O vilarejo de Trancoso, em Porto Seguro, é um dos mais badalados do Brasil. Muito conhecido pelas festas no período entre Natal e Ano Novo, é também um local onde você pode encontrar praias exuberantes e alta gastronomia.
Leia também
- Viagens incríveis para fazer de carro
- Um carro para matar o Neymar de inveja
- Pacotes de viagens para realizar sonhos sobre rodas
Embora quase toda a vida social fique concentrada no centro histórico – o Quadrado São João Batista -, é uma “fria” explorar Trancoso sem um carro. Parece um paradoxo?
Pois a verdade é que Trancoso vai muito além do Quadrado. Para chegar a esse “centrinho”, aliás, quem se hospeda em pousadas mais próximas às praias tem de “escalar” rampas respeitáveis. Algo que nem todo mundo está disposto a fazer.
Além disso, o vilarejo tem várias praias. Não dá para conhecer todas a pé. As mais próximas do centro são Nativos e Coqueiros. No entanto, é obrigatório conhecer Rio Verde e, principalmente, Ponta de Itapororoca. Para isso, a não ser que você esteja hospedado nas próprias, vai precisar de carro.
E, claro, é mandatório ir à praia do Espelho, considerada uma das mais belas do Brasil. O trajeto leva mais de uma hora, e os táxis costumam cobrar mais de R$ 200 pelo passeio.
E por falar em táxi, por que não usá-los, em vez de de alugar um carro? Esse é o problema: durante quase todo o ano, mas principalmente na alta temporada, os táxis cobram no mínimo R$ 50 por um trecho curto. É o valor médio, por exemplo, dos cerca de 5 km entre o Quadrado e o final da praia dos Nativos.
Quer ir mais longe? À praia do Taipe (geograficamente, já em Arraial dÁjuda)? Pois prepare-se para desembolsar cerca de R$ 80.
Já questionei os taxistas sobre os valores abusivos. A justificativa? As estradas de terra (maioria no vilarejo) castigam os carros demais. Não fiquei convencida. Mas, querendo ou não, os preços são esses.
Que tipo de carro alugar?
Nos arredores do centro, as estradas são de pedra. Para ir às praias, porém, elas são sempre de terra. Assim, você vai trafegar mais nesse tipo de piso.
Isso pode ser muito legal para quem gosta de dirigir em trechos off-road. Não é à toa que tanto Land Rover (este ano) quanto Volvo (na virada de 2015 para 2016) já fizeram ações com seus carros no vilarejo. A Mitsubishi é outra que já expôs seus veículos em Trancoso.
Porém, alugar um utilitário de verdade, com tração nas quatro rodas, pode ser bastante caro (e difícil, pois poucas locadoras os têm disponíveis no aeroporto de Porto Seguro). Assim, um SUV urbano (o Renault Duster é o mais comum, mas há outras opções) pode ser ótima pedida.
Dá para alugar um modelo mais em conta, como um hatch ou sedã compacto? Dá sim, e a maioria das pessoas faz isso. O único problema é o desconforto, algo que um SUV pode evitar. As estradas são bastante ruins, principalmente no trecho para a praia do Espelho.
Mas não há trechos de difícil acesso, por exemplo – ao menos, não nos pontos mais conhecidos. Um “carrinho” aguenta o tranco.
Eu quase sempre alugo na Localiza, que tem bons preços e parcela em até dez vezes sem juros o valor total. Há, no entanto, pelo menos mais cinco opções de locadoras no aeroporto de Porto Seguro – você pode reservar antes, para garantir o carro, ou alugar na hora, o que é mais arriscado.
Como chegar?
Há aeroportos nos condomínios Terravista e Outeiro das Brisas (próximo à praia do Espelho). Porém, são para aviões particulares.
Em voos comerciais, vá até o aeroporto de Porto Seguro. De lá, a viagem a Trancoso leva entre uma hora e uma hora e meia. Dá para ir por terra, em uma estrada bastante perigosa, que requer total atenção, mas também com curvas que a deixam bem divertida para quem gosta de dirigir. São cerca de 80 km.
De balsa, entre Porto Seguro e Arraial d’Ajuda, o caminho fica cerca de 40 km mais curto. Porém, você pode levar o mesmo tempo que levaria pela estrada – ou até mais, se houver filas.
Onde ficar?
Na praia, as pousadas mais famosas são as sofisticadas Estrela d’Água e Tangará. Ambas ficam na praia dos Nativos e são badaladas, com clubes de praia confortáveis – e abertos ao público, por R$ 100 de consumação na primeira e R$ 200 na segunda.
Uma opção de praia mais em conta e igualmente sofisticada é a Bahia Bonita (Rio Verde). O único problema dessa pousada é a ausência de piscina.
Para economizar um pouco e ficar confortavelmente instalado na praia, há a Casa Clube (Rio Verde), que tem um dos clubes de praia mais legais do vilarejo (e o único sem consumação – leia mais abaixo).
A cerca de 200 metros da praia dos Nativos, há a Mata N’Ativa, com natureza exuberante e às margens do rio Trancoso. Tem quartos muito confortáveis e espaçosos, além de um restaurante com preços baixos para o nível do vilarejo – e comida bem gostosa.
No quadrado, minha preferida é a pousada Capim Santo. Tem quartos amplos – alguns com dois andares – e muito claros, além de um dos mais renomados restaurantes da vila – o Capim Santo. Além disso, mesmo ficando no Quadrado, há estacionamento para carros (amplo e acessado pela parte de trás).
Vale a pena ficar no Clube Med? Em minha opinião, não. Trancoso não é lugar de resort. Há muito a se explorar durante o dia e também à noite.
Se o objetivo for ficar em um resort, recomendo outros locais, como a Praia do Forte, que tem opções bem melhores.
Praias
As praias mais próximas do Quadrado são Nativos (à esquerda da igreja) e Coqueiros (à direita). Ambas têm águas esverdeadas e mornas, além de ondas, mas não muito fortes.
Os clubes de praia, com cadeiras de sol confortáveis e, em alguns casos, camas, estão mais concentrados nas praias dos Nativos e Rio Verde (vizinha a Coqueiros).
Na primeira, estão os clubes das pousadas Estrela ‘Água, Tangará e Villas de Trancoso. Todos cobram consumação de pelo menos R$ 100.
Na praia de Rio Verde, há os clubes das pousadas Bahia Bonita e Casa Clube (sem consumação). Em todos, imperam o conforto, drinques da moda, trilha sonora relaxante e cardápio com predominância de pratos a base de frutos do mar.
Na praia dos Coqueiros há dois clubes independentes de pousadas, ambos com consumação – o Fly e o famoso Café de la Musique, com filiais em outras praias badaladas do Brasil.
Para quem não quer pagar consumação, além do Casa Clube, há algumas barracas de praia (a maioria em Coqueiros). Por ali, as cadeiras são de plástico e o estilo, muito semelhante ao de outras praias do Brasil. Não têm o charme e a sofisticação que diferenciam Trancoso e a tornam única.
A praia do Rio da Barra tem mar um pouco mais agitado, mas a paisagem é bela, e há o famoso rio. Indicada para quem prefere banhos em água doce. A melhor opção para passar o dia é o clube de praia do Rio da Barra Vila Hotel (com consumação).
Taípe é famosa pelas falésias. Por lá, fica o Club Med (vale verificar se há opção de “day use” da estrutura de praia) e algumas barracas de praia mais generalistas.
Próxima ao centro de Trancoso, a mais bela praia é Ponta de Itapororoca. Há uma barreira de recifes que deixa a água, morna e cristalina, muito parecida com a de uma lagoa.
Porém, não há barracas ou clubes de praia. Por lá, a pedida é levar uma canga, estender na areia e aproveitar o visual.
A praia do Espelho é mais turística que Itapororoca, mas vale a visita. É ideal chegar cedo, para aproveitar a maré baixa e se deslumbrar com o “espelho” em forma de mar.
Não deixe de caminhar até a vizinha praia dos Amores, próxima e igualmente bela. Para quem gosta de estrutura, há algumas pousadas e bares.
Uma das estruturas mais confortáveis está na Pousada do Baiano. O problema é que cobram-se R$ 100 de consumação, e almoçar por lá é uma verdadeira “fria”.
Por R$ 75, come-se um frango ressecado com legumes queimados. Por R$ 95, um peixe cheio de espinhos, com o mesmo acompanhamento. E a salada verde é tudo, menos verde. Assim, só vale se for para aproveitar a estrutura.
Minha dica? Procure outro local – os mais legais ficam na faixa de areia já próxima à praia dos Amores.
Onde comer em Trancoso
Trancoso tem preços altos em quase tudo, mas, quando o assunto é restaurante, cada centavo gasto vale a pena. Há muitos opções que oferecem alta gastronomia. A maioria fica no quadrado, ou nas ruazinhas ao redor.
Meu preferido em Trancoso é o El Gordo. A vista abaixo é um privilégio de quem vai almoçar no restaurante. Ele, porém, também fica bastante cheio no jantar. Uma ótima pedida por lá é o arroz de polvo, mas há variedade de peixes, frutos do mar e até alguns tipos de carnes. Não deixe de provar o petit gateau de doce de leite.
O Jacaré, a cerca de uma quadra do Quadrado, é outra excelente opção. Os drinks são incríveis e há um bar lounge do lado, para quem quiser estender um pouco a noite. O robalo com risoto de pupunha é o carro chefe, e vale muito a pena.
Para quem prefere ficar totalmente ao ar livre, o Silvana e Cia tem mesas sob as árvores do quadrado. A massa com frutos do mar é um ponto alto, mas evite as carnes vermelhas.
Elas são mais saborosas no Sabor da Bahia, um dos primeiros restaurantes para quem está chegando ao Quadrado, que tem preços um pouco mais em conta.
Para quem gosta, nesse restaurante há quase sempre música ao vivo, assim como no Cantinho Doce, um clássico de Trancoso.
Outro clássico do vilarejo é o Capim Santo, que nasceu por lá, mas tem filial em São Paulo. No restaurante, peixes e frutos do mar são combinados a ingredientes típicos da culinária brasileira. Não deixe de provar o suco de capim santo e o brigadeiro feito com a erva.
Para quem vai ao Quadrado de carro, os estacionamentos têm preço único de R$ 20.
VEJA TAMBÉM: AS ESTRADAS MAIS PERIGOSAS DO MUNDO
Newsletter Jornal do Carro - Estadão
Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.