A minha prima Bruna e seu marido Santiago voltaram na semana passada de Mendoza e trouxeram uma surpresa para mim: estas lindas fotos do modelo 2CV, que na Argentina se chama 3CV. Eles alugaram o Citroën por dois dias para rodar pela linda região de montanhas e vinícolas da região localizada a noroeste da Argentina, bem mais próxima de Santiago, no chile, do que de Buenos Aires.
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Nem todo mundo no Brasil conhece o 2CV, mas ele é um carro muito importante na Europa, por ter sido a “arma” francesa para combater um carro amado e idolatrado pelos brasileiros, o Volkswagen Fusca. Em 2007, visitei o Conservatoire, local nos arredores de Paris que tem uma inestimável coleção de modelos Citroën. Lá, tive a oportunidade de dirigir um 2CV, além de conhecer a fascinante história deste veículo. Leia o relato mais abaixo.
O aluguel de modelos 2CV em Mendoza é feito pela empresa Slowkar. No site da locadora, há algumas informações sobre o frota, que tem sete carros, e sugestões de roteiros, mas nada de preços – para isso, é preciso entrar em contato por meio do e-mail hello@slowkar.com). No entanto, reportagem feita pelo colega Jason Vogel, do jornal O Globo, em 2013, tira alguma dessas dúvidas (leia aqui).
De acordo com Vogel, o aluguel varia de US$ 200, para um período de dois dias, a US$ 555, para oito dias. E o melhor: é você mesmo que dirige essa relíquia. Na Europa, há opção de alugar o 2CV, mas sempre com um motorista da empresa locadora guiando.
Minha sugestão: alugue por apenas dois dias. Explico: em Mendoza, a atração principal é visitar as vinícolas e degustar os vinhos produzidos por elas. Ou seja, um programa bastante etílico. E beber e dirigir não está com nada, convenhamos – além de ser ilegal.
Então, o aluguel vale mais para explorar as maravilhas da paisagem da região, que tem como um dos pontos altos a Aconcágua, mais alta montanha da América Latina – e segunda no mundo, atrás apenas da Himalaia.
Também de acordo com Vogel, os sete carros da frota da Slowkar foram restaurados pelo dono da empresa, Ramiro Marchesini.
ATRAÇÕES
Uma dica da Bruna e do Santiago foi visitar a vinícola The Vines, um verdadeiro resort dos vinhos. Lá, você pode plantar sua uva para produzir seu próprio vinho.
Além disso, há um hotel de luxo e o restaurante Siete Fuegos, do chef Francis Mallmann, talvez o mais renomado da Argentina.
Mas, a não ser que você vá se hospedar na vinícola, esqueça o 2CV, no caso deste passeio, heim. Nada de beber e dirigir.
RELATO
Guiamos um 2CV nos arredores de Paris
(reportagem publicada em 19 de janeiro de 2008)
Paris – Na fábrica da PSA, nos arredores de Paris, a Citroën mantém um espaço valioso para os apaixonados por carros clássicos. Trata-se do Conservatoire, uma espécie de acervo com 400 modelos da marca. Lá tivemos a oportunidade de dar uma volta em um dos ícones da montadora, o pequeno 2CV.
Resposta francesa ao alemão VW Fusca, o projeto do 2CV surgiu em 1935. Durante a ocupação da França pela Alemanha, na Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), seus protótipos foram enterrados em Paris, com o objetivo de escondê-los do invasor.
O carro foi então lançado em 1949 e “sobreviveu”, com poucas modificações, até 1990. No período, foram vendidas 5.114.940 unidades. Hoje, tornou-se um ícone da indústria francesa e personagem recorrente em exposições.
Construído para ser um carro com preço acessível, o 2CV é leve e seus processos produtivos eram simplificados.
Avaliamos o 2CV na versão Charleston, dos anos 80. Chamam a atenção os faróis redondos, externos à carroceria e a tradicional pintura bicolor. Por dentro, reina a simplicidade. O plástico que reveste os painéis não tem boa qualidade, e o volante conta com um raio.
No painel de instrumentos há apenas o essencial. O velocímetro é central e marca velocidade máxima de 120 km/h. Conta ainda com marcador de combustível e hodômetro analógico.
Trocar as marchas não é tarefa fácil. A alavanca do câmbio fica presa ao painel central, paralela ao assoalho. Para fazer as mudanças, puxa-se a haste, que depois deve ser empurrada para a esquerda e em seguida para frente. Pronto! A primeira marcha está engatada. As trocas para segunda e terceira são mais simples.
Quanto ao motor, esse 2CV tinha um 0,6 litro a ar, que rende 33 cv. Não dá para esperar muito: alto ruído vindo do propulsor, pedais duros e respostas lentas.
Mas mesmo que ergonomia e desempenho não sejam o forte do 2CV, o carro está hoje para os franceses como o Fusca para os alemães – e brasileiros. Um mito.
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