Realizar a aventura idealizada por seu avô materno que, há mais de 80 anos, tentou, sem sucesso, ir da capital paulista a Montevidéu dirigindo um Ford Modelo A. Esse é o sonho do empresário Manoel Carlos da Silva, que há cinco anos comprou um modelo feito em 1931 igual ao de seu antepassado.
“Assim que o carro entrou na garagem de casa, comecei a pensar na viagem e dei início ao processo de restauração”, conta o leitor. O “Fordinho” teve a funilaria e pintura refeitas e ganhou um novo teto de lona. “Em um conversível legítimo, a capota deve abrir e fechar sem qualquer tipo de problema”, diz.
Os pneus são novos e o estepe foi transferido para a traseira. “Originalmente, essas peças ficavam nos estribos laterais do “Fordinho”, pois eram usadas a toda hora. Hoje em dia o pneu não fura tanto”, conta Silva. A parte elétrica também foi refeita. No Modelo A, o farol tem apenas uma intensidade de facho – não há alto e baixo – e o acendimento das luzes é feito por uma “borboleta” que fica no miolo do volante de quatro raios e aciona também a buzina.
O radiador ganhou um acessório de época. Trata-se de uma espécie de tela protetora cromada para evitar que o sistema de arrefecimento fique vulnerável a pedras, por exemplo. Para medir a temperatura da água do motor há um termômetro escondido no ornamento central da grade dianteira.
“Evito pegar trânsito pesado com o ‘Fordinho’, pois é muito fácil a temperatura subir rápido. Se isso acontecer, sai fumaça como nos filmes”, diz Silva.
O sistema de freio também foi refeito, mas manteve o acionamento por varão. “Logo que peguei o carro, estava na Av. 23 de Maio e tive de fazer uma frenagem de emergência para não causar um grande estrago. Foi um susto”, relembra o empresário.
Mecânica. O “Fordinho” recebeu o apelido de “bigode” por causa das duas hastes presentes no volante. A do lado direito é responsável pela aceleração, enquanto a da esquerda cuida do avanço do distribuidor, regulando o trabalho do motor conforme a condição do tráfego. “Dá para dizer que ele foi o primeiro carro com controle automático de cruzeiro”, brinca Silva.
Outra curiosidade é a posição do carburador. Como não há bomba de combustível, a gasolina desce do tanque por gravidade em direção ao motor.
Silva conta que, além de usar o Ford A nos fins de semana, costuma ir com ele a encontros de antigos. Já a viagem ao Uruguai está programada para 2015. A ideia do empresário é encarar essa aventura com um grupo de amigos.