Primeira Classe

Briga pela vice-liderança dos SUVs pega fogo

Veja quais são os três modelos que estão em empate técnico no ranking de vendas e quais são as chances de cada um

Rafaela Borges

15 de out, 2018 · 9 minutos de leitura.

SUV Kicks, Creta, Renegade, HR-V, Tracker" >
Briga boa
Crédito: Renegade, Creta e Kicks têm empate técnico na briga pelo segundo lugar. HR-V lidera com cerca de 2 mil exemplares de margem. Tracker está fora da briga (Foto: Sergio Castro/Estadão)

O ano está chegando ao fim, mas uma briga automotiva continua pegando fogo. Trata-se da disputa pela vice-liderança do segmento de SUVs compactos. São três os modelos com chances: SUV Kicks, Creta e Renegade.

Os três carros estão, no acumulado do ano, empatados tecnicamente. SUV Kicks, Renegade e Creta somam vendas na casa das 33 mil unidades de janeiro a setembro.

Pela primeira vez no ano, o dono da vice-liderança é o Creta. O modelo da Hyundai tem 33.860 emplacamentos no acumulado do ano.


O Creta, que estava “sumido” no início de 2018 (por causa de problemas de produção na fábrica da Hyundai em Piracicaba, interior de São Paulo), ressurgiu nos dois últimos meses. Tanto em agosto quanto em setembro, ele foi o SUV compacto mais vendido do Brasil.

Com isso, avançou duas posições no ranking, deixando para trás SUV Kicks e Renegade. O Nissan, foi o primeiro vice-líder do ano.

Porém, entre abril e agosto, ele perdeu essa posição para o Jeep, que foi o SUV compacto mais vendido no segundo trimestre de 2018.


 

VÍDEO: O QUE O NOVO JETTA PERDEU. E O QUE ELE GANHOU


 

O SUV Kicks manteve sua terceira posição após o mês de setembro. No acumulado do ano, ele tem desvantagem de menos de 100 unidades para o Creta. Até agora, somou 33.785 emplacamentos.

Por fim, o Renegade foi, desse trio, o modelo que mais perdeu espaço nos dois últimos meses. Com isso, ao final de setembro, ele caiu duas posições no ranking e foi para o quarto lugar. Ainda assim, segue de perto Creta e SUV Kicks. Tem 33.311 emplacamentos.


Assim, mesmo com a leve vantagem do Creta, os três modelos têm em outubro chances iguais de conquistar a vice-liderança. Faltando três meses para o encerramento do ano, quais são as vantagens de cada um nessa briga?

VEJA TAMBÉM: OS SUVS MAIS VENDIDOS EM SETEMBRO DE 2018

 


SUV Kicks e Creta

Coloquei os dois modelos juntos porque acredito que suas chances sejam bastante semelhantes. SUV Kicks e Creta são igualmente espaçosos e têm bons porta-malas.

Acredito, porém, que o Creta leve uma pequena vantagem nessa briga. O modelo da Hyundai tem uma linha mais extensa, que atende um perfil de público mais variado. Traz motores 1.6 e 2.0 e oferece diversas versões.

O SUV Kicks, apesar de mais tecnológico e com ótimo custo-benefício, tem como fator negativo o motor 1.6 16V de 116 cv. Esse motor, além de ter uma das menores potências da categoria, é o único do modelo.
Na comparação com Renegade e Creta, o Jeep tem propulsor 1.8 flexível de quase 140 cv. O 1.6 do Creta gera 130 cv, e ele traz ainda uma versão 2.0, com quase 170 cv.


O Nissan também é mais dependente das vendas diretas que o Creta. Essa modalidade representa, neste ano, cerca de 51% dos emplacamentos do SUV Kicks, ante os 36% do Hyundai.

Depender de vendas diretas significa ficar mais sujeito a oscilações grandes mês a mês (entenda melhor abaixo). Os consumidores diretos de Creta e Kicks, no entanto, têm um perfil semelhante: pessoas com necessidades especiais (PCD). Os dois carros têm excelentes versões para esse tipo de público.

Só que o SUV Kicks, apesar dessas desvantagens, traz um trunfo que pode decidir a vitória a seu favor. Trata-se da limitação de produção do Creta, que tem de dividir as 190 mil unidades anuais que sua fábrica é capaz de fazer com os bem sucedidos HB20S e HB20, o vice-líder do mercado brasileiro.


Já o SUV Kicks divide sua planta com um já sem fôlego March e um surpreendente Versa. O sedã vem obtendo bons resultados no mercado nos últimos meses, mas não a ponto de atrapalhar a vida do utilitário-esportivo.

A Nissan, assim, tem mais exemplares do Kicks para entregar ao mercado do que a Hyundai tem do Creta.

Renegade

O Jeep tem 67% de seus emplacamentos provenientes de vendas diretas. É um percentual alto demais. E aqui, não estamos falando apenas de vendas para público PCD.


O Renegade, ao lado dos dois SUVs compactos da Renault, é o rei das locadoras de veículos.
Foram as vendas diretas, no atacado, que o impulsionaram durante o segundo trimestre do ano, quando ele obteve o primeiro lugar dos SUVs compactos por três meses seguidos.

Porém, como esperado, ao fim dos bons contratos com as locadoras as vendas do Renegade despencaram. Caíram tanto a ponto de ele chegar a ser ameaçado pelo Ford EcoSport.

Por isso, acredito que o Renegade é o modelo com menores chances de ficar com o segundo lugar. Os dependentes das vendas diretas oscilam demais, pois baseiam seu sucesso não na fidelidade do público, mas em bons contratos.


Já o especialista em automóveis e jornalista Fernando Calmon acredita que o Renegade é aquele que tem maiores chances de encerrar o ano na vice-liderança. “Ele está prestes a receber uma reestilização, que sempre incentivam as vendas”, diz.

Além disso, no início do ano, as versões flexíveis, mais vendidas, tiveram porta-malas ampliado para 320 litros. “Com isso, a Jeep resolveu um dos problemas do Renegade”.

Líder dos SUVs compactos

O líder dos SUVs compactos, Honda HR-V, é a prova dessa realidade. Ele soma mais de 35 mil emplacamentos neste ano. E, desde março, não aparece, no resultado mensal, no primeiro lugar do segmento.


Porém, enquanto os rivais oscilam com o vai-e-vem das vendas diretas, o HR-V é o sexto carro mais vendido no varejo em 2018.

Com a fidelidade de clientes indiretos, que compram nas concessionárias, ele consegue se manter firme e forte no primeiro lugar no acumulado do ano. Provavelmente vai encerrar 2018 nessa posição.

Uma nota: o Compass é sim o SUV mais vendido do Brasil. Porém, ele é um médio. Aqui, estamos analisando apenas o segmento de SUVs compactos.


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