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Carros híbridos: entenda os sistemas que vão dominar o mercado brasileiro
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Carros híbridos: entenda os sistemas que vão dominar o mercado brasileiro

Com mais de 6 mil emplacamentos no primeiro trimestre de 2022, os carros híbridos são a grande aposta das marcas para o mercado brasileiro nos próximos anos

Jady Peroni, especial para o Jornal do Carro

12 de mai, 2022 · 11 minutos de leitura.

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híbridos
Híbridos flex prometem ser a bola da vez nos próximos anos no mercado brasileiro
Crédito:Toyota/Divulgação

O mercado brasileiro está prestes a dar o primeiro grande passo na eletrificação dos carros nacionais. A partir de 2023, veículos feitos no País, incluindo modelos compactos, passarão a oferecer versões com sistemas híbridos. Até o momento, apenas a Toyota produz carros eletrificados por aqui, com a dupla Corolla sedã e Corolla Cross. Ambos utilizam um sistema híbrido completo, que combina motores a combustão e elétrico, câmbio CVT e bateria.

Entretanto, para os carros mais acessíveis, a tecnologia que irá dominar o mercado é mais simples. Trata-se do sistema híbrido leve, que une o motor a combustão a um gerador/alternador e uma bateria de 48 volts. De concepção mais básica, esse conjunto também é mais fácil de ser adaptado aos modelos atuais, e não requer grandes investimentos em projeto.

híbrido
Volkswagen/Divulgação

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Assim, apesar de a Toyota liderar a corrida pela hibridização no País, outras montadoras estão preparando novidades para este segmento. É o caso, por exemplo, da Volkswagen, que quer ser pioneira com o novo Polo 2023. Previsto para estrear no segundo semestre, o hatch compacto será o primeiro modelo da marca alemã a ter um híbrido leve flex. Ou seja, será eletrificado, com o sistema de 48V, e capaz de usar gasolina ou etanol em qualquer proporção.

“Acreditamos que os veículos híbridos de 48 volts vão crescer muito rapidamente. Isso vai ajudar principalmente com a legislação, que ficará mais rígida (a partir de 2025) em relação a consumo e eficiência energética. Então, a nossa expectativa é que essa seja a alternativa mais barata para o mercado brasileiro. É um mercado que vai crescer bastante“, avalia José Augusto Amorim, analista do mercado automotivo e gerente sênior da LMC Automotive.

Híbridos e elétricos
Projeção da LMC Automotive mostra disparada dos híbridos leves a partir de 2025 (ESTADÃO)

O que é um híbrido leve?

Ao contrário dos sistemas híbridos completos, como no SUV Corolla Cross, ou do tipo plug-in, que recarrega em tomadas, o híbrido leve atua com o comando total do motor a combustão para tracionar o veículo. Aliado a ele, há um gerador elétrico – daí a especificação MHEV (Mild Hybrid Electric Vehicle). Este, portanto, atua como um alternador e recupera parte da energia que seria desperdiçada em frenagens, por exemplo, para alimentar uma bateria de 48V.

No entanto, embora não tracione o carro, a unidade elétrica ajuda na aceleração em velocidades constantes, como em viagens na estrada. Nestes momentos, o motor a combustão fica inoperante e o carro passa a funcionar por meio da unidade elétrica. Ou seja, na prática, o sistema alivia o motor térmico com o carro em movimento e, dessa forma, reduz o consumo de combustível e aumenta a sua eficiência energética. Bem como reduz significativamente a emissão de poluentes.



Híbridos completos

Nos chamados “full hybrid”, ou HEV (Hybrid Electric Vehicle), o motor elétrico desempenha um papel mais importante no funcionamento. Isso porque, com bateria de maior capacidade, ele também se torna responsável por tracionar as rodas em certos momentos – sobretudo no trânsito pesado das grandes metrópoles. Só que, neste caso, há diferentes sistemas.


O primeiro deles é o paralelo, onde o motor elétrico fornece a propulsão sozinho ou em conjunto com o motor a combustão. Para isso, ambos são conectados a uma transmissão – normalmente, uma caixa automática CVT híbrida – para combinar as energias. Tal como ocorre no híbrido leve, esse conjunto recarrega a bateria nas desacelerações, a partir da regeneração. Assim, por ter bateria maior, permite a condução em modo elétrico por mais tempo. Contudo, em curtas distâncias.

elétricos e híbridos
Divulgação/Jeep

Em seguida, temos o híbrido em série, onde os motores são independentes e o motor elétrico se encarrega de tracionar o carro sozinho. Nesse conjunto, o propulsor térmico – que pode ser a gasolina (mais comum), diesel ou flex – serve como um gerador que alimenta tanto a bateria quanto o motor elétrico. Nele, há o modo combinado ou misto, onde os dois motores tracionam as rodas.


Os modelos HEV, vale dizer, estão em franco crescimento no Brasil. De acordo com a ABVE – Associação Brasileira de Veículos Elétricos, no primeiro trimestre de 2022 esse modelos representaram 68% dos emplacamentos de veículos eletrificados, sendo 6.711 unidades ante um total de 9.844 elétricos e híbridos. A dupla híbrida da Toyota domina o segmento.

“O consumidor brasileiro já dá preferência aos veículos de baixa emissão de poluentes. Os números são claros: nos dois anos de pandemia, os eletrificados cresceram exponencialmente, enquanto o mercado de veículos a combustão regrediu”, aponta Adalberto Maluf, Presidente da ABVE.

Toyota Corolla Cross
Toyota/Divulgação

Economia de combustível

Um dos grandes percursores da hibridização foi o Toyota Prius, primeiro híbrido feito em série no mundo. No Brasil, o modelo chegou em 2013 já na terceira geração e, logo depois, serviu de base para o Corolla sedã híbrido flexível. Inclusive, por causa dele, o Prius acabou se despedindo do mercado brasileiro no ano passado. No entanto, ele tinha um dos melhores consumos segundo o Inmetro, com médias de 18,9 km/l na estrada, e de 17 km/l na cidade.

Nessa linha, a economia de combustível, com certeza, é uma das maiores vantagens desse tipo de motorização. O Corolla Cross, por exemplo, tem média de 11,8 km/l com etanol e 17 km/l com gasolina, e chegou a ser um dos SUVs mais econômicos à venda no País. Neste ano, foi superado pelo Jeep Compass 4xe, que chegou em abril com sistema híbrido plug-in que faz consumo de até 25,4 km/l. Entretanto, vem importado e não tem previsão de produção por aqui.

Outro exemplo é o Honda Accord. Ele estreou em agosto de 2021 como o primeiro híbrido da marca japonesa, mas já saiu de linha no começo deste ano. A versão e:HEV do sedã tinha três modos de condução: EV Drive (puramente elétrico), Hybrid Drive (motor elétrico traciona veículo e o 2.0 gera eletricidade) e Engine Drive. Neste último, ao contrário dos híbridos tradicionais (com conversor para distribuição de energia), o 2.0 16V do sedã japonês se conecta às rodas por meio da transmissão e-CVT multidiscos. Assim, o sedã entrega uma média de 20 km/l.


E os híbridos plug-in?

Tal como o nome sugere, esse conjunto permite recarregar as baterias em tomadas comuns e estações de carregamento. A principal diferença é o tamanho da bateria. Os pacotes têm maior capacidade de armazenamento de energia. Dessa forma, entregam boa autonomia em modo elétrico. Bem como reduzem significativamente consumo e emissões.

Volkswagen ID carros elétricos e híbridos
Volkswagen/Divulgação

Na prática, se o usuário conseguir carregar o veículo em casa, é possível usar apenas o motor elétrico no dia a dia. E, caso a bateria acabe, há o motor a combustão para seguir viagem. Por conta dessa facilidade, os híbridos plug-in são promissores, mas tudo dependerá dos preços. Esses modelos podem ser recarregados em estações de parece (wallbox), em unidades de carregamento rápido, assim como em tomadas domésticas.


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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.