Primeira Classe

Análise: segmento de SUVs sofre reviravolta em abril

Em janeiro, o Compass (foto acima) namorou a liderança de vendas do segmento de utilitários-esportivos, mas acabou sendo ultrapassado pelo... leia mais

Rafaela Borges

28 de abr, 2017 · 8 minutos de leitura.

Jeep Compass lidera segmento de utilitários-esportivos" >

Crédito: (Foto: Nilton Fukuda/Estadão)

Em janeiro, o Compass (foto acima) namorou a liderança de vendas do segmento de utilitários-esportivos, mas acabou sendo ultrapassado pelo HR-V nos últimos dias. Três meses depois, ele volta a aparecer em primeiro lugar, e desta vez com chances remotas de ser alcançado.

(No Instagram: @blogprimeiraclasse)

Dados preliminares obtidos pela reportagem, com a soma dos emplacamentos até o dia 27 de abril, apontam que o modelo da Jeep tem 3.732 emplacamentos. Faltando um dia de emplacamentos para o fim do mês (apenas a sexta-feira), o modelo já estava mais de 300 unidades à frente do Honda, que somou 3.401 unidades comercializadas.

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O Compass, modelo médio com preço inicial acima de R$ 100 mil, não é rival direto do HR-V e dos demais compactos, cujos preços médios – considerando todos os carros do segmento – começam em cerca de R$ 70 mil (no caso específico do Honda, a tabela inicial fica em torno de R$ 80 mil).

Porém, mesmo com um porta-malas que não está nem perto de ser um dos maiores da categoria e espaço médio razoável, ele está cativando o público brasileiro. Lançado no fim do ano passado, já é presença constante nas ruas. Para comparação, seu principal rival, o Hyundai ix35, teve apenas 661 emplacamentos de 1º a 27 de abril.

 


Creta terceiro SUV mais vendido
Creta é destaque: foi o terceiro mais vendido (Fotos: Sergio Castro/Estadão)

 

O mérito do Compass é ter relação preço-equipamentos bem mais competitiva que a dos rivais do segmento de SUVs médios. Além disso, ele traz versão a diesel a partir de R$ 137.990. No Brasil, apenas o Renegade oferece esse tipo de propulsor por preço menor. Porém, o outro Jeep é menor e menos sofisticado.


Outra surpresa do mês, de acordo com os mesmos dados preliminares, é o Hyundai Creta. Ele aparece na terceira colocação do segmento, e também tem mais de 300 unidades de vantagem para o Renegade, que por ora ocupa o quarto lugar. São 2.891 exemplares emplacados, ante 2.538.

A evolução do Creta já era esperado, graças à boa fama que, em poucos anos, a Hyundai conquistou no Brasil. O HB20, por exemplo, é o segundo modelo mais vendido do País. Considerando o fato de que ele só começou a ser produzido em 2012, é um feito e tanto.

Além disso, o Creta se beneficia do fato de ser um integrante do segmento de SUVs compactos, mas ter plataforma de sedã médio (o Elantra). Isso garante ao modelo uma das melhores amplitudes interiores da categoria.


O EcoSport, que muda no mês que vem, continua mantendo bons números (veja relação dos 15 mais vendidos abaixo, de acordo com dados preliminares). O Duster, por sua vez, não parece ter sido abalado pela chegada do “irmão” Captur, mais bonito e moderno, mas também mais caro. O veterano, sexto colocado, teve 1.765 emplacamentos de 1º a 27 de abril. O novato somou 737 unidades vendidas e ficou com a 11ª posição.

Com as mudanças, Kicks foi o modelo que mais perdeu
Com as mudanças, Kicks foi o modelo que mais perdeu

 


 

O Honda WR-V ficou com o sétimo lugar em seu primeiro mês cheio de vendas. Ainda é cedo para fazer análises sobre o novato, mas a expectativa é que ele tivesse um início mais arrebatador, como o do Compass. Isso porque, no mês passado, com apenas uma semana de emplacamentos, somou cerca de 700 unidades comercializadas.

Em abril, ao menos por enquanto, ele está atrás do EcoSport, seu principal alvo. Isso considerando que o Ford vai mudar, o que pode gerar certa rejeição por parte do público. De todo modo, a Ford tem promovido algumas ações de financiamento, que ajudam a impulsionar as vendas dos exemplares remanescentes.


O começo do WR-V, portanto, pode ser considerado bom. Principalmente porque ele divide os showrooms das concessionárias com um dos queridinhos do mercado, seu irmão HR-V.

O carro que mais perdeu com a enxurrada de novidades foi o Kicks. Muito aclamado pela crítica desde seu lançamento, em agosto do ano passado, o Nissan vinha escalando o ranking e, no mês passado, foi o terceiro SUV mais vendido do País – à frente de Renegade e EcoSport. Neste mês, de acordo com os números preliminares, ficou atrás de ambos, além de Duster e WR-V. Na prática, caiu para a oitava posição.

Por ora, o Kicks tem apenas duas versões, com preços iniciais a partir de R$ 85 mil, aproximadamente. No mês que vem, chegam às lojas as versões feitas no Brasil – por ora, o carro vem do México – e, com elas, opções de acabamento mais simples e mais baratas. Isso pode recuperar o fôlego de vendas do carro.


OS QUINZE MAIS VENDIDOS (1º A 27 DE ABRIL DE 2017)

1º – Jeep Compass – 3.732 unidades
2º – Honda HR-V – 3.401
3º – Hyundai Creta – 2.891
4º – Jeep Renegade – 2.538
5º – Ford EcoSport – 2.061
6º – Renault Duster – 1.765
7º – Honda WR-V – 1.748
8º – Nissan Kicks – 1.504
9º – Toyota SW4 – 929
10º – Peugeot 2008 – 776
11º – Renault Captur – 737
12º – Hyundai ix35 – 661
13º – Chevrolet Tracker – 635
14º – Audi Q3 – 407
15º – Hyundai Tucson – 313

GALERIA: PREÇO DOS SUVS MAIS VENDIDOS DO BRASIL SEM IMPOSTO


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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”