De tempos em tempos, um utilitário-esportivo médio surpreende no ranking de vendas e supera os modelos menores (e mais baratos). Isso pode ser um fenômeno duradouro ou um fato isolado (que ocorre em um único mês). O caso do SUV médio Tiguan tem chance maior de ser um exemplo do segundo caso.
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O modelo tem registrado, desde o lançamento da nova geração, um crescimento gradual. No mês passado, conseguiu ficar, no segmento de SUVs médios, à frente do Hyundai ix35. Com isso, foi deixado para trás apenas pelo líder de todo o segmento de utilitários-esportivos, o fenômeno Jeep Compass.
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Na primeira quinzena de outubro, há um fato novo para o SUV médio Tiguan. Ele continua atrás do Compass. Porém, pela primeira vez, conseguiu deixar para trás dois utilitários-esportivos compactos que eram frequentadores assíduos da lista dos dez mais vendidos do segmento.
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Estamos falando do Honda WR-V e do Peugeot 2008. Na primeira quinzena, o primeiro somou 329 emplacamentos. O modelo da marca francesa teve 483 unidades vendidas.
Já o SUV médio Tiguan conquistou 541 unidades emplacadas. Por pouco, não ficou na lista dos dez mais vendidos. Foi 11º colocado.
Imediatamente à frente do modelo da Volkswagen, apareceu outro SUV maior e mais caro, o Hilux SW4. O Toyota é outro que marca presença constante na frente de alguns compactos – embora não com a mesma regularidade do Jeep Compass.
A lista dos 15 SUVs mais vendidos do Brasil na primeira quinzena você pode conferir abaixo.
SUV médio Tiguan: atributos para o sucesso
Para o consultor da ADK Automotive Paulo Roberto Garbossa, o SUV médio Tiguan tem boa variedade de versões e preços competitivos. Além disso, é maior e mais espaçoso que os tradicionais modelos médios do mercado (como ix35, Sportage, ASX e o próprio Compass).
Os modelos mais veteranos têm entre 4,4 e 4,5 metros de comprimento, e até 2,7 metros de entre-eixos (medida importante para definir um bom espaço interno). O SUV médio Tiguan tem 4,7 m e 2,8 m, respectivamente. Além disso, oferece mais de 700 litros no porta-malas, ante os cerca de 500 l dos rivais.
“Ele tem versatilidade (graças aos atributos listados acima, além dos sete lugares) e ótimo custo-benefício (confira mais detalhes abaixo)”, complementa. “Está entre o SUV médio e o grande, atendendo os dois públicos.”
Por que então modelos de porte semelhante, lançados na mesma época, não conseguiram o mesmo sucesso? Dois exemplos desses casos são Equinox e HR-V.
Em primeiro lugar, nenhum dos dois tem opção de sete lugares, como o SUV médio Tiguan. Além disso, o CR-V traz uma única versão, comparável apenas ao Tiguan topo de linha. Porém, além de ser R$ 10 mil mais cara, ela é menos equipada (não traz painel virtual completo ou controlador de velocidade adaptativo, por exemplo) e potente (190 cv, ante os 220 cv do VW).
Há ainda a variação de versões no SUV médio Tiguan: ele vai da 1.4 de cinco lugares, por R$ 125 mil, à 2.0 de sete lugares, a R$ 280 mil. Entre elas há a intermediária, com o 1.4 e espaço para sete ocupantes (R$ 150 mil). Todos os motores são turbo.
O Equinox, apesar de mais potente desde a versão de entrada, não tem opção de R$ 125 mil. O mais barato sai por R$ 143 mil.
Bom custo-benefício
Com isso, o Tiguan conseguiu atacar em diversas frentes, para cativar o consumidor brasileiro por meio de uma ótima relação custo-. “Ele é o melhor que você pode ter pelo menor que você pode pagar”, explica Garbossa.
Para o consultor, é mais provável que o sucesso não seja pontual, e sim duradouro. “É preciso apenas esperar um pouco para ver se esse volume não é fruto de uma demanda inicial de pessoas que já estavam esperando o SUV médio Tiguan”, opina. “Se for este o caso, o carro pode estar vivendo uma ‘bolha’, e as vendas tendem a cair depois.”
Ele está tirando vendas dos SUVs compactos?
Não, não está. O Compass pode até cativar alguns donos das versões topo de linha de SUVs menores, por ter preço semelhante (em torno de R$ 110 mil para o Jeep de entrada, o mesmo do HR-V mais caro, por exemplo). Porém, a briga com o SUV médio Tiguan já é mais desigual.
Afinal, com exceção do Jeep Renegade, que tem versões a diesel, nenhum SUV compacto chega nem perto dos R$ 125 mil iniciais do VW.
O Tiguan está tirando vendas mesmo é dos veteranos médios, como o ix35, o Sportage, o ASX e cia. Para comparação, o Hyundai, que aparece logo atrás do VW no ranking de SUVs médios, somou 273 emplacamentos na primeira quinzena. Ou seja: metade do volume conquistado pelo renovado modelo.
Antes da chegada do SUV médio Tiguan, o ix35 se aproximava das 900 unidades vendidas ao mês. Em setembro, no entanto, não passou das 500.
Ao tirar vendas dos médios veteranos, o Tiguan consegue brilhar e superar pequenos que não estão em seus melhores dias. O WR-V, por exemplo, vem perdendo mercado desde o início do ano.
Haverá próxima vítima?
Qual será o próximo SUV compacto que o Tiguan vai deixar para trás? No ranking que você pode ver mais acima na página, apenas um tem chances de ser superado.
Trata-se do Renault Duster. Na primeira quinzena, ele somou 699 emplacamentos. Dá para o VW alcançá-lo.
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