Carro a álcool, propulsão híbrida, tração integral… Essas são apenas algumas das soluções que surgiram ao longo dos anos na indústria automotiva. Seja no Brasil ou lá fora, sempre é necessário que surja um pioneiro para servir de cobaia e, enfim, tirar as coisas da mesmice. Já imaginou, por exemplo, se existiria a febre dos utilitários esportivos urbanos se não fosse a Jeep? E será que o segmento de veículos elétricos seria o mesmo se a Tesla não existisse? Confira alguns carros que revolucionaram e alavancaram o mercado.
Já que para falar de veículo, hoje em dia, é quase impossível fugir ao tema emissões de poluentes, comecemos com um exemplo bastante sustentável: Toyota Prius. Hoje, além de o híbrido mais vendido do mundo, é também um dos maiores sucessos da história da fabricante. O modelo foi lançado em 1997, no Japão, e é tido como o primeiro automóvel amigavelmente sustentável produzido em larga escala.
A ideia de realizar a combinação entre motor a gasolina e propulsão eletrica e, de quebra, ter baterias alimentadas apenas com o movimento do carro, acabou por conquistar a indústria – e o mundo. A possibilidade de carregamento em tomadas (plug-in) veio mais tarde. Mesmo com alto custo, claro, tais tecnologias chamaram a atenção da concorrência e, logo, foram surgindo concorrentes, como Ford Fusion Hybrid e Honda Insight, por exemplo.
Álcool
Mas, lá atrás, quando o carro movido por baterias ainda estava longe de ser uma realidade nas ruas do mundo, o Brasil já estava de olho em menores emissões de poluentes. No início da década de 1980, o lançamento do Fiat 147 movido a álcool, de fato, chegou para ditar as regras da indústria. Como em qualquer boa ideia, mais que depressa a solução passou a ser copiada e/ou aprimorada pela concorrência.
O mesmo, todavia, aconteceu com o Volkswagen Gol Total Flex. Pioneiro no começo dos anos 2000, o modelo podia beber gasolina e/ou álcool em diferentes proporções. A ideia foi tão boa que, hoje, não se encontra mais carro exclusivamente a álcool no mercado de carros zero-quilômetro.
Fusca
Ainda na Volkswagen, não tem como deixar de falar do Fusca. Desenvolvido por Ferdinand Porsche, o modelo encomendado pelo então ditador alemão Adolf Hitler, em 1935, chega como “o carro do povo”. E assim foi. Vendido ao público em geral após a Segunda Guerra Mundial (antes disso, apenas uso militar), o sucesso foi tanto que algumas montadoras, como GM, Ford e companhia, passaram a quebrar a cabeça atrás de algo que pudesse barrar o sucesso do famoso “Besouro”.
Com soluções simples, como motor resfriado a ar instalado na parte traseira e porta-malas debaixo do capô da frente, o Fusca, em síntese, fez sucesso por meio de predicados como conforto e potência. Bem-sucedido, é o carro com mais tempo de produção em série no mundo, 81 anos – 1938 a 2019, três gerações. Só o Brasil, produziu 3,35 milhões de unidades.
Já destinado a mercados emergentes, o Fusca, em 1998, ganhou uma nova geração. Batizado como New Beetle, o carro de design retrô ficou longe do sucesso obtido na indústria pelo modelo original. Era, aliás, muito caro, contrariando a proposta inicial. O último Fusca, lançado em 2011, apesar do belo design, também não emplacou. E já saiu de cena.
Porta de entrada aos SUVs compactos
Não se pode dizer que ele foi um sucesso de vendas, mas que inovou, é fato! O Fiat Palio Adventure foi uma das últimas peruas do mercado brasileiro e, com abuso de plástico na carroceria e algumas soluções off-road (como o sistema Locker), acabou – lá no fim da década de 1990 – precedendo a chegada dos SUVs. Baseado nele, o mercado começou a incorporar os aventureiros de boutique, como Renault Sandero Stepway e Volkswagen CrossFox, por exemplo.
Mas, eis que no comecinho dos anos 2000, a Ford foi além e, por meio da platafoma do hatch Fiesta, criou o consagrado EcoSport. Um modelo urbano com visual aventureiro e preço barato. Dominou o segmento, impactou a indústria e o mundo e, contudo, criou a receita dos SUVs compactos que, hoje, quase dominam o mercado.
Esportivo
Por mais que, no passado, o quesito potência fosse um dos principais pontos de partida na hora de comprar o carro novo, nenhum outro modelo despertou tanto o desejo do consumidor como o Ford Mustang. Sinônimo de esportividade, é fácil observar como o mercado era antes e como ficou depois de seu lançamento, em 1964. Foi ele quem deu o pontapé inicial nos muscle cars. Depois, vieram Chevrolet Camaro, Dodge Challenger e companhia. Hoje, já na sexta geração, o Mustang é vendido no Brasil com o motorzão V8 5.0 de 466 cv de potência.
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Se lá atrás, a Toyota Hilux percebeu que era possível desbravar o mercado brasileiro de picapes – obrigando a concorrência a oferecer modelos menos espartanos e com atributos voltados ao conforto -, com o segmento de hatches, não foi diferente.
Lançado no Brasil em 1984, o Fiat Uno foi uma verdadeira revolução no mercado. Seis anos mais tarde, aliás, foi o primeiro modelo com motor 1.0 do Pais (vulgo Uno Mille). Apesar de econômico, tinha na simplicidade sua principal característica – com essa mesma receita, o hatch permaneceu no mercado até 2014.
Porém, mesmo com sucesso de público e valentia de sobra, era preciso algo a mais. Eis que, em 1994, entrava em cena o Chevrolet Corsa. Um projeto novo, inspirado em modelo europeu, com linhas arredondadas e, de quebra, soluções tecnológicas e acabamento caprichado. Com o advento do modelo, a concorrência, evidentemente, tratou de copiá-lo. É tanto que, até o VW Gol – sob forte ameaça de perder em número de vendas para o novato -, virou o “Gol Bolinha”, em 1995.
O precursor
Mas não dá para encerrar esta reportagem sem, antes, falar no Ford T. Este foi, de fato, um divisor de águas no segmento automotivo, afinal, até 1908 (quando foi lançado), os automóveis eram, literalmente, outra coisa. Pulando um pouco a história, foi em 1913 que Henry Ford tornou a linha de montagem uma realidade também para os automóveis – até então, feitos artesanalmente.
Com o novo formato, os ganhos de produtividade acabaram por revolucionar a indústria. Os carros ficaram bem mais baratos e se tornaram algo acessível aos trabalhadores. O sucesso foi tanto que, na década de 20, um em cada dois carros do mundo eram Ford T. Entre 1908 e 1927, foram mais de 15 milhões de unidades produzidas.