O Chevrolet Onix perde quase todo comparativo dos quais participa aqui no Jornal do Carro. E em outros veículos de comunicação também. Sucesso de crítica não é.
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Com a nova metodologia de testes de segurança adotadas pelo instituto LatinNCap, que avalia impactos laterais, o modelo tirou nota zero. Não foi só ele: o Ka, por exemplo, também. O Kwid, baratinho, não. Mas a conclusão é que exemplo de segurança o Chevrolet Onix não é.
Os motores do Onix precisam urgentemente de atualizações. Quase todas as marcas que atuam nesse segmento já lançaram seus eficientes três-cilindros. A Chevrolet está atrasada. O Onix, portanto, nem anda muito, nem se destaca pelo consumo baixo.
Ainda assim, o carro da Chevrolet domina o mercado. Nos últimos três meses, vendeu mais que segundo e terceiro colocados juntos. Tem muito mais vantagem sobre os rivais que o todo poderoso Gol, em qualquer fase. O Volkswagen nunca desfrutou de tamanha folga na liderança.
Em números, o Onix teve 18.611 emplacamentos em fevereiro. O Ka registrou 9.067 unidades vendidas e o HB20, 8.527.
De janeiro a novembro, foram emplacados 171.148 Onix, 96.769 HB20 e 87.012 Ka.
AS RAZÕES DO SUCESSO
Por que um carro que não se mostrou muito seguro em testes, e que não faz sucesso de crítica, vende tão bem? Para mim são duas as razões principais: central multimídia e preço competitivo.
A primeira tem mais importância que a segunda. Mas todos os carros de entrada não têm central multimídia atualmente? Têm sim. Porém, em primeiro lugar, nem todos têm desde as versões de entrada.
A central multimídia está disponível desde a opção LT, a versão mais vendida do Chevrolet Onix (com 40% do mix da gama). Na Joy, que representa 30% dos Onix emplacados (e tem visual da versão anterior do carro, a exemplo do que ocorria com o Palio Fire), o sistema é acessório de concessionária.
No Kwid, que não é rival, mas é mais barato, há multimídia somente a partir da versão intermediária. Já o Ka não oferece o recurso.
Argo e Onix são dois modelos que têm possibilidade de receber multimídia desde a versão de entrada. Porém, ainda são novos no mercado, além de mais caros, dependendo da configuração (veja abaixo).
Além de ter a central MyLink, intuitiva, rápida e fácil de usar, em toda a gama, o Onix foi o primeiro a oferecer essa possibilidade. Isso já no início da década, quando foi lançado.
Nenhum modelo do segmento tinha multimídia à época. Só o Chevrolet. O Onix ganhou fama. Havia cliente que chegava à concessionária perguntando não pelo carro, e sim pela central MyLink.
Fama não se desfaz da noite para o dia. O Chevrolet ficou identificado no mercado como o “popular” com central multimídia.
OS CARROS MAIS VENDIDOS EM NOVEMBRO
20º JEEP RENEGADE
3.423 UNIDADES
19º VW SAVEIRO
3.612 UNIDADES
18º NISSAN VERSA
3.661 UNIDADES
17º RENAULT SANDERO
3.794 UNIDADES
16º VW POLO
3.831 UNIDADES
15º FIAT TORO
3.950 UNIDADES
14º NISSAN KICKS
4.041 UNIDADES
13º VW VOYAGE
4.089 UNIDADES
12º HONDA HR-V
4.095 UNIDADES
11º HYUNDAI CRETA
4.164 UNIDADES
10º JEEP COMPASS
4.582 UNIDADES
9º FIAT ARGO
5.015 UNIDADES
8º FIAT MOBI
5.167 UNIDADES
7º FIAT STRADA
5.295 UNIDADES
6º TOYOTA COROLLA
5.537 UNIDADES
5º CHEVROLET PRISMA
6.014 UNIDADES
4º VW GOL
6.290 UNIDADES
3º HYUNDAI HB20
8.527 UNIDADES
2º FORD KA
9.067 UNIDADES
1º CHEVROLET ONIX
18.611 UNIDADES
PREÇO
Não sei se a Chevrolet já ganhou essa fama de mercado, mas certamente esse fato não é de hoje: os carros da marca têm ótima relação preço-equipamentos. Quando não são os mais baratos, são, ao menos, os que oferecem melhor pacote de itens.
No caso do Onix, faltam sistemas de segurança, como diversos air bags e controles de estabilidade e tração. Porém, o brasileiro já deixou claro que só quer esses itens no discurso. Na hora de comprar, acaba optando pelo pacote “ar, direção, vidro, trava, multimídia e bom preço”.
Em números, o Onix mais vendido, LT, sai por R$ 46.690. Por R$ 1.400, o cliente leva a central multimídia (a tabela vai a R$ 48.090).
O HB20 começa mais em conta: R$ 43.300 e, com multimídia, vai a R$ 44.850. Ou seja: é mais vantajoso. Mas isso só na versão com motor 1.0.
A falha do HB20 é oferecer multimídia, nas versões 1.6, apenas para os carros que têm câmbio automático. É algo que não dá para entender.
O Argo tem preço inicial quase igual ao do Onix. Começa em R$ 46.800. O problema? Se você quiser a central multimídia, paga mais R$ 3.990. São quase R$ 4 mil. Aumenta a conta demais.
No caso do Polo, o carro é mais caro. Já parte de quase R$ 50 mil. Sem a central.
E com a fórmula “multimídia + pacotes com preços competitivos”, o Onix vai deixando a concorrência descabelada. E, o mais importante, garantindo o domínio da Chevrolet no mercado brasileiro.
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