O Honda Accord é um sedã com longa história no Brasil, que chegou no País em 1994, e agora estreia sua 11ª geração, apostando em tecnologia e baixo consumo. Considerado pela marca seu flagship, ou seja, topo de sua linha de produtos, o modelo está disponível em versão única, híbrida, com sistema e:HEV, com funcionamento similar ao irmão menor Civic.
A convite da Honda, o Jornal do Carro conheceu como anda a nova geração do Accord híbrido, em um teste com situações de trânsito urbano e rodoviário, em que foi possível testar tanto o desempenho quanto a economia do sedã executivo. Com quatro modos de condução, é possível alternar entre diferentes tipos de direção, desde a mais econômica até a esportiva. Há também um modo personalizável pelo motorista, chamado Individual, novidade no sedã.
O ponto principal do Accord é o conjunto híbrido, chamado e:HEV, assim como no Civic. Contudo, se a sigla causa estranheza, ela tem um porquê. Trata-se do sistema híbrido do modelo, com dois motores elétricos, um para tração e outro gerador de energia para unidade de potência. Além disso, tem o motor a combustão. O significado de e:HEV é que o motor movido a gasolina não é ligado diretamente às rodas dianteiras, mas sim ao conjunto híbrido.
Como funciona o sistema e:HEV
O motor 2.0 16v, com injeção direta, quatro cilindros e ciclo Atkinson está ligado ao sistema de câmbio E-CVT, que ao contrário de uma unidade comum, com polias que variam conforme a aceleração, o Accord usa uma unidade central de controle de torque, comum a carros elétricos. Trata-se de um câmbio sem marchas, que só tem dois movimentos: à frente (drive) e para trás (reverse/ré).
Seja como for, o motor a combustão está ligado ao E-CVT, que também possui conexão com o motor elétrico, o motor-gerador e a bateria de íons de lítio com 1,05 kWh. É função deste E-CVT determinar quem vai fazer as rodas se moverem, sempre com base na maior eficiência. A unidade tem 3 cv a mais que o Civic, ou seja, 146 cv, e ligeiro aumento do torque, agora com 19,2 mkgf.
A unidade responsável pela tração no Accord é o motor elétrico de 184 cv, mesma do Civic, mas com mais torque: 34,1 mkgf, frente os 32,1 mkgf de antes. O motor também é o mais potente do conjunto. A Honda não fala em potência combinada, e também não divulgou dados como velocidade máxima e o tempo para percorrer de 0 a 100 km/h. No Accord, os valores que realmente importam são os de consumo, que falaremos em breve.
Baixo consumo é ponto forte no Honda Accord híbrido
O test-drive oferecido pela marca, com quase 200 km de ida e volta até Mairiporã (SP), permitiu conferir a dirigibilidade do modelo, na cidade e no rodoviário. Nos dois casos, impressiona o consumo. Sem necessidade de renunciar a uma condução mais esportiva durante testes de aceleração e retomada, o modelo manteve médias maiores do que as registradas pela marca.
Capaz de fazer 17,8 km/l na cidade e 16,1 km/l na estrada, conseguimos a média de 19,5 km/l, com plena capacidade de obter números melhores. Além disso, o “mais elétrico dos híbridos” também agrada pela dirigibilidade. Sempre serena em conduções normais de tráfego, e melhorada se acionado o modo Sport, em que a resposta do acelerador e da direção ficam mais espertas.
O modelo também se destaca pelo silêncio a bordo. Os motores elétricos foram reposicionados no Accord, em relação ao Civic, agora em eixo paralelo, significando uma nova E-CVT, segundo a marca. Ruídos e vibrações também diminuíram por conta de um novo volante de motor, com pré-amortecedor. Ainda falando das diferenças para seu irmão menor, há também maior isolamento acústico interno.
Sistema e:HEV alterna motores automaticamente
O motor elétrico assume toda a condução, em dois dos três modos de operação do e:HEV: EV Drive, Hybrid Drive e Engine Drive. O destaque fica por conta da forma como os modos se alternam. A troca acontece de maneira automática, e influenciada por fatores como topografia, posição do acelerador, nível de carga das baterias e outros. Em retomadas, um ruído virtual engana o motorista, indicando o “kickdown” do câmbio durante a aceleração, mas que não passa de uma simulação.
No modo EV Drive, as baterias fornecem a energia para a condução. No Hybrid Drive, o motor a gasolina dá a energia ao motor elétrico, sem tracionar as rodas. Em situações de alta demanda ou velocidades altas de cruzeiro, entra a Engine Drive, em que o motor a combustão fica responsável pela tração, por exemplo. Além disso, pode-se alternar entre 6 diferentes níveis de regeneração de frenagem (ante os 4 disponíveis anteriormente) no modelo.
Painel de instrumentos é digital e central multimídia é a maior já utilizada pela Honda
Contudo, o conforto ao rodar é o que se espera de um sedã executivo, com bancos de couro com bom suporte para o corpo, ajudados pelo sistema de estabilidade corporal embutido. Destacam-se o painel digital, com fácil leitura e bom visual, e também a central multimídia de 12,3 polegadas, a maior utilizada pela montadora até hoje, com suporte para Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
Há também um novo head-up display, que mostra as indicações do GPS ao motorista, por exemplo. Além disso, o pacote de segurança Honda Sensing, com assistentes de condução e 8 airbags, também está presente.
Espaço interno, itens de série e silêncio ao rodar são destaques
Bom espaço para as pernas é um atrativo em um sedã do gênero executivo, e o Accord não desaponta. Medindo 4.97 metros de comprimento, 1.86 metro de largura e 1.45 metro de altura, o modelo se destaca pela boa distância entre-eixos, com 2.83 metros. Quem anda atrás também não baterá a cabeça no teto, por mais que a carroceria meio sedã meio cupê sugira o oposto.
Ainda assim, a cabine oferece bom espaço para quem anda na frente, e a sensação de amplidão agrada. Além disso, há também saídas de ar-condicionado para os passageiros de trás, bem como duas das quatro saídas USB-C do carro, para carregar o celular, por exemplo.
Espaço para a bagagem também é bem satisfatória para o modelo, com 574 litros de capacidade. Calçado em pneus 235/45 R18, de perfil baixo, apenas a pouca quantidade de borracha afeta o ruído que passa para a cabine, mas que no geral é bem silenciosa. Por se tratar de um sedã de luxo, há a natural rolagem de carroceria, mas é importante lembrar: este não é um modelo esportivo, e busca um público mais conservador, preocupado com boa dirigibilidade e conforto.
Assim, o sedã está disponível em três cores: preto, prata e branco, sendo as duas primeiras com interior preto, e a branca com interna cinza. Há também um sistema de som Bose com 12 alto-falantes.
Quanto custa o Honda Accord híbrido?
Entretanto, todos esses predicados tem um preço: R$ 324.900. Assim, o valor pedido pela Honda posiciona o Accord como opção mais barata frente seu concorrente direto, o Lexus ES300h, também híbrido, que custa R$ 355.690. Seu outro rival seria o Toyota Camry, mas este saiu de linha em definitivo em abril deste ano. Seja como for, o modelo tem como missão atender a um público específico, despreocupado com valores, e interessando em luxo e eficiência.
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