Um dos grandes feitos da indústria automobilística brasileira – e desconhecido de muita gente – não é exatamente uma criação, mas uma réplica: o Porsche 356 Super 90, da Envemo.
No início dos anos 80, quando as réplicas de esportivos em fibra de vidro eram uma febre no País, o construtor Luís Fernando Gonçalves desmontou seu próprio Porsche 356 para fazer os moldes em fibra de vidro. O capricho e a qualidade de seu Super 90 foram tamanhos que o esportivo chegou a ser exportado para a Europa e o resultado impressionou os alemães de Stuttgart.
Fabricado entre 1980 e 1983, o Super 90 foi bem aceito no mercado brasileiro, mesmo porque as importações de veículos estavam proibidas desde 1976 e o público era sedento por novidades – e exclusividades. O carro, montado sobre a plataforma do VW Brasília, era empurrado pelo motor 1.6 litro de 66 cv – o propulsor Super 90 original, alemão, também era um boxer refrigerado a ar, tinha 1.582 cm3 de cilindrada e 90 cavalos daí a denominação do modelo.
Mas o que chamava atenção era a qualidade do produto, que lembrava em tudo o mítico esportivo alemão. O estofamento em couro, os instrumentos de painel, maçanetas e manivelas de portas, as rodas aro 15, a chave de ignição no lado esquerdo do painel, tudo tinha o espírito Porsche.
Uma dessas réplicas está nas mãos de um colecionador paulista, que leva a joia para passear nos domingos ensolarados. Seu exemplar, vermelho, fabricado em 1982, foi adquirido há sete anos. Desde então, vem recebendo mimos e caprichos. O interior, que segundo o dono era branco, recebeu carpete vermelho e forração dos bancos e laterais de porta na mesma cor. O resultado combinou com o painel, também vermelho, e com o volante de madeira e três raios. O atual dono do Super 90 também trouxe da Alemanha um rádio original Blaupunkt de época, a cereja do bolo da cabine.
Por fora, as rodas, cinzas, receberam calotas. Os faróis têm lentes trazidas da Alemanha e os dois belos olhos-de-gato sobre as lanternas em forma de gota, um charme da época, ajudam a moldar a personalidade da traseira. Por fim, o motor VW 1.6 nacional recebeu injeção eletrônica e teve partes cromadas. O preço da joia? “Já me ofereceram R$ 120 mil, mas não quero vender”, afirma o dono. Não deve.
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