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Além do impacto: acompanhamos os testes de blindagem da Volvo
Manutenção

Além do impacto: acompanhamos os testes de blindagem da Volvo

Jornal do Carro acompanhou testes balísticos com o SUV elétrico EX30; trabalho de blindagem é feito em conjunto entre Volvo, Carbon e EDAG

Vagner Aquino, especial para o Estadão

05 de jan, 2024 · 12 minutos de leitura.

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Carbon é a única empresa do setor a fabricar os próprios vidros
Crédito:Vagner Aquino/Especial para o Estadão

Notícias sobre o aumento da violência são constantes. Isso, consequentemente, aumenta a insegurança de quem dirige pelas ruas do Brasil. Por isso, a blindagem de veículos é um dos caminhos para tentar driblar a exposição ao perigo. Para se ter ideia, dados da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin) revelados ao Jornal do Carro no último ano dão conta de que 13,9 mil veículos foram submetidos ao procedimento no País só no primeiro semestre de 2023.



E esse mercado em constante expansão tem a Carbon como líder do market share. Responsável por 20% da demanda de todas as blindagens realizadas no País (a segunda empresa tem apenas 5%), é certificada pelas montadoras BYD, General Motors, GWM, grupo JLR (Jaguar Land Rover) e Toyota. Além disso, é a única a receber a homologação da Volvo globalmente. Ou seja, todo Volvo blindado vendido no mundo passa pelo Brasil. Por exemplo, comprou um carro na Itália e vai blinda-lo? O produto vem para o Brasil, o trabalho é feito (com base nas leis locais) e, a partir daí, volta ao país de origem.

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Materiais como aramida e chapas de metal produzidas em aço balístico tornam o carro resistente a impactos (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

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A Carbon também tem pioneirismo na blindagem de veículos eletrificados. Foi, inclusive, a primeira empresa a realizar a blindagem de um Tesla Model S, em 2016. Seguindo as normas ABNT 15000-2 e NIJ 0108.01, para o nível III-A (o mais alto permitido pela legislação brasileira), a empresa está em fase de homologação do Volvo EX30, o SUV movido a baterias que chega às mãos dos primeiros clientes a partir de maio. Ou seja, quem comprá-lo em pré-venda, já poderá pedir blindagem de fábrica.

JC acompanhou o processo

O resultado oficial dos testes sai dentro de alguns dias, e o Jornal do Carro acompanhou o processo. Além dele, os novos XC40 e C40 também fizeram parte dos testes de certificação balística. Durante o evento, chamado de Carbon Ballistic Test Day, além da própria Carbon, que é líder global em segurança balística automotiva civil, e da própria Volvo, outra empresa é parte fundamental para o sucesso dos testes. Trata-se da EDAG, provedora alemã de serviços de engenharia para soluções holísticas na indústria automotiva.

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EX30 e C40 durante testes balísticos (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

Até pouco tempo atrás, haviam diversas oficinas que blindavam carros, mas nenhuma conseguia atender aos requisitos de uma montadora. E a Carbon nasceu, justamente, com a ideia de dialogar com as fabricantes de veículos e, assim, atender seus requisitos e desenvolver projetos de melhor qualidade. Desse modo, enquanto a área de engenharia da empresa e a área de engenharia da montadora desenvolvem o projeto da blindagem, em conjunto, a EDAG, por ter know-how balístico, acompanha o desenvolvimento do projeto.

“Em síntese, a montadora conhece sobre carro, a EDAG, tem referência internacional em balística, e a Carbon, é a maior blindadora do País. Portanto, um trabalho feito à seis mãos”, explica Michel Haddad, Chief Automotive OEM Relations & Sales Intelligence Officer da Carbon. De acordo com ele, este trabalho, porém, só em questão de desenvolvimento, demora mais de um ano e meio.

Os testes

Para acompanhar as atividades de perto, fomos até o Centro de Treinamento Tático (CTT), que fica em Ribeirão Pires, no interior de São Paulo. O ambiente – totalmente controlado – é cercado por vegetação. Vira e mexe escuta-se barulho de tiros. Afinal, o espaço também ministra cursos e campeonatos que caracterizam-se pelo uso exclusivo de munição. Em contrapartida, ali, no local dos testes, o ambiente é sinistro. Com cápsulas espalhadas pelo chão e, como protagonistas, os três carros da Volvo – já baleados por causa das fases iniciais dos testes.


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Tiros disparados em ângulos de 90 e 45 graus (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

Devidamente posicionados nos locais permitidos e com todo o equipamento de proteção exigido, acompanhamos o teste exclusivo para imprensa e influenciadores digitais. Nos três carros, o pessoal responsável utilizou projéteis de 9mm e .44 disparados em ângulos de 90 e 45 graus. A distância dos disparos fica em 5 metros do veículo – espaçamento exigido para que o projétil alcance sua força máxima na distância mais curta. Afinal, tiro muito próximo perde o poder de impacto.

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Volvo XC40 também passou por testes (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

E tudo é feito por atiradores de elite, que simulam situações até mais intensas do que as encontradas nas ruas. De acordo com Haddad, “a maioria das blindagens comuns não suportaria os 1.500 tiros dados na certificação”. Por fim, os modelos elétricos tiveram suas baterias retiradas para os testes. E teve tiro em todas as partes dos carros, desde capô, portas, grade e para-choques, até os vidros. Nada passou para dentro da cabine, cabe frisar.

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Projéteis não ultrapassaram estrutura o que tornou o teste um sucesso (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

Tecnologia de ponta

A Carbon garante o uso de tecnologia e materiais de última geração. Por exemplo, o Tensylon, que consiste em um material de polietileno de alta performance e ultra-alto peso molecular que pode substituir o aço em algumas áreas do carro. Desse modo, gera redução significativa no peso da blindagem. Ademais, preserva a segurança balística, melhora a performance e os gastos com combustível e, sobretudo, diminui o desgaste de componentes como freios e suspensão, por exemplo.


Além disso, sistemas de segurança, como airbags, por exemplo, ficam completamente preservados. Cabe ressaltar que muitas vezes, o componente é comprometido durante o processo de blindagem quando realizado por empresas não certificadas pelas montadoras.

Interior do carro após lateral alvejada por tiros (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

Níveis de proteção da blindagem

A blindagem reúne diferentes níveis de proteção. O parâmetro é estabelecido por uma tabela de resistência balística. No Brasil, a norma vigente é a NBR 15000, regulamentada pelo Exército Brasileiro – órgão responsável por fiscalizar o setor.


A norma categoriza a blindagem em seis diferentes níveis, de acordo com o poder de retenção de balas, tendo como parâmetros o armamento, a munição, massa e velocidade do projétil, energia cinética, entre outros fatores. Além do Nível III-A (o mais procurado no Brasil), tem outros níveis mais baixos. Enquanto I, II-A e II protegem contra armas de menor calibre, os níveis maiores de blindagem (III e IV) chegam a suportar disparos de armas longas e até fuzis. Contudo, estes últimos são voltados a veículos militares e de transporte de valores.

Peso e preços

Se por um lado a blindagem amplia a condição de fuga do motorista em situações de risco, por outro, aumenta o peso do carro. Isso, no entanto, não altera drasticamente a forma de locomoção ou o consumo do veículo. É pouca coisa. “O trabalho (de blindagem) acrescenta cerca de 300 kg ao peso do veículo. É como andar com o porta-malas cheio ou com o máximo de ocupantes dentro do carro”, compara Cacá Mancebo, CMO da Carbon.

Outro mito é o preço absurdo da blindagem. Muita gente pensa que blindar um carro é o mesmo que comprar um novo. Mas tudo depende de fatores como nível de blindagem e tipo de veículo. No EX30, por exemplo, a Volvo cobra valores a partir de R$ 100 mil (nível III-A). Na Carbon, inclusive, tem a vantagem de não perder a garantia de fábrica do carro. Afinal, o projeto em conjunto com a montadora garante esse requisito. Por falar nisso, a blindagem da Carbon tem 5 anos de garantia – mas exige revisões anuais feitas por equipe especializada.


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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.