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‘Os artistas da restauração estão acabando’

Og Pozzoli, o homem que tem 170 veículos antigos na garagem, diz que não compra mais carros porque faz questão de manter 100% de originalidade e qualidade. E isso está cada vez mais difícil

Roberto Bascchera

07 de ago, 2014 · 5 minutos de leitura.

'Os artistas da restauração estão acabando'
Crédito: Og Pozzoli, o homem que tem 170 veículos antigos na garagem, diz que não compra mais carros porque faz questão de manter 100% de originalidade e qualidade. E isso está cada vez mais difícil

OG Pozzoli no último domingo, em encontro de Antigos na estação da Luz (Roberto Bascchera/Estadão Conteúdo)

Ele é considerado o patriarca dos colecionadores de carros no Brasil. E com 170 automóveis perfeitamente conservados na garagem, Og Pozzoli provavelmente continua tendo o maior acervo particular do País. Alem de respeitado, o empresario de 84 anos é uma das figuras mais queridas no meio do antigomobilismo.

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Fluminense de Itaboraí, Og Pozzoli iniciou sua coleção por acaso. Em 1952, aos 22 anos, ele comprou seu primeiro carro, um Opel P-4, então com 15 anos de uso. Com esse automóvel, viajou de mudanca de Natal (RN), onde morava, para São Paulo, em 1956. O Opel, no entanto, teve de ser vendido. Em 1958, Pozzoli se tornaria proprietário de um Lincoln Continental V-12, ano 1948, um carro de luxo que, por já ter dez anos de uso à epoca, era acessível ao jovem.

Og Pozzoli e parte de sua coleção (Cláudio Teixeira/Estadão Conteúdo/07/08/2004)


Sem se desfazer do que já havia adquirido, Pozzoli comprou um Ford A 1928, um Fusca para uso diário, e não parou mais. O empresário foi um dos fundadores do Veteran Car Clube do Brasil, do qual é sócio número 1, e da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA). Sua coleção tem carros que perteneceram a presidentes, governadores e personalidades do mundo empresarial e político. À vontade em um encontro de carros antigos, ele falou ao blog.

1) O apetite por colecionar automóveis continua ou o senhor não compra mais carros?

É difícil dizer. Tenho 170 carros em perfeito estado de conservação, restaurados. Eu sempre digo que o importante não é a quantidade, mas a qualidade do acervo. E qualidade meus carros têm.


2) O que é mais importante em uma coleção como a sua?

Sempre mantenho a originalidade dos carros. Disso não abro mão. Tenho carros que pertenceram a Washington Luís (presidente do Brasil de 1926 a 1930), Wenceslau Braz (presidente de 1914 a 1918), carros que foram do governador de São Paulo, do de Minas Gerais. Esses veículos são testemunhss de uma época, da história do Brasil.

3) Esse acervo poderá ser aberto ao público?


Tenho uma espécie de museu, não só com carros, mas com antiguidades, biblioteca, troféus. Pretendo um dia abrir isso ao público, aos que gostam de automóveis. Há 55 anos me dedico a esses carros, restaurando, mantendo-os em condições de rodar.

4) E eles rodam mesmo, até papa o senhor já transportou…

É verdade. Transportei o papa João Paulo II em sua primeira visita ao Brasil. Também transportei a família imperial do Japão. Nesses eventos usei um Chrysler Imperial 1957 e um Le Baron 1928. O Itamaraty pediu os carros emprestados para as cerimônias. Eu concordei, mas impus ums condição: que eu estivesse ao volante, o que foi aceito.


5) Hoje é mais fácil ou ou mais difícil comprar e manter carros em relação há 55 anos?

Hoje está mais difícil, principalmente a restauração. Faltam artesãos, os artistas estão acabando. E os custos são impraticáveis, principalmente os carros das décadas de 20, 30, 40, os que eu mais gosto. Sobre compra, depende muito da oportunidade, mas não tenho comprado. Minha última aquisição de um antigo foi há dez anos.

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”