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Teste: Ford Territory aposta em equipamentos e espaço interno para bater de frente com o Compass
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Teste: Ford Territory aposta em equipamentos e espaço interno para bater de frente com o Compass

Novo Ford Territory vendido a R$ 165.900 esbanja espaço interno, capricha na lista de equipamentos, mas não empolga no desempenho do motor 1.5 turbinado de 150 cv

Diego Ortiz

07 de ago, 2020 · 8 minutos de leitura.

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Territory
Novo Ford Territory
Crédito:Ford/Divulgação

Quando o Ford Territory foi mostrado no Salão do Automóvel de 2018 e praticamente confirmado para o Brasil, o entendimento geral, vendo o carro de perto, era de que a montadora ia jogar no custo/benefício. Oferecer um carro grande e até bem bem equipado, mas por um preço muito menor que seu rivais. Afinal, o modelo vem da China, feito em parceria com a Jianling Motors. Já está com o projeto de certa forma amortizado.

Mas a Ford resolveu partir para o tudo ou nada. Apostou nas dimensões avantajadas do carro para encher ele de equipamentos de ponta. E refez todo o interior em comparação ao irmão chinês Yusheng S330. Deixando o aspecto bem mais sofisticado do que antes. O resultado disso é que o novo Ford Territory chega ao mercado muito completo e classudo, mas por R$ 11.910 a mais que o Jeep Compass. Custa a partir de R$ 165.900 na versão SEL.

Se isso vai dar certo, só o mercado pode dizer. Mas, segundo a Ford, os pilares para convencer os clientes estão no espaço e conforto, conectividade, tecnologia e custo de posse. Um dos trunfos logo de saída é um “mimo” para os 250 primeiros compradores da versão Titanium, de topo, que custa R$ 187.900. Eles terão um ano de seguro e as três primeiras revisões grátis, e carro entregue em casa e higienizado pelo Ford Clean.

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Fora isso, há um pacote especial de revisão que custa R$ 1.382 no total das três primeiras. Segundo a Ford, esse valor é o segundo mais baixo do segmento. Perdendo apenas para o Volkswagen Tiguan. E há 90 dias para pagar a primeira parcela, que estarão pela metade do valor até fevereiro de 2022.

Há vida além dos custos para o Territory

Mesmo tendo isso como foco por parte da Ford, o Territory é mais que cifras. Seu desenho não é tão impactante, mas é um belo que feijão com arroz que, se não apaixona, também não desagrada nenhum comprador. Em tempos de mercado em crise, ser generalista é uma vantagem bem grande.


Outro trunfo do SUV, no caso ainda mais expressivo, é seu espaço interno. Com entre-eixos de 2,71 metros e comprimento de 4,58 metros, o novo SUV da Ford tem 8 cm a mais entre as rodas e 17 cm no todo além do Compass. Isso resulta em muito conforto para cinco pessoas, até atrás, onde três ocupantes viajam sem aperto algum nas pernas. Mesmo o túnel central não atrapalha muito a viagem de um quinto elemento no meio.

Na frente, motorista e passageiro não esbarram em nada. Mesmo com o console central bem grande e repleto de porta-objetos. Outro destaque é o desenho dos bancos. Um esporte fino que agrada aos olhos e que segura muito bem o corpo do motorista. E há ainda o porta-malas de 420 litros para completar o pacote família.


O acabamento segue dando mais pontos para o Territory. Feito na cidade chinesa de Xiaolan, ele em nada se parece com o imaginário popular acerca de um carro do gigante asiático. Há plástico preto brilhante e acabamento metalizado por toda parte. Que se junta com apliques de madeira escurecida que dão um toque sofisticado ao carro. Não é jovial, mas é certamente agradável.

Há muita coisa de série

A lista de equipamentos, como a própria Ford faz questão de frisar, pode ser o grande diferencial de vendas do Territory. A SEL já traz rodas de liga leve de 18 polegadas, teto solar panorâmico, pintura perolizada, controles de estabilidade e tração, e tela multimídia de 10 polegadas com o sistema Sync com espelhamento do Apple CarPlay sem cabo. Fora isso, por meio do FordPass Connect, no celular, é possível fazer travamento e destravamento remoto, partida remota com climatização e localizar ele no estacionamento de um shopping, por exemplo.


Já a configuração Titanium traz ainda carregamento de celular sem fio e câmera de estacionamento de 360º com visão panorâmica. E mais sistemas de aviso de mudança de faixa e de monitoramento de pressão dos pneus, luz ambiente com sete cores disponíveis, bancos dianteiros com resfriamento e aquecimento e faróis de LED.

Ainda bem que é turbinado

Depois de tantos aspectos positivos, chega-se ao ponto fraco do Territory. O prazer ao dirigir. O modelo já vem da China com um motor 1.5 turbinado da Jianling. Que na verdade é fornecido pela Mitsubishi. Ele rende 150 cv a 5.300 rpm e 22,9 mkfg de torque a 1.500 rpm. Administrados por um câmbio automático CVT que simula oito marchas.


No papel, a potência deste 1.5 é ótima a faria de qualquer compacto um aspirante a esportivo. Mas o peso de 1.632 kg do SUV, aliado ao “soninho” do CVT, deixa o modelo lento especialmente nas arrancadas e ultrapassagens. Lá pelos quase 3 mil giros ele pega embalo e vai firme, se tornando um bom modelo para viagens em estradas pouco congestionadas. Mas em uso urbano ele sofre. E seu tamanhão, que era um ponto positivo até então, vira um defeito para quem gostar de acelerar mais forte.

Já a suspensão tem ajuste interessante para rodar nas cidades esburacas do Brasil. Com McPherson na dianteira e multilink atrás, não é mole o suficiente para deixar o carro bobo em curvas e nem dura para quicar nos buracos. Traz conforto na medida certa, principalmente para quem anda atrás, que não fica sacolejando.


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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”