Na seção “Blogueiro Convidado”, o editor assistente do jornaldocarro.com.br Diego Ortiz, que também produz o blog Geek my Ride, faz uma análise sobre a relação entre o fetichismo e os carros esportivos, no embalo da estreia da versão cinematográfica de “Cinquenta Tons de Cinza”.
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POR DIEGO ORTIZ
Fetiche, um elemento sexual que já foi alvo de preconceito, de dúvidas, de curiosidade, e que agora virou o máximo pelas mãos, algemas e ceras quentes do personagen Christian Grey, do imenso sucesso literário “Cinquenta Tons de Cinza”. O estardalhaço com a publicação foi tanto que as linhas das páginas de papel vão ganhar as telas de alta definição dos cinemas em todo o mundo. A estreia no Brasil está programada para a próxima quinta-feira, dia 12.
Mas e os carros nessa história? Para começo de conversa, além de ser o bonitão mais desejado da ficção, Christian Grey tem vários Audi, em especial um R8. “O mesmo carro do Homem de Ferro”, dirá algum homem com o cenho franzido de raiva. Mas o “Iron Man” não fez sua mulher suspirar em êxtase nenhuma vez mesmo sendo o Robert Downey Jr.
Mas por que carros sempre são elementos fundamentais em uma trama de fetiche? A resposta é simples, ou melhor, nem tanto, demorou anos de estudo para ser respondida com apenas uma palavra pela psiquiatra Mariane Caiado: poder. Carros esportivos geralmente são caros, exigem muito dinheiro para serem comprados. E ter muita grana é sempre sinônimo de poder. “Tudo no mundo está relacionado a sexo, exceto o próprio sexo, que está relacionado a poder”. Essa frase de Oscar Wilde cai como uma luva coberta de tachinhas neste assunto.
Exercer sua vontade sobre os outros é o maior fetiche de um dominador, caso do personagem do livro, que seduz de todas as formas possíveis e transforma sua imagem em alvo de admiração de Anastasia Steele, a mocinha feliz da história. “Os narcisistas têm muito interesse na forma em como o outro vai sentir prazer com ele e se devota a isso para que seja recompensado com um maravilhamento”, afirma Mariane.
De acordo com a psiquiatra, pessoas que sofrem de transtorno do sexo excessivo, categoria onde se enquadra o fetichismo, costumam mesmo ter carros velozes e dirigir rápido. “Há a coisa da direção e das ultrapassagens, dois símbolos poderosos, e a estimulação da adrenalina”.
O homem que faz as mulheres suspirarem desde 2011 tem, então, o pacote completo do fetichista tradicional, um ponto e tanto para escritora inglesa E. L. James, que conseguiu em sua pesquisa para o personagem reunir elementos de fantasia que se sobrepuseram ao texto relativamente fraco do livro.
Minha mulher não leu a obra literária e nem está interessada em ver o filme (ah, ponto para mim) e eu não sou muito fã de fetiche, ou seja, vou demorar a ter acesso aos 50 de tons de cinza das telas. Talvez em um dia vazio ele pipoque no Netflix e tenha minha simpatia.
Mas, se é para confessar, vamos lá. A única vez em que me senti realmente assim, meio compulsivo e excitado no cinema, foi em “60 Segundos”, quando o belíssimo Ford Mustang Eleanor surgiu, evidenciando um sonho de consumo antigo. Sim, ele também é cinza, por coincidência, mas tem muito mais curvas que a atriz Dakota Johnson, que interpreta Anastasia Steele, e muito mais força que olhar 43 de Jamie Dornan, o fatídico Christian Grey.
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