Primeira Classe

Carros que deram aula aos rivais em 2017

Saiba quais são as vítimas de Polo, Compass e Creta, que abalaram as estruturas do mercado de carros em 2017

Rafaela Borges

21 de fev, 2018 · 10 minutos de leitura.

Compass e Creta" >
Compass e Creta
Crédito: Os dois modelos mudaram os parâmetros do segmento de SUVs. Creta (acima) se destaca pela diversidade de versões (Foto: Hyundai)

Polo, Compass e Creta. Esses três modelos podem ser considerados os grandes lançamentos do ano passado – embora dois deles tenham sido apresentados ainda no fim de 2016. Por quê? Eles revolucionaram seus segmentos, mudando patamares e deixando vítimas pelo caminho.

Os três carros, se ainda não fizeram, ainda vão fazer a concorrência se mexer. O sucesso instantâneo de Polo, Compass e Creta veio não por ações de varejo, promoções e outros artifícios para impulsionar vendas.

Polo, Compass e Creta cativaram, essencialmente, pela qualidade.

Publicidade


Caso a caso, vou analisar os méritos que levaram Polo, Compass e Creta ao sucesso. E também quais foram as vítimas que eles deixaram em suas escaladas-relâmpago ao topo do ranking de vendas.

COMPASS

Olhando os números de vendas de 2017, na comparação com 2016, podemos dizer que o Compass, apesar de ser um SUV médio, tumultuou a vida não de seus rivais diretos, e sim dos compactos. Tanto que seu principal rival, o ix35, não teve alterações no número de vendas – manteve as cerca de 10,3 mil nos dois períodos.


Mas dá, sim, para dizer que o ix35 perdeu, pois o mercado cresceu 9,36%, e o Hyundai não evoluiu em número de emplacamentos. O veterano também teve de encarar uma boa briga caseira com outro SUV médio que chegou em 2017, a nova geração do Tucson.

LEIA TAMBÉM

Em minha opinião, são várias as vítimas do Jeep, mas a principal foi o Renegade.


Exposto lado a lado com o Compass nas concessionárias Jeep, o veterano acabou tendo evidenciados seus dois principais pontos negativos (pouco espaço e motor flexível fraco).

Em 2017, o Renegade sofreu queda nas vendas de 25,7%, na comparação com 2016. Além disso, sua participação no segmento caiu de 17,05% para 9,25%.

O HR-V, por sua vez, não foi necessariamente uma vítima. Penso que é mais correto dizer que o Honda foi o perdedor da maior batalha do mercado brasileiro em 2017: HR-V x Compass.


O que o HR-V perdeu? A liderança geral no segmento de SUVs. Ainda assim, continuou sendo o mais emplacado entre os utilitários compactos, o que é uma vitória.

Além da liderança, o HR-V também perdeu participação de mercado. O Honda fechou 2016 com 18,43% do segmento de SUVs. Em 2017 a marca ficou com 11,52%.

A perda de participação, porém, tem outras razões além da concorrência com o Compass. Uma delas é o Creta. Além disso, o Kicks, nacionalizado em 2017, ganhou bastante espaço e conquistou 8,07% das vendas da categoria.


O principal mérito do Compass é ser um médio que, desde as versões de entrada, tem bom pacote de equipamentos e preço semelhante ao dos compactos topo de linha. Assim, acaba dando a seu consumidor muito status, sem cobrar muito por isso.

Além disso, é a opção mais racional do Brasil para quem quer um carro espaçoso com motor a diesel.

Com esses atributos, o Compass, a R$ 109.990 iniciais, acabou se tornando o SUV mais vendido do Brasil em 2017. Ele estreou nos últimos meses de 2016 e, desde o início, desafiou os SUVs compactos.


No ano passado, o Compass chegou a ficar em desvantagem na briga particular com o HR-V pelo primeiro lugar. No fim, levou a melhor.

CRETA

Quase todos os SUVs compactos perderam espaço com a chegada do Creta, em janeiro de 2017. Até o HR-V. Não dá para dizer, porém, que o Honda foi uma vítima, como já vimos acima. Afinal, ele vendeu mais que o novo Hyundai. Compass e Creta podem ter prejudicado o HR-V, mas o modelo conseguiu resistir bravamente


O Creta chegou atacando forte e fazendo bonito em vendas desde os primeiros meses. No ano passado, houve mês em que conseguiu ficar na liderança de todo o segmento de SUVs.

Seus maiores méritos são o bom espaço – superior ao do HR-V, que sempre foi uma das referências do mercado – e ampla diversidade de versões. Aliás, sua gama foi sendo ampliada no decorrer do ano.

O Creta tem várias opções de pacotes de equipamentos para as duas versões de motor (1.6 e 2.0) e duas de câmbio (manual e automático). Além disso, oferece bom nível de soluções tecnológicas. Seus preços vão de R$ 76.350 a R$ 102.580. Foi o terceiro SUV mais vendido do Brasil em 2017 (10,04% de participação no segmento) e o segundo entre os compactos em geral.


Em meu ponto de vista, a principal vítima do Creta foi o Duster. Mesmo sendo simples e pouco moderno, o Renault era até então o SUV compacto mais adequado para quem precisa de espaço.

O Creta foi a solução para quem quer, além de espaço, modernidade e tecnologia. Sua chegada é uma das razões para a queda nas vendas do Duster em 2017. Seus emplacamentos recuaram 30,5% ante 2016. A participação de mercado caiu de 8,39% para 4,25%.

O Duster também foi prejudicado pela chegada de seu “irmão” Captur, com o qual dividiu vendas. O novo Renault, porém, não conseguiu grande destaque no mercado em 2017 – e talvez tenha sido mais uma vítima do Creta.


VEJA TAMBÉM: OS CARROS MAIS VENDIDOS EM JANEIRO

POLO

O Polo chegou tarde em 2017, mas fez bonito. Já estreou, em novembro, na lista dos 20 carros mais vendidos do País. Em dezembro, se aproximou do “top 10”.


Em janeiro de 2018, seu terceiro mês de vendas, o Polo foi o quarto carro mais vendido do Brasil. Ele já fez vítimas? Em janeiro, sim, e foi o HB20, que caiu para a terceira posição – no ano passado, foi o segundo mais vendido.

Porém, o “marasmo” do HB20 já vem sendo observado desde meados de 2017. Apesar de ter conseguido fechar o ano passado no segundo lugar, o Hyundai foi um dos únicos no “top 10” a regredir em vendas. Os emplacamentos foram 13,2% inferiores aos de 2016.

Enquanto investia no Creta, a Hyundai foi deixando de lado a modernização do HB20. Lançado há quase seis anos, o badalado hatch já sente o peso do tempo, principalmente quando comparado ao Polo, e também ao Argo – um dos que tirou clientes do veterano no decorrer de 2017.


Sobre o Polo, o início de vendas avassalador é fruto de uma verdadeira revolução no segmento. Ao mundo dos hatches compactos, ele trouxe, entre outras tecnologias, motor turbo com injeção direta de combustível e painel virtual (só para citar alguns exemplos). Algo que, para o público do HB20, antes parecia só um sonho.

Compass e Creta fizeram, em 2017, o mesmo barulho que o Polo promete fazer em 2018.

Newsletter Jornal do Carro - Estadão

Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.

Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de privacidade de dados do Estadão e que os dados sejam utilizados para ações de marketing de anunciantes e o Jornal do Carro, conforme os termos de privacidade e proteção de dados.
Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.