Ainda que os preços dos carros estejam um tanto salgados desde o início da pandemia, todos os últimos lançamentos do mercado são modelos com câmbio automático. A tendência, portanto, é que os carros novos com pedal de embreagem sejam raridade, segundo estudo canadense. O maior motivo para a aceleração na mudança? As novas tecnologias embarcadas.
Essa previsão é do relatório do Automotive News Canada, que afirma que o sistema de frenagem automática de emergência, em especial, será o responsável por “matar” o câmbio manual. Tal tecnologia reúne outros recursos de segurança ativa, cada vez mais presentes em modelos na faixa dos R$ 100 mil. E isso pode acabar de vez com os veículos manuais.
Segundo o estudo, esse tipo de câmbio simplesmente não funciona ou funciona parcialmente com tecnologias semiautônomas como essas. A mecânica dos sistemas com frenagem automática com transmissão automática é muito menos complexa do que em veículos com transmissão manual, aponta o texto da publicação canadense.
E no Brasil, como fica?
No momento em que o sistema de frenagem automática for obrigatório nos carros novos, é provável que a troca de marchas deixe de fazer parte do cotidiano dos motoristas. Contudo, é improvável que essa determinação venha a acontecer no Brasil a curto ou médio prazos.
Por aqui, todos os veículos novos adotariam o controle eletrônico de estabilidade (ESC) a partir de 2022. Entretanto, tendo como justificativa a pandemia, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) adiou a obrigatoriedade do equipamento para 2024, a pedido das montadoras.
Nesse sentido, alguns modelos veteranos estavam próximos de sair de linha por causa da incompatibilidade ou do alto custo em implementar o recurso. Contudo, com o adiamento da obrigatoriedade do ESC, podem seguir à venda por mais algum tempo. Essa lista tem populares como o Fiat Uno, a dupla Volkswagen Gol e Voyage, e o Chevrolet Joy, antigo Onix.
Ou seja, estes veteranos concentram a demanda pelo câmbio manual. E os modelos mais modernos, em sua maioria, são vendidos com transmissões automáticas. Isso acaba por se refletir nos preços. Tal como publicamos aqui no Jornal do Carro, não há mais carros para PCD (Pessoas com Deficiência), porque não há mais automáticos abaixo de R$ 70 mil.
Hatches e sedãs automáticos
- Chevrolet Onix LT 1.0 turbo flex AT6 – R$ 78.800
- Chevrolet Onix Plus LT 1.0 turbo flex AT6 – R$ 83.900
- Fiat Argo Trekking 1.8 flex AT6 – R$ 82.590 (R$ 85.306 em SP)
- Fiat Cronos Drive 1.8 flex AT6 – R$ 87.290 (R$ 90.161 em SP)
- Honda Fit LX 1.5 flex CVT – R$ 89.000 (R$ 92.300 em SP)
- Hyundai HB20 Vision 1.6 flex AT6 – R$ 71.290 (R$ 72.590 em SP)
- Hyundai HB20S Vision 1.6 flex AT6 – R$ 76.090 (R$ 77.490 em SP)
- Nissan Versa Sense 1.6 flex CVT – R$ 80.390
- Renault Stepway Iconic 1.6 flex CVT – R$ 93.090
- Volkswagen Gol 1.6 flex AT6 – R$ 74.190
- Volkswagen Voyage 1.6 flex AT6 – R$ 82.750
- VW Polo 1.6 flex AT6 – R$ 78.180
- VW Virtus 1.6 flex AT6 – R$ 90.090
- Toyota Yaris hatch XL Live 1.3 CVT – R$ 80.990 (R$ 83.790 em SP)
- Toyota Yaris sedã XL Live 1.5 CVT – R$ 84.390 (R$ 87.390 em SP)
SUVs automáticos
- Chevrolet Tracker LT 1.0 turbo flex AT6 – R$ 106.800
- Honda WR-V LX 1.5 flex CVT – R$ 90.900 (R$ 94.300 em SP)
- Hyundai Creta Action 1.6 flex AT6 – R$ 84.990 (R$ 86.490 em SP)
- Jeep Renegade Standard 1.8 flex AT6 – R$ 92.990 (R$ 96.084 em SP)
- Nissan Kicks Sense 1.6 CVT – R$ 98.390
- Renault Duster Zen 1.6 flex CVT – R$ 97.490
- Volkswagen Nivus Comfortline 1.0 turbo flex AT6 – R$ 97.580
- Volkswagen T-Cross 1.0 turbo flex AT6 – R$ 112.790
Versões escassas no Brasil
No ano passado, o Jornal do Carro noticiou a escassez de modelos com câmbio manual nas concessionárias. Na época, entre os SUVs, praticamente não havia procura por versões manuais.
Cerca de 99,9% das vendas do Jeep Renegade são versões automáticas. O alto percentual se repete no Volkswagen T-Cross, com 99,6%, e no Chevrolet Tracker, com 98,9% das unidades automáticas.
As versões com o terceiro pedal estavam mais presente em modelos como o Gol (97,2%), Onix (62,8%) e Argo (96,2%). Cabe reiterar, contudo, que, no caso hatch da Fiat, esse número deve diminuir com a introdução do câmbio automático do tipo CVT, que chegará no 2º semestre.
Carros elétricos aposentarão câmbios manuais
Ainda distantes do Brasil, os veículos elétricos prometem também aposentar a transmissão manual, já que os modelos alimentados por baterias não possuem relações de marchas. Com o crescimento de montadoras que estabelecem uma data-limite para produzir carros a combustão, a transmissão manual fica cada vez mais no passado.
Como parte da nova estratégia de redução de custos e eletrificação, a Mercedes-Benz, por exemplo, anunciou em outubro do ano passado que não iria mais oferecer a opção de câmbio manual nos próximos anos. Porém, aos amantes das transmissões manuais, uma luz de esperança. A Opel recriou o Manta, um cupê dos anos 1970 e primo do Chevette, porém com estilo retrô, motor elétrico traseiro e câmbio manual.