Os carros novos lançados nos últimos dois anos chegaram bem mais caros e sofisticados no mercado. De repente, são vários modelos 0-km que passaram a vir de fábrica, por exemplo, com sistemas semiautônomos. Entre eles, o mais comum é o sistema de frenagem automática de emergência, que aciona os freios sozinho em caso de colisão iminente. Ou seja, o recurso pode evitar batidas de trânsito por desatenção.
Outro item que começa a se popularizar é o assistente de permanência em faixa, que faz correções no volante para manter o carro na trajetória. E, a partir daí, a lista de equipamentos avançados continua com mais tecnologias inteligentes, como faróis adaptativos de LEDs e controle de cruzeiro adaptativo, o ACC. Este último, inclusive, é capaz de acelerar e frear o veículo sozinho, acompanhando o outro que está à frente.
Além desses, há ainda o alerta de ponto cego, que auxilia o motorista com avisos de proximidade de outros veículos e torna conversões e manobras mais seguras, sobretudo onde circulam muitas motos. Aqui, ainda vale mencionar o Park Assist, que identifica uma vaga e faz as manobras de estacionamento, enquanto o motorista controla acelerador e freio.
No geral, essas novidades têm englobado a maioria dos modelos mais novos. Mas, a categoria que vem se destacando nesse aspecto é a dos SUVs compactos, que não para de receber novidades. Todos os últimos lançamentos têm uma lista repleta de conteúdos, como é o caso de Fiat Pulse, Hyundai Creta, Jeep Renegade e Volkswagen T-Cross.
Questão de sobrevivência
Para além da segurança, os novos SUVs – e mesmo os tradicionais hatch e sedã, como o novo Honda City – também vieram com arquiteturas eletrônicas mais robustas, para ofertar centrais multimídia maiores e conectadas. Bem como quadros de instrumentos digitais, com visores de 7” ou mais com imagens e gráficos de alta resolução (Full HD).
As atualizações, então, deixaram de ser apenas ”extras” e se tornaram questão de sobrevivência entre os SUVs. “Em 2021, a escassez de semicondutores fez com que as marcas começassem a priorizar os carros mais tecnológicos. Por isso, não teremos mais populares. Agora é necessário gerar resultados (lucro). Ou seja, concentrar semicondutores nos carros premium, com maior conteúdo tecnológico”, resume Antônio Jorge Martins, coordenador dos cursos automotivos da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
É o mesmo caso dos serviços conectados, que ganharam os modelos nacionais. Por meio de aplicativos no celular, é possível dar comandos no veículo, acionar o motor e o ar-condicionado, ou conferir se as portas estão travadas e quanto há de combustível no tanque, por exemplo.
Popular, não. Hi-tech!
O novo Hyundai Creta estrou há seis meses como um dos carros que mais refletem essa mudança no segmento de SUVs. Isso porque o modelo feito em Piracicaba (SP) oferece integração com aplicativo nos smartphones que permite ver dados de bordo e receber alertas de segurança em tempo real (como uma possível tentativa de furto).
Além disso, o SUV da Hyundai foi o primeiro da categoria a oferecer sistema de câmeras laterais, que projetam imagens no display do quadro de instrumentos quando a seta de conversão é acionada. No entanto, com as vantagens, vem o aumento de valor. Hoje, a nova geração do Creta parte de R$ 121.690 na versão de entrada Comfort, e chega aos R$ 170 mil na topo de linha Ultimate, avaliada recentemente pelo Jornal do Carro.
Já a Volkswagen aproveitou a onda de atualizações e trouxe novidades no T-Cross. Além de acelerar e frear automaticamente, o SUV desliga o motor e religa automaticamente quando faz pequenas paradas, como em semáforos, para poupar combustível. O modelo, atualmente, custa a partir de R$ 108 mil e quase alcança a marca dos R$ 160 mil na versão topo.
Motor turbo enriquece (e encarece) SUVs
Para acompanhar essas tecnologias, as montadoras começaram a adotar os novos motores turbo, que são mais potentes e também mais caros. Sobretudo nos SUVs compactos. Assim, eles estão sendo uma grande aposta das marcas, principalmente, com as regras mais rigorosas de emissões de poluentes nos carros pela Proconve L7.
O Fiat Pulse, por exemplo, estrou em território nacional com a promessa do 1.0 turbo ”mais potente do mercado”. O conjunto de três cilindros oferece 130 cv de potência máxima com etanol, e 128 cv com gasolina. Já o torque máximo chega a 20,4 mkgf com ambos os combustíveis, e é entregue logo a 1.750 rotações. Assim, o novo motor da Stellantis é mais forte e enche mais rápido que o 1.0 TSI da Volkswagen, que, até agora, era a referência entre os motores de 1 litro com turbo no Brasil equipando o Nivus e o T-Cross.
E claro, não poderíamos deixar o novo Jeep Renegade de fora. O SUV compacto, que acabou de chegar às lojas com novidades na linha 2022, passou por algumas mudanças significativas. Além de uma maior oferta tecnologia, a principal novidade é o motor 1.3 turbo flex. Ele substitui de uma só vez o 1.8 Etorq flex de até 139 cv e o 2.0 turbodiesel de 170 cv. Ou seja, as versões 4×4 agora bebem gasolina e etanol – e, por isso, estão mais baratas. O 1.3 turbo flex, em síntese, gera até 185 cv de potência e torque de 27,5 mkgf com ambos os combustíveis.
Dessa forma, o Renegade continua a oferecer três variantes, mas, com os preços mais altos. A partir de agora, a versão Sport passa para R$ 123.990, a Longitude para R$ 138.990 e, encerrando, a Trailhawk ficou em R$ 163.290.
Novos Duster também é turbo flex
Outro que vale a pena citar é o novo Renault Duster, que aposentou o velho 2.0 flex e trouxe o 1.3 turbo flex da marca francesa. De acordo com a montadora, ele foi feito com a Mercedes-Benz, e, por isso, está disponível (em versão a gasolina) em modelos da marca da estrela, como o SUV de 7 lugares GLB, atual carro de entrada da alemã no Brasil. Na Renault, ele estreou há poucos meses no SUV Captur.
Em ambos os SUVs, o conjunto é rigorosamente o mesmo. Tem 162 cv de potência com gasolina e 170 cv com etanol. Além disso, gera 27,5 mkgf de torque máximo a partir de 1.600 rpm com ambos os combustíveis. Até a aceleração de zero a 100 km/h é a mesma: leva 9,2 segundos, com velocidade máxima de 190 km/h. Com essa alteração, o Duster passa a custar R$135.590.
Turbo é tendência
Antes visto como artigo de luxo para esportivos, os motores tubo tinham a função de garantir desempenho extra em altas rotações. Entretanto, hoje, prioriza o menor consumo de combustível, sem deixar de fornecer boas respostas em acelerações e retomada. Então, faz sentido que modelos com essa configuração tenham caído nas graças do público brasileiro. E não é apenas em relação ao desempenho e ao consumo. Tem também um apelo mais ecológico, já que esses motores emitem menos gases poluentes.
Assim, ao contrário de antigamente, agora é comum ver no mercado, principalmente, motores 1.0 turbo com potências até então entregues por propulsores com maior cilindrada.
De um tempo pra cá, marcas como Hyundai, Chevrolet, Caoa Chery, entre outras, passaram a oferecer motores com essas tecnologias que, afinal, podem ser aproveitadas em diversos veículos diferentes. Por sinal, a Stellantis lançou o 1.0 turbo do Pulse, derivado do tricilíndrico 1.0 Firefly do Argo, mas oferece o motor em outros modelos do grupo, desde o Peugeot 208 e o futuro Citroën C3, que se tornou um mini SUV.