Primeira Classe

Fracasso consolidado que virou sucesso

Toyota Etios mudou sua história no Brasil graças à persistência da marca, que não desistiu do produto

Rafaela Borges

20 de dez, 2017 · 7 minutos de leitura.

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Toyota Etios
Crédito: Hatch foi do 28º lugar em seu primeiro ano cheio de vendas ao 15º no acumulado de 2017 (Foto: Rafael Arbex/Estadão)

O Toyota Etios é um dos casos mais emblemáticos do mercado brasileiro de carros. A linha, hatch e sedã, se tornou um grande fracasso no quesito vendas em seus primeiros anos. A montadora, no entanto, não desistiu.

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Foram quatro anos entre o lançamento, em 2012, e a reviravolta, em 2016. Com a linha Etios, a Toyota deu uma aula sobre como transformar um fracasso consolidado em sucesso.

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No primeiro ano completo de vendas do Etios, 2013, o hatch era apenas o 28º carro mais vendido do Brasil. O sedã tinha a 34º posição.

No ano seguinte, as colocações dos dois carros foram semelhantes. A virada do hatch começou em 2015, quando ele se aproximou do “top 20” de vendas – com a 22ª posição.

Porém, a consolidação de um competente trabalho de inversão de trajetória mercadológica do Toyota Etios ocorreu em 2016. Naquele ano, o hatch foi o 16º mais vendido do País e o sedã, o 21º.


Neste ano, o desempenho do hatch está ainda melhor, com a 15ª posição de outubro a novembro. Já o três-volumes teve leve piora: 24º lugar.

Quando um carro estreia mal, e não consegue mudar sua história no primeiro ano, dificilmente é possível alterar essa trajetória. Até dá para conseguir fazer isso com uma mudança de geração, mas, se o primeiro carro não foi bem, o mais provável é que ganhe, logo, um substituto, com outro nome.

Por isso, a Toyota, com o Etios, merece todos os elogios. O modelo, embora tenha surgido como um carro acessível de uma das marcas mais desejadas do País, não caiu no gosto do brasileiro.


A principal razão: o visual externo e interno. O carro era – e ainda é – considerado feio. O mais curioso? O Toyota Etios conseguiu se converter de fracasso em sucesso sem grandes mudanças em seu ponto crítico, o desenho.

COMO FOI FEITA A MUDANÇA

Com o tempo, prevaleceu a boa reputação da Toyota. A marca tem fama – e costuma corresponder – de vender carros que não quebram, além de oferecer serviços considerados muito bons e eficazes em sua rede.


Se é assim para o Corolla e a Hilux, por que não seria com os donos de seu carro de entrada? Os proprietários do Etios puderam desfrutar do “sonhado” serviço Toyota.

Assim, quem tinha o carro não queria trocá-lo por outro – a não ser que fosse da própria marca. O Etios ganhou boa reputação, e isso desperta desejo.

Além disso, unidades usadas passaram a surgir no mercado. E, também como ocorre com os demais Toyota, com desvalorização baixa.


Houve ainda o trabalho efetuado pela Toyota para deixar o Etios mais atraente. Preço bom o carro sempre teve, além de excelente mecânica.

 

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Porém, ele passou a ter dois elementos importantes. Em todas as versões, ganhou opção de câmbio automático. A caixa é tradicional, e não automatizada de uma embreagem, menos eficiente, mas usada em muitos hatches compactos do Brasil.

Tendo essa opção em todas as versões, o Etios já chegou a figurar no primeiro lugar na lista dos automáticos mais baratos do País.


O modelo passou também a contar com uma eficiente central multimídia, item primordial nos carros de hoje. Seu visual externo passou por mudança leve, e o polêmico painel de instrumentos, no centro, ganhou elementos digitais para ficar mais bonito.

Por fim, houve uma mudança no mercado brasileiro no período entre 2012 e 2017. Os modelos de entrada, espartanos, perderam espaço. No lugar deles, passaram a ser os mais vendidos os hatches compactos um pouco mais sofisticados e bem equipados, como Onix e HB20, justamente os rivais do Etios.

Assim, o segmento do Toyota passou a ter mais relevância do que na época de seu lançamento.


Com todos esses fatores somados, o Etios acabou se transformando em um exemplo de carro ideal para o brasileiro. Feio ele continua sendo. Porém, no caso desse modelo, a feiura parece ser compensada pelo logotipo da Toyota na grade. Algo que a marca imaginou que fosse acontecer logo de cara, mas que demorou muitos anos para ocorrer.

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