Primeira Classe

Carros que deram a volta por cima

Modelos como Volkswagen Gol, Tracker, Mobi e Etios tiveram um começo ruim no mercado brasileiro, mas conseguiram se reerguer. Saiba como

Rafaela Borges

01 de mar, 2018 · 10 minutos de leitura.

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Volkswagen Gol
Crédito: Antes da fama, até o hatch, um dos carros mais consagrados do País, sofreu risco de fracassar (Foto: Sergio Castro/Estadão)

Há carros que começaram sua trajetória no Brasil muito mal e, por isso, poderiam até ser considerados fracassos. Desse grupo, entre os modelos em linha, fazem parte Etios, Mobi, e, mais recentemente, o Tracker (confira detalhes abaixo). Porém, um dos casos mais emblemáticos envolve o maior sucesso da história do Brasil: o Volkswagen Gol.

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Lançado em 1980, o Volkswagen Gol estreou com o motor 1.3 boxer. Esse propulsor era usado também no Fusca.

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Convivendo com o líder de vendas Fusca nos primeiros anos, o Volkswagen Gol não ia bem. Seu motor 1.3 a ar não convencia o consumidor. A Volkswagen temia que o carro se transformasse num fracasso.

As vendas começaram a deslanchar, no entanto, em 1981, com a chegada do motor 1.6 a ar. A partir de então, o Volkswagen Gol começou a ir bem no mercado. Em 1983, já vendia bastante.

Mas foi em 1985 que chegou a inovação que faltava para transformar o Gol em um dos maiores casos de sucesso no Brasil. Trata-se do motor 1.6 a água, que já era usado em Voyage, Passat e Parati.


O Fusca saiu de linha em 1986. No ano seguinte, o Volkswagen Gol finalmente assumiu a liderança de vendas, na qual permaneceria por 27 anos.

Até o ano passado, mesmo sem deter a liderança, o Gol se mantinha como o VW mais vendido do País. Este ano, perdeu o posto, ao menos por ora, para o Polo.

TRACKER

A atual geração do Tracker foi lançada no Brasil em 2013. Com motor 1.8 e câmbio automático de seis marchas, o carro veio para concorrer com a versão de topo de Ford EcoSport.


A Chevrolet não divulga expectativas de vendas. A participação do Tracker, porém, foi discreta. Em 2014, primeiro ano cheio de vendas, somou cerca de 14 mil emplacamentos, ante os 54 mil (aproximadamente) do Ford.

No ano seguinte chegaram Renegade e HR-V, deixando o Tracker ainda mais apagado. À época, o então presidente da Chevrolet América Latina, Jaime Ardila, afirmou ao Jornal do Carro que o modelo não havia dado certo no Brasil.

No fim de 2016, o Tracker recebeu motor 1.4 turbo. Com isso, passou a ter um dos melhores desempenhos da categoria.


Esse apelo, no entanto, não foi suficiente. Isso porque, em 2017, chegaram ainda mais SUVs compactos, como WR-V, Captur e, principalmente, o Creta.

O Tracker permaneceu disputando com o Peugeot 2008 as últimas posições do segmento. Atrás deles, apenas modelos de marcas chinesas, que têm baixos volumes.

No fim de 2017, o controle eletrônico de estabilidade (ESP) chegou à linha Tracker. Em janeiro, veio a surpresa: ele foi o quinto SUV compacto mais vendido do Brasil, com mais de 2,5 mil unidades emplacadas.


Em fevereiro, ficou na sexta posição, com cerca de 1,8 mil emplacamentos e praticamente um empate técnico com o Ford EcoSport.

 

VEJA TAMBÉM: OS CARROS MAIS VENDIDOS NO BRASIL EM FEVEREIRO


 

Foi o ESP que “salvou” o Tracker? Ainda é cedo para dizer. Pesquisas de montadoras apontam que o brasileiro ainda não valoriza esse importante item de segurança. Por outro lado, o ESP passará a ser obrigatório em todos os carros do País a partir de 2020.

Um dado importante a se observar é que a Chevrolet está divulgando mais o Tracker. Antes, ele aparecia pouco nas ações de varejo da montadora.


Isso porque, de acordo com a montadora, havia uma limitação de cota de importação do Tracker, que vem do México. Agora, a marca está conseguindo trazer mais exemplares.

Além disso, a Chevrolet acredita que a nova versão Premier (substituta da LTZ, e que vem de série com ESP), mais equipada, deixou o produto mais atraente. Essa configuração foi muito bem aceita, segundo a fabricante. O Tracker Premier representa entre 70% e 75% das vendas do carro.

Ainda é preciso esperar para ver se o Tracker vai conseguir manter esses bons números. O fato é que, ao menos neste primeiro bimestre, o Chevrolet “acordou” para o mercado.


MOBI

A Fiat cometeu um erro estratégico no lançamento do Mobi. O carrinho veio com um motor defasado (quatro-cilindros, o mesmo do Uno), e já era certo que receberia um propulsor mais moderno (com três cilindros) dentro de alguns meses.

No primeiro ano de vendas, 2016, o Mobi ficou muito longe das 7 mil unidades mensais almejadas pela Fiat. Não era só problema de motor.

O carro também estava muito próximo ao Uno em preços. E o Uno é um modelo muito mais consagrado - além de maior que o Mobi.


Além disso, o preço veio mais alto que o esperado. A estimativa era de que o Mobi chegasse por cerca de R$ 25 mil. Foi lançado por R$ 30 mil, aproximadamente.

A Fiat tentava posicionar o Mobi como um carro urbano para pessoas descoladas, com um apelo totalmente “lifestyle”. Algo como um 500 nacional.

Não deu certo. O carro era popular, e assim era (e ainda é) entendido pelo público.


O que salvou o Mobi? Ele recebeu o esperado motor mais moderno no fim de 2016. Além disso, mesmo mantendo o preço de tabela considerado alto, foi alvo de promoções com descontos generosos.

Por fim, a Fiat reposicionou o Uno, deixando-o mais caro. Com isso, o Mobi ficou mais interessante para quem queria um Fiat de entrada.

Em 2017, após as mudanças, ele finalmente conseguiu chegar às 6 mil unidades almejadas pela montadora. Durante alguns meses, foi também o Fiat mais vendido do Brasil.


ETIOS

O Etios nasceu com alguns equívocos. Apesar da boa mecânica e do preço justo, pecou no quesito design. Não era, e ainda não é, considerado um carro bonito pelos brasileiros.

Além disso, tinha um interior controverso demais. Para piorar, no ano de seu lançamento, 2012, veio também o HB20, rival direto e fenômeno de mercado. Resultado: em vendas, o carro não conseguiu atender às expectativas da Toyota.

À época do lançamento, a Toyota esperava vender 5.800 unidades da gama (hatch e sedã). Nos primeiros anos, mal conseguia atingir metade desse número.


Mas a Toyota não desistiu do Etios e, aos poucos, foi adequando a gama ao gosto do brasileiro. Fez melhorias no interior e deu ao veículo um interior mais atraente e ergonômico.

Por fim, o hatch Etios se transformou no carro automático mais barato do Brasil.

Ainda no fim de 2016, o carro começou a reagir no ranking de vendas. Em 2017, o hatch chegou a figurar entre os dez mais vendidos. Leia aqui detalhes sobre a reviravolta do Toyota Etios.


 

 

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