Quase todo mundo que é apaixonado por carros já sonhou em ser piloto de corrida. E você sabia que não é tão difícil como você talvez imagine?
É preciso de apenas um dia de treinamento para ter a chance de estar apto para correr em qualquer categoria do Brasil, com exceção da Stock Car. Fiz esse treinamento na última terça-feira (18), mas ainda não o concluí.
Com a baixa incidência de luz nesta época do ano, não deu tempo de concluir a “quinta aula”, na qual eu seria avaliada para saber se tenho condições de pilotar um carro de corrida em uma competição. Vai ficar para a próxima edição.
O treinamento é o “Pilotagem Esportiva”, ministrado pelo Centro de Pilotagem Roberto Manzini. Custa R$ 8.900 à vista, mas há opções de parcelamento (nesse caso, o valor muda; consulte por meio do e-mail ou telefone – confira o serviço abaixo).
A próxima turma já tem data definida: 18 e 19 de agosto. Após esse período, no fim do segundo dia de treinamento, o aluno pode optar por passar por avaliação (na “quinta aula”; veja detalhes abaixo), que é feito por Paulo Gomes, o primeiro campeão da história da Stock Car.
Paulão passa todo o segundo dia acompanhando o treinamento dos alunos. Ele é o representante da CBA, responsável por avaliar quem pode ou não receber autorização para obter a carteirinha de piloto.
Para passar na avaliação, é preciso virar tempos de volta no Autódromo de Interlagos, onde é realizado o programa, em um tempo máximo estipulado pela coordenação do centro de pilotagem. Esse tempo pode variar conforme as condições de pista e clima, por exemplo.
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De acordo com Paulão, a maioria dos participantes é aprovada. O valor da avaliação e homologação do certificado, porém, não está incluído no preço do treinamento.
Todo o processo de filiação, já com a carteirinha (tem de ser providenciada junto à CBA), sai por cerca de R$ 2 mil. Aí, você já será piloto da categoria “B”. Dá para correr, por exemplo, em categorias como Porsche Cup e Sprint Race, por exemplo.
Lá fora, é possível disputar o Mundial de Endurance, que inclui a 24 Horas de Le Mans, na categoria GT-AM.
Já para chegar à categoria “A”, a da Stock Car, é necessário experiência. O piloto tem de conquistar bons resultados em um campeonato brasileiro.
Curioso é que a maioria dos participantes não tem verdadeira intenção de competir. Ainda assim, trata-se de um público formado por entusiastas da velocidade. Quase todo mundo opta por ter a carteirinha.
O curso que te transforma em piloto
O “Pilotagem Esportiva” foi o primeiro passo de grande parte dos pilotos brasileiros das últimas gerações. Geralmente, eles passam pelo kart e fazem o treinamento para receber graduação.
Alguns dos instrutores, inclusive, são pilotos de categorias importantes no Brasil e no mundo.
O programa começa na noite do primeiro dia. Durante três horas, alunos recebem instruções sobre a pista e a maneira correta de guiar em um circuito. Além disso, há lições sobre o comportamento dos sistema do carro e como eles interferem em suas reações.
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Com isso, o aluno fica conhecendo ainda mais os detalhes dos automóveis – a maioria já sabe bastante.
Essa sessão ocorre no Centro de Pilotagem Roberto Manzini, em frente ao Autódromo de Interlagos.
No segundo dia, o programa tem início às 7h30, já em Interlagos. São cinco aulas, cada uma com cerca de dez minutos. Nas três primeiras, o aluno é acompanhado por um instrutor, que diz o que ele tem de fazer.
Ao fim de cada aula, o participante recebe feedback sobre seus erros, acertos e como é possível evoluir. A partir da quarta aula, dependendo do desempenho, o aluno vai para a pista sozinho.
O mesmo ocorre na quinta aula, quando são aferidos os tempos. A cada parte do treinamento, a velocidade vai aumentando. A rotação do motor começa limitada a 4 mil unidades, vai para 5 mil e, no fim, não há limites.
Fundamentos para fazer bons tempos
O principal segredo de se dirigir em um circuito no menor tempo possível é manter o volante reto. Direção virando é sinal de perda de tempo.
Assim, em uma curva, é primordial conhecer bem os pontos de ataque e tangência. Ao atingir esse ponto, geralmente, tem início a aceleração, e o volante deve ser apontado para o lado de fora, para se manter reto. É o famoso sair da curva acelerando.
Mas para conseguir isso, é preciso dominar diversos outros fundamentos. Onde é o ponto ideal de frenagem? Qual é o momento certo de fazer trocas de marcha (bem diferente da execução dessa função em carros de rua)? Quando se deve voltar a acelerar?
Ao longo do dia, o aluno vai aprendendo, evoluindo, conhecendo cada cantinho do autódromo de Interlagos. Os tempos vão baixando, enquanto a satisfação e a adrenalina aumenta.
Não é à toa que o público é formado por gente que ama carros ou velocidade. Que participa de “track days”, ou simplesmente quer passar a entender melhor cada detalhe de uma corrida de carros. Ou ainda aqueles que vão por pura paixão e adrenalina, coroada pelo gostinho de dizer: eu sou um piloto de verdade.
O carro
O programa de pilotagem é feito com um Volvo C30 totalmente modificado. O câmbio é manual de cinco marchas. No treinamento, são usadas apenas a terceira (em quase todo o miolo de Interlagos), a quarta e a quinta.
A medida que a rotação vai sendo liberada, no decorrer das aulas, as trocas de marcha passam a ser feitas em pontos diferentes.
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O motor também foi modificado. E, como não há nenhuma proteção acústica, o barulho é empolgante nas acelerações, reduções de marcha, etc.
Há ainda célula de sobrevivência, bancos de competição e cinto de quatro pontos. O painel foi todo modificado. Em evidência, fica o conta-giros, já que a rotação é o que realmente importa para se obter um bom desempenho (ela deve ser mantida cada vez mais próxima do limite de corte).
Os pneus são do tipo slick. Os freios ABS e o controle de estabilidade foram retirados. Com o C30 do programa de pilotagem, é no braço. Porém, há assistência à direção, que também pode ser desligada.
Não é incomum o aluno rodar durante o trajeto. Acontece bastante. Afinal, ali a ordem é conseguir levar o carro ao limite. E claro que haverá alguns percalços nessa trajetória.
Outros detalhes e serviço
Estão incluídos no programa os equipamentos de segurança que o piloto deve usar. Há macacão, capacete, balaclava e luva.
Alimentação também faz parte do pacote. Durante todo o programa, em tendas montadas no laranjinha, estão disponíveis snacks, frutas, sucos, água e refrigerante.
O almoço é servido no centro de pilotagem, em frente ao autódromo.
Ao fim das atividades de pista, há uma aula de despedida, onde são entregues certificado e pen drive com as voltas da quarta e da quinta aulas.
Há ainda uma aula de duas horas sobre as bandeiras usadas no automobilismo. Caso alguém saia dali e decida realmente se tornar piloto. E, depois de um dia de tanta emoção, é bem comum essa hipótese passar pela cabeça do aluno, mesmo que logo seja deixado de lado.
Após participar desse treinamento, fica difícil tirar Interlagos e a sensação de velocidade de dentro de você.
O e-mail do centro de pilotagem é curso@robertomanzini.com.br. Os telefones são (11) 5668-5353 e (11) 97503-5491 (apenas WhatsApp).
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