focus e Golf, não. Eles foram “engolidos” pelos utilitários-esportivos. E, com a demanda em baixa, pararam de ser trabalhados por suas próprias montadoras.
Nesse pouco tempo que resta aos hatches, eles são oferecidos como modelos muito, muito caros. O Cruze Sport6 custa mais que o sedã. O Golf parte de quase R$ 92 mil.
São caros, mas não se enganem. Não foi o preço que os matou. Foram os SUVs. Em breve, o mercado terá só utilitários. Em alguns anos, talvez nem mesmo os sedãs médios consigam mais sobreviver.
Triste para quem gosta de carros mais baixos, com pegada esportiva e dirigibilidade impecável. Os hatches médios representam tudo isso. Representavam.
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