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Stellantis mostra Jeep e picape RAM elétricos e coloca Brasil no ‘top 3’
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Stellantis mostra Jeep e picape RAM elétricos e coloca Brasil no ‘top 3’

Segundo Carlos Tavares, CEO do grupo Stellantis, operação no País é modelo de eficiência para os demais mercados globais da montadora

Tião Oliveira, de Amsterdã (Holanda)*

01 de mar, 2022 · 9 minutos de leitura.

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Stellantis Jeep elétrico
Stellantis anuncia calendário de eletrificação das marcas do grupo e revela primeiras imagens do SUV elétrico da Jeep
Crédito:TIÃO OLIVEIRA/ESTADÃO

O CEO da Stellantis, grupo formado da união da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) com a PSA (Peugeot Citroën), Carlos Tavares, apresentou na manhã desta terça-feira (1) os planos globais de longo prazo da empresa. Dentre eles, as revelações do Jeep e da picape RAM elétricos (fotos), e do calendário de lançamentos. Antes, porém, o executivo português recebeu um pequeno grupo de jornalistas brasileiros em Amsterdam, onde fica a sede administrativa da companhia, para uma rápida coletiva.

Traseira do Jeep elétrico terá lanternas do novo Renegade (TIÃO OLIVEIRA/ESTADÃO)

De acordo com Tavares, o Brasil é visto como o terceiro motor global do grupo, atrás dos Estados Unidos e da Europa. Estes dois mercados internacionais representam 90% dos negócios da empresa. Entretanto, Tavares lembra que as vendas de veículos, sobretudo na Europa, despencaram desde o início da pandemia.

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Nesse período, os emplacamentos caíram de cerca de 18 milhões para 15 milhões de unidades. Assim, a Stellantis vê a América Latina como uma importante operação global. E o Brasil como protagonista no bloco. “O Brasil é um exemplo de eficiência para os demais mercados onde a Stellantis atua”, afirma Tavares.

Em 17 de janeiro, o grupo informou uma receita líquida global em seu primeiro ano de operação de € 152 bilhões. Por sua vez, o lucro operacional dobrou, para € 18 bilhões, na comparação com a soma dos resultados das marcas antes da fusão global. Na América do Sul, A Stellantis liderou as vendas de veículos em 2021, com mais de 830 mil emplacamentos. Ou seja, uma alta de 48% no total, segundo informações da fabricante.




Stellantis
Carlos Tavares, CEO da Stellantis, recebe jornalistas brasileiros (TIÃO OLIVEIRA/ESTADÃO)

O tamanho do Brasil

No Brasil, maior mercado de veículos da região, a Stellantis oferece modelos das marcas Citroën, Fiat, Jeep, Maserati, Peugeot e RAM. Aliás, a picape Fiat Strada, que é feita na fábrica de Betim (MG), foi o veículo leve mais emplacado do País em 2021. Já o Jeep Renegade, que tem produção em Goiana (PE), foi, então, o SUV mais vendido.

Além das fábricas em Minas Gerais e Pernambuco, a empresa passou a ter também a fábrica da PSA Peugeot Citroën em Porto Real (RJ). A unidade fluminense, que por ora faz apenas o SUV Citroën Cactus, está prestes a iniciar a produção do novo Citroën C3.


Jeep Compass 4xe híbrido
Jeep Compass híbrido virá ao Brasil em 2022 (TIÃO OLIVEIRA/ESTADÃO)

Vanguarda flex

Tavares diz que a tecnologia de motores flexíveis no Brasil é uma importante ferramenta para reduzir emissões de CO2, graças à utilização do etanol. De acordo com ele, os carros eletrificados, sejam eles híbridos ou puramente elétricos, ainda são caros. “Na Europa, para neutralizar as emissões, um carro elétrico tem de rodar 85 mil km”, aponta.

O executivo se refere a todo o processo produtivo, que inclui da extração de matérias-primas para produção, como metais e plásticos, à construção das baterias. Segundo Tavares, por causa dos custos de produção, o mercado de carros elétricos ainda é restrito aos mais ricos. “Os modelos flexíveis, que têm preços equivalentes aos de carros movidos apenas por combustíveis fósseis, garantem o acesso de mais compradores ao mercado”.


Stellantis carros elétricos
Stellantis revelou calendário de lançamento de elétricos (TIÃO OLIVEIRA/ESTADÃO)

Assim, afirma o executivo, do ponto de vista das metas de redução de emissões, faz mais sentido vender um grande volume de veículos flexíveis do que um pequeno número de elétricos. “No caso do elétrico, é preciso avaliar todo o ciclo de produção, das baterias, bem como da geração de energia para esses carros”, detalha o chefe da Stellantis.

Ou seja, não adianta o modelo ser zero emissões enquanto a energia elétrica vier de fontes poluidoras, como a queima de combustíveis fósseis. No Brasil, a maior parte da eletricidade é entregue por hidrelétricas. Outras fontes limpas, como a eólica e, sobretudo, a fotovoltaica, vêm avançando. Porém, em momentos como a recente crise hídrica, é preciso ativar as termelétricas para garantir o fornecimento. Assim, na ponta do lápis, isso inviabiliza a redução das emissões de carbono por veículos.


Stellantis RAM elétrica
Desenhos mostram a picape elétrica da RAM (TIÃO OLIVEIRA/ESTADÃO)

O que vem por aí

Após o bate-papo com Carlos Tavares, ficou mais claro quais serão os próximos passos da Stellantis no Brasil e na região. O grupo vai acelerar a eletrificação lá fora, com ao menos cinco lançamentos – um deles, a picape 100% elétrica da RAM, que teve desenhos revelados. Serão duas picapes, dois SUVs Jeep, um muscle car da Dodge e um crossover da Chrysler.

Para a América do Sul e o Brasil, a Stellantis terá elétricos e híbridos. Inclusive, o grupo vai desenvolver sistema híbrido flex para os carros nacionais, tal como fez a Toyota. Mas os lançamentos não vão esperar pela tropicalização. Isso porque a Jeep lançará já neste ano o Compass 4xe, versão híbrida do SUV a gasolina. Pouco depois, virá o Renegade 4xe.


Tavares também confirmou outros lançamentos. Nos planos da Stellantis para a América Latina estão três picapes até 2024. Uma das apostas será a RAM elétrica, mas, há outros modelos a caminho. São os casos, por exemplo, da picape nacional da marca RAM, a ser feita na fábrica de Pernambuco. Bem como da Peugeot Landtrek, que continua cotada.

*O jornalista viajou a convite da Stellantis
** Colaborou Diogo de Oliveira


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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”