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Falta de um e-commerce robusto vai sair caro para as montadoras

Método presencial de vendas de carros entrou em colapso com a pandemia do coronavírus e montadoras ainda não têm ferramentas para reverter este quadro

Diego Ortiz

27 de abr, 2020 · 5 minutos de leitura.

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CONCESSIONÁRIA DIGITAL DA FIAT NA AVENIDA PACAEMBU. FOTO: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO

Dez entre dez especialistas de negócios, quando perguntados, dizem que os segmentos de negócio que não investem pesado em vendas virtuais não vão sobreviver muito tempo. As montadoras sempre foram deixadas de lado desta equação pela especificidade do negócio, pela quase obrigação de testar o produto antes, algo que não se consegue com exatidão (ainda) à distância.

Pois bem. Aí veio uma pandemia que tem como base do não contágio as pessoas não saírem de casa e as vendas de automóveis caíram 80% em abril. E assim, sem ter para quem vender, a maior indústria empregadora do Brasil parou. Não há um parafuso sendo apertado nas fábricas brasileiras de carros no momento por causa da não proliferação do coronavírus, claro. Mas mais porque não há para quem entregar esses carros.

O alto valor de compra é apontado por alguns especialistas também como motivo da queda. Claro, comprar um carro de R$ 50 mil não é igual comprar uma geladeira de R$ 1.500. Mas este argumento não sobrevive se olharmos outros segmentos do mercado, principalmente o de imóveis. Com financiamento de 20 anos para algumas unidades e preço quase sempre 10 vezes maior que o de um carro, os imóveis vão fechar este mês com 63% de retração. Um número alto, mas ainda assim bem menor que o automotivo.

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Montadoras não agem no desejo

A comparação aí está no método, não no desejo. As imobiliárias e incorporadoras que vendem apartamentos em ambientes digitais tiveram apenas 9,7% de queda nas buscas, com 37% de desistência de compras.O exemplo fica claro aqui.

Seria injusto, mesmo com estes argumentos, dizer que as montadoras não fazem nada. Na CES em Las Vegas (maior feira de tecnologia do mundo) em janeiro de 2019 eu mesmo presenciei várias demonstrações de serviços de vendas digitais que estavam ou seriam implementados em breve.

Mas ainda é tudo muito embrionário. E vai demorar para o cliente abandonar o conceito presencial estimulado pelas fabricantes nos últimos 100 anos. É preciso fazer com que o consumidor se divirta comprando assim como ele se diverte ao volante. É preciso fazer mais que banners de campanha ou pague só em 2021. É preciso mostrar porque o consumidor precisa do seu carro x e não do carro y. E isso não se faz mostrando apenas o que x ou y têm.


O tempo das fichas técnicas e comparativos de listas de equipamentos acabou. As montadoras precisam investir pesado em gamificação e em ambientes virtuais. O mundo não vai voltar a ser como era antes. A tendência da compra à distância se tornou o principal método na marra. E esse comportamento não vai voltar atrás.

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”