O Brasil registrou um novo recorde de blindagens de carros em 2023. Dados divulgados pela Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin) com exclusividade ao Jornal do Carro mostram que 29.296 veículos receberam proteção balística no ano passado, um aumento de 13% sobre 2022, com 25.916 modelos. A representante, que acompanha o número de registros de blindagens desde 1995, estima que cerca de 340 mil carros tenham a proteção no País.
Segundo a Abrablin, a blindagem mais procurada foi a de nível III-A, que protege contra todos os tipos de armas curtas como, por exemplo, pistolas e revolveres. O estado de São Paulo respondeu por quase 85% dos blindados, com mais de 23 mil carros no período. Já o Rio de Janeiro, 2º lugar no ranking, foi responsável por 6,6% do mercado com 1.852 veículos.
Criminalidade aumentou
Marcelo Silva, presidente da Abrablin, destaca que o aumento no número de carros blindados se deve ao medo após o aumento de episódios de violência urbana. “O levantamento revela que São Paulo concentra a maior parcela das blindagens. Vale lembrar que, no ano passado, os casos de grupos de criminosos que aproveitavam o trânsito carregado das ruas para quebrarem os vidros e cometerem delitos foram bastante repercutidos na mídia nacional. O que assustou e ampliou o medo de muitos motoristas que decidiram investir nesse tipo de proteção”, resumiu.
O dirigente da associação acrescenta que é “preciso observar que, apesar de o estado paulista historicamente aparecer como líder desse ranking, temos a presença da blindagem como recurso de proteção no Nordeste e no Sul, o que mostra como a sensação de insegurança infelizmente não é um problema local”, completa Silva.
Processo requer especialistas
O processo para blindar um carro é complexo e necessita de mão de obra especializada, bem como tecnologia avançada. Trocam-se os vidros originais do veículo por vidros especiais, compostos por lâminas de vidros e polímero. A proteção varia a partir do número de camadas. Na lataria, a blindagem costuma ter um projeto específico.
“Depois de definir o nível de blindagem, os materiais da proteção são preparados, cortados segundo as dimensões do veículo, para que toda a superfície seja protegida. Além disso, o carro é totalmente desmontado para que seja feita a instalação de materiais balísticos”, explica Marcelo Silva.
Exército controla a blindagem
O Exército Brasileiro controla todo material de blindagem de carros. Dessa maneira, as empresas que trabalham no segmento devem ter o Certificado de Registro (RG) junto ao órgão para que possam atuar de forma legal. Fabricantes de produtos balísticos também precisam submetê-los a testes aplicados pelo Centro de Avaliação do Exército (CAEx). Caso o teste seja bem sucedido, o Exército emite um Relatório Técnico Experimental (ReTEx), que comprova a aprovação do material. Essas empresas podem vender o material apenas para blindadoras que possuam registro. E estas podem apenas usar materiais que tenham o ReTEx.
Por fim, as blindadoras devem ter uma autorização específica da Região Militar (RM) onde está registrada. Nesse caso, cada veículo que receber proteção requer registro, para evitar que pessoas não idôneas utilizem o serviço. “Tratam-se de cuidados essenciais que os proprietários de carros que buscam reforçar a sua proteção e a preservação de vidas devem observar”, finaliza o presidente da Abrablin.
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