O blog Primeira Classe dá início hoje à série “Qual é o segredo”. O objetivo é desvendar a fórmula sucesso de campeões de vendas, aqueles modelos que deixam a concorrência muito para trás. No primeiro capítulo, o escolhido é um modelo que reina em seu segmento, sedã Corolla, da Toyota.
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Nos últimos meses, diversos seguidores de meu perfil no Instagram fizeram a mesma pergunta: qual é o segredo do sucesso do Toyota?
Em 2017, o sedã Corolla foi o sétimo carro mais vendido do Brasil. Somou 66.188 emplacamentos. Vale lembrar que desde 2016 o carro está na lista dos dez mais vendidos no ranking geral.
Porém, seus emplacamentos não tiveram, em números absolutos, grande avanço. De 2014 para cá, as vendas do sedã Corolla mantiveram o nível (veja abaixo). Foi o mercado que caiu, para voltar a se recuperar no ano passado.
VANTAGEM ARRASADORA
Em 2017, o Honda Civic, principal rival do sedã Corolla no Brasil, somou 25.871 emplacamentos. A Chevrolet, por sua vez, vendeu 19.192 Cruze no mesmo período.
Neste ano, a vantagem do sedã Corolla se mantém. No primeiro bimestre, foram vendidos 8.354 Corolla (nono carro mais vendido do Brasil). O Cruze registrou 3.315 emplacamentos e o Civic, 2870.
Por que a diferença é tão ampla? Há uma soma de fatores, que vão desde a boa reputação do carro até a falta de atuação da Toyota brasileira em um importante segmento, o de SUVs compactos.
Para o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive, com o Corolla o consumidor sabe em que território está pisando. “Mesmo quando não tinha ESP (até o ano passado), ele já oferecia quase tudo o que o cliente desse tipo de carro faz questão”, diz.
“Ó público confia no sedã Corolla, pois quem tem o carro não fala mal dele”, complementa. “Você nunca vai ouvir nenhum dono desse sedã dizendo que ele é ruim. E quem compra confia que não terá problemas.”
E quanto ao preço? Para Garbossa, se o público está comprando o carro é porque está satisfeito com o preço. “Se achasse caro, não compraria.”, analisa. “Ele tem bom custo-benefício.”
OS PREÇOS DO SEDÃ COROLLA
Os preços do sedã Corolla, que só é oferecido com câmbio automático, começam em R$ 92.690. O Civic com caixa CVT parte de R$ 96.400, enquanto o Cruze (só há automático) começa em R$ 95.890.
Até o Citroën C4 Lounge, que acaba de ser renovado, tem tabela inicial mais alta: R$ 93.990. Há uma versão de cerca de R$ 70 mil, mas é exclusiva para portadores de necessidades especiais.
VENDAS DIRETAS
Há outros dois fatores para o sucesso do sedã Corolla. O sedã tem bom volume de vendas diretas, para frotistas (com descontos, geralmente).
Em 2017, 26.352 Corolla foram emplacados por meio de vendas diretas. Do Civic, essa modalidade respondeu por apenas 2.519 unidades licenciadas.
Nas vendas no varejo, o Corolla teve 39.836 emplacamentos e o Civic, 23.352.
VEJA TAMBÉM: 5 RAZÕES PARA COMPRAR E 5 PARA NÃO COMPRAR O COROLLA
5 RAZÕES PARA COMPRAR: CONFIABILIDADE MECÂNICA
O Corolla é um bom exemplo de que a fama de confiabilidade mecânica da Toyota se justifica. Se for bem cuidado, o carro não dá dor de cabeça e só vê a cor da oficina na hora da revisão.
5 RAZÕES PARA COMPRAR: ESPAÇO
A cabine, espaçosa, entrega o conforto que se espera de um bom sedã médio (ainda que os passageiros muito altos possam ter alguma dificuldade para viajar no banco traseiro). A capacidade do porta-malas, de 470 litros, é mais que honesta.
5 RAZÕES PARA COMPRAR: CÂMBIO CVT
Para os apreciadores desse tipo de transmissão, o Corolla é um prato cheio, com um dos melhores CVTs do mercado. Com funcionamento suave, permite ao carro desenvolver velocidade sem elevar demais as rotações do motor, o que se traduz em baixo nível de ruído e maior economia de combustível.
5 RAZÕES PARA COMPRAR: PÓS-VENDA
A rede autorizada Toyota dá um show quando o assunto é pós-venda, com procedimentos internos rigorosos para prestar um atendimento sempre correto e atencioso ao cliente. A coluna Defenda-se, publicada às quartas no Jornal do Carro, chega a receber mensagens elogiosas de leitores que tiveram até reparos sem ônus fora da garantia, tudo para manter sua satisfação com a marca.
5 RAZÕES PARA COMPRAR: POUCA DESVALORIZAÇÃO
OK, é verdade que carro não deve ser visto como investimento, já que é um bem que inevitavelmente vai se depreciar com o tempo. Mas você vai perder menos dinheiro com um Corolla, que tem ótima aceitação e valor de revenda no mercado de usados.
5 RAZÕES PARA NÃO COMPRAR: PREÇO
A tabela do sedã médio é excessivamente salgada pelo que ele oferece. A versão de entrada, GLi, custa R$ 90.990 e não traz nem mesmo faróis de neblina. A de topo, Altis, a R$ 114.990, já encosta no preço de um Audi A3.
5 RAZÕES PARA NÃO COMPRAR: FALTA DE TURBO
Em termos de motores, o Corolla fica devendo em modernidade, sobretudo pela falta de opções com turbo. Há dois propulsores, ambos aspirados: um 1.8 de 144 cv e um 2.0 de 153 cv. Graças ao turbo, VW Jetta e Chevrolet Cruze conseguem entregar potências semelhantes à do 2.0 do Corolla usando motores de 1,4 litro, mais eficientes e econômicos. Já a gama do Honda Civic tem um 1.5 turbo de 173 cv.
5 RAZÕES PARA NÃO COMPRAR: DESENHO DO INTERIOR
As linhas do painel têm estilo pra lá de ultrapassado, destoando completamente do visual externo do sedã. Detalhes como o relógio digital abaixo dos difusores centrais de ar remetem a modelos dos anos 1980 e 1990 (alguém aí falou em Ford Del Rey?)
5 RAZÕES PARA NÃO COMPRAR: PRAZER AO DIRIGIR
Quem aprecia um estilo de condução mais esportivo pode acabar achando o Corolla meio chocho e ficar frustrado. O câmbio CVT tira boa parte do prazer de acelerar, enquanto a suspensão que privilegia demais o conforto parece confirmar a fama de "carro de tiozão".
5 RAZÕES PARA NÃO COMPRAR: EQUIPAMENTOS
Nota-se certa avareza na oferta de equipamentos, típica de algumas marcas japonesas no Brasil. Até bem pouco tempo atrás, o Corolla não oferecia controle de estabilidade, lacuna só suprida na linha 2018. Ainda fazem falta ar-condicionado de dupla zona e assistentes eletrônicos, como sensor de obstáculos dianteiro e alerta de ponto cego - presentes no Cruze, por exemplo.
Assim, mesmo sem o bom programa de vendas diretas feito pela Toyota, o Corolla ainda teria vantagem ante o principal concorrente. Bem menor, é verdade, mas ainda à frente.
TOYOTA NÃO TEM SUV COMPACTO
Por fim, há o fato de a Toyota não ter utilitário-esportivo compacto no Brasil – fora do País a marca oferece o C-HR. Esses modelos, cujas opções se tornaram mais numerosas a partir de 2015, derrubaram as vendas dos sedãs médios no País.
Do segmento, praticamente só sobrevivem no Brasil Corolla, Civic e Cruze. Os demais concorrentes sofrem para chegar às 500 unidades emplacadas por mês.
Todos tiveram as vendas prejudicadas pela proliferação dos SUVs. O Civic sofreu bem mais que o Corolla. Isso porque, nas concessionárias Honda, o sedã médio divide espaço com o utilitário compacto mais vendido do Brasil, o HR-V.
Os números comprovam a tese. Até 2014, antes da chegada do HR-V, a briga entre Civic e Corolla era bem mais equilibrada. Naquele ano, o Toyota registrou 63.290 emplacamentos e o Honda, 52.254.
Mas a Toyota está trabalhando para ter um SUV compacto no País. Trata-se da adaptação nacional de um modelo da Daihatsu, sua marca de baixo custo. Quando o novato chegar, é grande a possibilidade de o Corolla perder espaço nas vendas.
A liderança certamente ele não perderá. A vantagem arrasadora, porém, deve diminuir. A conferir.
E vocês? Apontam algum outro motivo para o sucesso estrondoso do Corolla?
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