Houve um tempo em que os Estados Unidos reinavam absoluto como maior mercado consumidor de carros. E Detroit, sede das três montadoras do País (GM, Chrysler e Ford) era o símbolo máximo deste consumo. Inegavelmente e sem concorrentes, recebeu o apelido de “capital mundial do automóvel”.
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O Renaissance Center, sede da GM, com suas impressionantes e futuristas torres, é um velho conhecido do mundo; esteve em diversos filmes, inclusive “Robocop”.
O Salão de Detroit, evidentemente, brigava com o de Frankfurt pela posição de mais importante do mundo. Afinal, ele ocorre na capital do automóvel e no país dominava a indústria automobilística. Era uma imensa festa, na qual as montadoras locais, e anfitriões, dominavam as atenções com seus protótipos cheios de tecnologias, exercícios para o futuro da mobilidade.
Hoje, quem percorre os corredores do Cobo Center, onde ocorre o evento, tem a impressão de estar em outro salão. Não há mais protótipos futuristas. Os carros são muito “pé no chão”, como em um salão europeu. Reflexo de uma indústria que teve de aprender, na marra, a ser racional.
Em 2008, explodiu a crise mundial, americana e da indústria automobilística. A GM, um dos maiores símbolos da riqueza dos Estados Unidos – e até então maior montadora do mundo -, foi salva da completa e total falência pelo governo de seu país. A Chrysler, que também recebeu auxílio governamental, contou ainda com a Fiat – e, aos poucos, passou a ser controlada pela empresa italiana, formando o grupo FCA.
A Ford conseguiu se salvar sem apoio, mas não sem passar por maus bocados.
Os salões dos anos posteriores foram sofríveis. Esvaziados. Diversas montadoras deixaram de participar. Marcas importantes, como Nissan e Porsche. Os EUA, afinal, não eram mais os reis da indústria. Haviam sido ultrapassados pela China.
Mas nunca duvide da capacidade dos americanos. Eles sabem dar e volta por cima e se reinventar. As montadoras do País não voltaram à total prosperidade, mas se recuperaram. O mercado dos EUA concorre agora com o chinês pela posição de maior do mundo.
E, claro, todas as montadoras estrangeiras que haviam abandonado o barco voltaram. Até a Porsche. A Ferrari, não. O que é triste, pois salão automotivo sem Ferrari não tem a mesma graça.
Mas estão quase todas lá. De novo. Afinal, ninguém quer ficar de fora de um mercado de tamanho volume.
Mas muita coisa mudou. Além de carros mais racionais, com proporções menores (americano sempre gostou de carro grande), condizentes com o mundo em que poupar combustível é mandatório, os protótipos também estão muito próximos da realidade.
Além disso, nota-se que as estrangeiras ganham espaço, seja com seus modelos ou ações de marketing. A Mercedes, por exemplo, foi a montadora que mais deu o que falar na edição de 2014, na qual “adesivou” com seus carros um dos símbolos da cidade, o trem suspenso conhecido como “People Mover”.
Tanto é verdade que, nesta edição, que começa em meados de janeiro, por ora as novidades anunciadas que mais a atenção são alemãs: a nova geração do Audi Q7 e o Mercedes-Benz GLE, que concorrerá com o BMW X6.
Na semana que vem, embarcarei para Detroit para cobrir o salão. A cidade outrora próspera perdeu muito de seus encantos após a crise – ela própria chegou a pedir falência. É verdade que ainda há muitas casas abandonadas, símbolos da crise. Para se ter uma ideia da decadência, atualmente há apenas um hotel cinco estrelas em Detroit. Os restaurantes de alto nível também são raros.
Por outro lado, aquela que ainda é a capital do automóvel tem diversos atrativos para os apaixonados por carros. Como visitas aos museus das três empresas sediadas na cidade. Quem for visitar Detroit em junho também poderá curtir uma etapa da Fórmula Indy.
Assim, Detroit é, sem dúvida, destino obrigatório do turismo automotivo. Por lá, além de mostrar todos os detalhes do Salão no site Jornal do Carro, eu darei dicas de turismo aqui no blog: hotéis, restaurantes, museus. Fiquem de olho.
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