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Já dá para comprar um carro chinês?

A resposta para essa pergunta sempre foi um sonoro não. Mas agora, pela primeira vez, a resposta pode passar a ser sim

Diego Ortiz

14 de fev, 2019 · 4 minutos de leitura.

Tiggo 7" >
CAOA Chery Tiggo 7
Crédito: Crédito: CAOA Chery/Divulgação

Em todo lugar que alguém descobre que eu sou jornalista automotivo duas perguntas são recorrentes:
qual o carro mais legal que você já dirigiu? E se vale a pena comprar um carro chinês? A primeira
resposta tem variado ao longo dos anos. A segunda nunca foi diferente de não. Mas estes dias podem
estar contados. A CAOA Chery lançou nesta semana o Tiggo 7 que, de acordo com a mídia especializada,
é um poço de virtudes.

Eu ainda não dirigi o carro. Mas para o Hairton Ponciano, um dos mais experientes avaliadores do setor, desempenho, lista de equipamentos e até o acabamento, sempre o ponto mais fraco dos chineses, têm nota alta. Há certos deslizes, como o conta-giros, que funciona no modo anti-horário. Mas fora isso, não há nada realmente que possa ser considerado um defeito grave.

Este aumento da qualidade de modelos chineses, em especial os da CAOA Chery, têm um motivo lógico e
que é cantado aos quatro ventos há tempos. Há 20 anos, automóveis coreanos também não eram bons. Eram iguais ou piores que os primeiros chineses. Mas projetistas e engenheiros do mundo todo foram contratados, trabalharam duro por anos, e o fruto disso está hoje nas ruas do planeta sob a forma de Hyundai e Kia, brigando de igual para igual com Ford, Renault e Volkswagen em alguns segmentos.

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Hyundai e CAOA no rastro do Tiggo 7

Importador oficial da Hyundai por anos no País, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o CAOA, sabe bem
como é começar a trabalhar uma marca praticamente do zero em termos de qualidade e quais ajustes
precisam ser feitos. Esse conhecimento faz sua nova marca sino-brasileira apresentar evoluções
significativas produto após produto, usando um atalho que a Hyundai não teve na época e mesmo assim
venceu.

Junta-se a isso a ofensiva publicitária de sempre, que pavimentou o sucesso da Hyundai no Brasil, e
a CAOA Chery e seu Tiggo 7 têm tudo para incomodar concorrentes de peso como o Jeep Compass, por incrível que pareça.

Veja mais: Os usados mais vendidos em janeiro

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”