Eu estava escutando o hino da Alemanha tocar em homenagem a Nico Rosberg, no domingo, durante a cerimônia do pódio do GP do Brasil de Fórmula 1, quando comecei a ouvir o canto: “Olê, olê, olê, olá, Massa, Massa”. Ali no pit lane, diante do pódio, eu virei a cabeça e o que vi atrás da grade que separa a área dos boxes da pista me deixou emocionada: uma multidão havia invadido a reta principal para saudar Felipe Massa.
(Veja mais imagens dos bastidores do GP no Instagram: @blogprimeiraclasse)
Estive em Interlagos para assistir à Fórmula 1 pela primeira vez em 2005. Desde então, só deixei de ir ao autódromo para ver a corrida em duas ocasiões, 2009 e 2010. Jamais, em oito vezes, tinha presenciado algo parecido, uma interação rara entre público e categoria que só se vê em corridas como Monza, na Itália.
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No ano passado, quando tirou o capacete na volta de retorno ao box, após sua última corrida de Fórmula 1, em Interlagos, Mark Webber chamou a atenção para o fato de que, na Fórmula 1, há pouca conexão com os fãs justamente por os pilotos desempenharem a atividade profissional de capacete.
O pódio é o grande momento para ocorrer esse tipo de interação, mas na maioria dos circuitos, a maior parte do público não pode ver a cerimônia. Daí a comoção da cena de domingo. Aquela invasão foi um deleite não só para os aficionados por F-1 que em Interlagos estavam, mas também para os pilotos, especialmente Felipe Massa, inegavelmente comovido com as manifestações de carinho.
Pois bem. Passada a corrida, cheguei em casa e passei a ver, no Instagram, fotos da tal invasão. Notei que muitas tinham as hashtags “FoiPlanejado” e “InvasaoF12014”. Por meio delas, cheguei ao perfil de vários usuários, inclusive um feito para planejar a invasão.
Entre as imagens, uma era do perfil @jhesouza, de um usuário que se identifica como Jefferson Souza. Uma das fotos mostrava Souza de costas, com a multidão atrás de si, segurando um alicate na mão.
Em outra imagem de @jhesouza, é Niki Lauda, sorridente, que aparece com o alicate na mão. Já haviam surgido imagens do ex-piloto austríaco e dirigente da Mercedes saudando a multidão. Lauda estava fazendo uma gravação para uma rede de TV da Europa quando viu o alicate. Logo quis saber o que era.
Não é à toa que um dos gritos da multidão, além da saudação à Massa, era “Niki Lauda”.
Nesta terça-feira, o blog do Victor Martins, do site Grande Prêmio, explicou essa história e, pelo que entendi, falou com Jefferson Souza. A invasão teria sido planejada por Whatts App e outras redes sociais e o alicate, usado ajudar para romper a grade entre a arquibancada A e a pista (leia aqui).
Souza, aliás, teria pedido desculpas por danificar um patrimônio, mas justificou o “vandalismo” com o desejo de ver as coisas mudarem em Interlagos – uma vez que os organizadores do “movimento” de invasão teriam entrada em contato com o autódromo para fazer isso de maneira lícita. Receberam a resposta de que não havia segurança em Interlagos para permitir a ocupação da pista.
Quando os primeiros invasores foram à pista, seguranças do autódromo tentaram barrá-los. Porém, não conseguiram conter toda a multidão e, por fim, desistiram. O resultado é que que foi mostrado na TV Globo.
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