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Car sharing recua na pandemia, mas procura deve crescer
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Car sharing recua na pandemia, mas procura deve crescer

Empresas que trabalham com car sharing têm queda no uso de serviço, mas esperam recuperar a clientela após o boom da pandemia com novos procedimentos

José Antonio Leme

25 de jun, 2020 · 11 minutos de leitura.

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car sharing
Car sharing terá que provar que será "saudável"
Crédito:GM/DIVULGAÇÃO

O novo coronavírus causou mudanças de comportamento na vida das pessoas. Quem pode está evitando usar transporte público em detrimento do veículo próprio. Para tentar evitar o contágio, serviços de compartilhamento de objetos e até de veículos (conhecido como car sharing) têm sido muito afetados.

Com o isolamento ao redor de 50% em cidades como São Paulo, houve queda na procura também pelo  car sharing. Isso porque as pessoas estão se movimentando menos e em trechos menores. Especialistas em mobilidade acreditam, contudo, que o serviço tende a se recuperar, embora de forma lenta.

Uma pesquisa do Instituto Ipsos na China mostrou que há uma expectativa de crescimento para o uso de car sharing. O número de entrevistados que usavam ou pretendiam usar carros compartilhados passou de 3% antes da pandemia para 5%. O veículo próprio é o item mais desejado pelos entrevistados em relação à mobilidade urbana.

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A palavra chave para retomar o crescimento e o retorno dos clientes é higiene. Segundo uma pesquisa da Deloitte, os serviços de mobilidade precisarão demonstrar a capacidade de atender às expectativas de segurança para a saúde dos consumidores. E a Nielsen registrou um aumento em atividades e itens associados à limpeza pessoal.

Segundo o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive, a queda no uso é uma “suspensão temporária”. Ele enxerga ao menos um ano ainda em números abaixo do pré-pandemia para o uso dos serviços. “Por mais que as pessoas ainda tenham receio do carro compartilhado ele é visto como mais seguro que o transporte público”, explica.

Garbossa também reforça que os clientes vão procurar serviços que mostrem a higiene como fator primordial no cuidado com o produto. “Tudo depende de uma vacina, é importante reforçar. Mas o hábito de higiene maior não vai sofrer um retrocesso”, ele completa.


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Serviços e soluções

Todos os serviços do tipo funcionam por aplicativos, para a reserva e (alguns) também para o desbloqueio do veículo. A Riba Share tem um serviço de scooter elétricas para aluguel em São Paulo. Como os veículos da empresa não têm uma base e ficam nas ruas, eles agora são limpos três vezes ao dia, diz Ricardo Cabral, Head da Riba Brasil.


Na Riba Share, você aluga o scooter por período e dentro de um baú já tem o capacete também. Apesar da higienização desses itens, a empresa estuda a possibilidade do cliente usar o próprio capacete daqui em diante. A empresa também está avaliando a concentração de scooter em bolsões para facilitar a higienização. Os pontos seriam próximo a locais estratégicos, como estações de metrô, shoppings ou hospitais.

O serviço que tinha uma média de 200 viagens diárias antes da pandemia, viu uma queda de 40% no movimento após a chegada do coronavírus ao País. Mas a expectativa, é que em um momento posterior, quando a flexibilização for feita por completo, que o uso do serviço dobre.

Troca de fretado pelo car sharing

No aplicativo Turbi, a base dos carros são estabelecimentos que funcionam 24 horas. Isso facilita o trabalho de limpeza das empresas contratadas que têm um protocolo a seguir e que adotaram o álcool 70º na higienização. Segundo o Chief Growth Officer da Turbi, Luiz Bonini, esses procedimentos serão mantidos no pós-pandemia.


Bonini citou também que as empresas enxergam o carro compartilhado como mais seguro para seus funcionários. “Um cliente quer abolir os ônibus fretados para os funcionários que vão até a sede da empresa em Barueri. O intuito é que quando o escritório voltar, inicialmente com 30% do pessoal, eles usem o serviço da Turbi para se locomover de casa para o trabalho”.

Dentro da base de clientes da empresa, o executivo afirmou também que uma pesquisa mostrou que 25% dos cadastrados no serviço querem vender o veículo próprio agora que o home office está se tornando uma realidade.

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Toyota aposta que modelo de negócio vai ajudar

A Toyota tem o “Mobility Service”, que é o programa de aluguel de carros por aplicativo da marca. Os carros são retirados e entregues nas concessionárias. Além da lavagem convencional, agora os carros passam por higienização de mais de 40 pontos.

O diretor de mobilidade da Toyota, Roger Armelini, frisou que agora, após qualquer aluguel, o carro é lavado novamente. “Antes, em casos de aluguel de uma hora, geralmente o veículo não era lavado de novo porque estava limpo”, diz.

A empresa também aumentou o intervalo entre os aluguéis de duas horas para três horas. Isso para garantir que higienização seja aplicada corretamente em todas as partes tocadas. O mesmo ocorre com carros que entram para revisão.


Com 33 concessionárias a Toyota fazia até 300 aluguéis por mês na sua base de clientes registrados no aplicativo. A queda foi mais acentuada em março e abril. Agora, com a reabertura de concessionárias, esperam a retomada, mas com uma curva lenta. Armelini aposta que a segurança de ter uma rede de concessionários cuidando dos carros ajudará na busca pelo serviço da Toyota.

Mais limpeza, mas preço igual por enquanto

Apesar de todos os esforços no sentido de aumentar a higienização do carros, de melhorar o trabalho de limpeza, todas as empresas dizem que isso, por enquanto, não vai acarretar em custos maiores para os clientes. Mesmo com tempo de parada superior para realizar a limpeza dos veículos, as frotas também não devem crescer agora.

Isso porque, como o movimento ainda está abaixo do que era o normal para as empresas, é possível dar conta mesmo com um intervalo maior entre cada empréstimo. Armelini reforça que “o mercado é quem faz o preço”.


Apesar do vislumbre de melhora, há serviços que deram adeus

Se alguns veem futuro à frente, outros deram adeus, mesmo antes da pandemia. A Zazcar, uma das mais antigas empresas de compartilhamento de veículos no País, encerrou as operações em novembro de 2019. A empresa estava em funcionamento desde 2010 em São Paulo. Agora ela vai apenas vender sua tecnologia de car sharing para B2B (modelo de negócio entre empresas).

Em âmbito mundial, a GM aproveitou o embalo da pandemia e encerrou também o seu serviço de compartilhamento, o Maven. A empresa já tinha retirado o serviço de funcionamento em oito cidades nos EUA, como Nova York e Chicago. Agora, encerrou de vez a operação. A empresa existia desde 2016 e iria ser lançada no Brasil. Um projeto piloto dentro das fábricas da GM, para aluguel aos funcionários, chegou a ser iniciado.

No mês de dezembro de 2019, a joint venture da BMW e Daimler nos EUA, a Share Now, também saiu de cena. O serviço foi a junção do Car2Go da Daimler com o DriveNow da BMW. Elas tinham se unido em fevereiro de 2019 e descontinuaram a atuação por “custos, complexidade da infraestrutura de transporte na América do Norte e a volatilidade no cenário global de mobilidade”. A empresa saiu também das cidades de Florença, Londres e Bruxelas.


GM/DIVULGAÇÃO
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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.