Primeira Classe

Honda e Toyota provam que podem fazer o que bem entendem no Brasil

As marcas ganharam a confiança do consumidor e, agora, seus preços estão sem limites

Rafaela Borges

15 de mar, 2017 · 10 minutos de leitura.

Honda e Toyota provam que podem fazer o que bem entendem no Brasil
Crédito: As marcas ganharam a confiança do consumidor e, agora, seus preços estão sem limites

WR-V, ou Fit ‘anabolizado’, por R$ 80 mil? Sim! (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)

 

Ontem, terça-feira (14), aqui na redação, alguém disse: “Saiu o preço do WR-V. É R$ 79.400.” Na hora, achei que fosse brincadeira, e logo falei: “Não, esse é o preço do HR-V.”

Publicidade


(No Instagram: @primeiraclasse_estadao)

Engano meu. O HR-V custa um pouco mais: parte de R$ 79.900. Essa versão é a LX manual. A LX automática vai a R$ 86.800. Tudo bem que o WR-V mais em conta é o EX automático; no SUV maior, essa configuração, com lista de equipamentos semelhante, mas não igual, sai a R$ 93 mil.

Em versões equivalentes, o WR-V é mesmo mais em conta. E só faltava não ser, né? Ele é menor, tem porta-malas de EcoSport (volume bem semelhante ao de um hatch compacto) e, principalmente, motor 1.5 de 116 cv – ante os 140 cv do 1.8 que equipa o HR-V.


Leia também

– A morte dos hatches médios
– A volta das carroças? 

 


Em resumo, o WR-V é um Fit anabolizado e com suspensão retrabalhada – além de visual diferente (saiba mais aqui). Daí a surpresa do parágrafo inicial: por que um carro desses sai por R$ 80 mil iniciais? Não tem sentido. Não é possível. Parece piada.

A Honda optou por não ter câmbio manual no WR-V. Além disso, sempre divulga que as versões LX do HR-V não vendem nada (e por isso, não haveria “canibalização”, como é conhecido o fenômeno mercadológico em que um carro da mesma marca rouba clientes de outro). Mas ainda assim, R$ 80 mil é muito para esse carrinho.

O objetivo é brigar com o EcoSport, certo? Pois o EcoSport começa em R$ 68.690. O Ford vai mudar em maio, ficar melhor. Mas não deverá haver grandes revoluções na tabela. Não é praxe da marca – e as versões atuais serão mantidas. A expectativa é de que ele fique na casa dos R$ 70 mil iniciais – que era a faixa estimada para o WR-V, antes do susto de terça-feira.


Então, podemos apostar que o WR-V não vai vender, certo? Que, desta vez, a Honda passou dos limites? Errado, meus caros. O mais provável é o WR-V venda. Venda muito. Como água. Venda toda a produção.

Por quê? Porque a Honda e a Toyota criaram uma reputação no Brasil. E, agora, podem pintar e bordar. Elas cobram o que querem por carros que, definitivamente, não valem o que custam – ao menos, quando o quesito é exclusivamente o produto. Ainda assim, seus automóveis vendem como água.

Eu cheguei a apostar que o novo Civic, com os R$ 125 mil pedidos para a versão que tem, de fato, um motor legal, estaria ameaçado pelo Cruze (leia aqui). Errei. A nova geração do modelo não ameaça o Corolla (e este nem era o objetivo). Porém, está muito à frente do Chevrolet, que, apesar de ter menor variedade na gama, traz custo-benefício bem melhor.


E, agora, vamos à Toyota. O Corolla, caro e defasado, foi o quinto carro mais vendido do Brasil no ano passado. Agora, ele ficou menos defasado. Ganhou ESP, pelo menos. Renovado, o sedã está começando a ser distribuído nas concessionárias.

Hoje, nosso repórter Hairton Ponciano teve acesso aos preços – que seriam divulgados apenas no fim da semana. São R$ 92.440 iniciais, de acordo com concessionários consultados pela reportagem.

A tabela mais alta na versão de topo, no entanto, continua sendo privilégio do Civic. No Corolla, a Toyota pede agora R$ 116 mil, R$ 9 mil a menos que no rival – que, justiça seja feita, ao menos oferece o melhor motor disponível em um carro brasileiro.


Com a alta de R$ 5 mil, em média, o Corolla vai continuar vendendo bem? Vai! Podem apostar que vai. E com grandes chances de se manter no “top 10”.

É só olhar para os outros segmentos. O SW4 é muito mais caro que o único rival direto, o Trailblazer. Ainda assim, massacra o concorrente no mercado. A Hilux, picape média com tabela mais alta, é também a mais vendida.

Até o Etios, inicialmente rejeitado, está começando a fazer um bom volume. E isso mesmo com o fato, inegável, de ser um carro feio, algo que o brasileiro jamais suportou.


Por que Honda e Toyota fazem o que querem no Brasil? Por que perderam o medo (se é que um dia tiveram) de lançar modelos com tabelas assustadoras, sem limites? Porque aí entra uma outra questão: os carros podem até não ser os melhores, mas o consumidor está pagando pelo que não vê no produto.

No caso de Honda e Toyota, o que mais vale é a redução nos custos que vêm depois da compra. A desvalorização dos modelos das duas marcas é, de fato, ridiculamente baixa. E essa história de perder o menor valor possível em um carro é algo que o brasileiro sempre prezou.

Além disso, as duas marcas fazem valer a fama de produzirem carros que não quebram. Na seção “Defenda-se” do Jornal do Carro, e mesmo em nossas redes sociais, são raríssimos os relatos reclamando de problemas nos modelos das japonesas. Mais raras ainda são as “cartas” de queixas contra o serviço nas concessionárias.


Pelo contrário: os relatos de clientes das marcas são, no geral, elogiando os serviços e a facilidade de resolver falhas, quando elas ocorrem. E mesmo com os carros já fora da garantia.

Os clientes de Honda e Toyota não querem sair das respectivas marcas. E a reputação, cada vez melhor, atrai novos consumidores. As japonesas, com isso, conseguiram algo que não é tão comum no Brasil: fazer o comprador pagar pelo que não vê, por algo além dos produtos.

Sim, porque os produtos são bons, mas, em todos os segmentos que atuam, sempre há um melhor. E são mais caros. Sempre. Mas seu cliente paga o preço alto para fugir das dores de cabeça. E para ser respeitado, algo que também não é comum no mercado de carros do Brasil, no qual muitas vezes, muitas mesmo, o consumidor é enganado – até por montadoras de luxo.


Mas, Toyota e Honda, cá entre nós: vocês não acham que estão exagerando um pouco nos preços?

Newsletter Jornal do Carro - Estadão

Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.

Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de privacidade de dados do Estadão e que os dados sejam utilizados para ações de marketing de anunciantes e o Jornal do Carro, conforme os termos de privacidade e proteção de dados.
Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.