Primeira Classe

Cruze e Civic: as próximas vítimas?

Classe C, de R$ 150 mil, ficou à frente de 70% dos sedãs médios mais baratos em vendas, e já ameaça Cruze e Civic

Rafaela Borges

10 de out, 2017 · 6 minutos de leitura.

Cruze e Civic" >
Ameaça
Crédito: Após deixar a maior parte do segmento para trás, Classe C pode ser páreo para Cruze e Civic? (Foto: Alex Silva/Estadão)

Foi uma verdadeira humilhação o que ocorreu com os sedãs médios no mês de setembro. O Classe C, cujo preço inicial é de cerca de R$ 150 mil, deixou para trás 70% dos sedãs que partem de cerca de R$ 80 mil. À frente dele apareceram apenas Corolla, Cruze e Civic.

Com absurdas 1.331 unidades vendidas, o Mercedes humilhou os sedãs mais baratos. Atrás dele ficaram Jetta, Focus Sedan, Sentra, C4 Lounge, Cerato e 408. Atrás, não. Bem atrás. Desse grupo, o mais vendido foi o Jetta, com 932 emplacamentos.

O carro também superou outros sedãs, sejam eles médios ou médios-grandes, que têm preços iniciais mais altos – acima de R$ 100 mil -, mas, ainda assim, abaixo da tabela do Mercedes. Entre eles estão A3 Sedan (de porte menor) e Fusion (um pouco maior).

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E agora vem a notícia mais perturbadora. Com exceção do Corolla e seus 6 mil emplacamentos, nenhum sedã parece estar garantido da ameaça representada pelo Classe C. Até mesmo Cruze e Civic não apresentaram uma grande vantagem para o Mercedes.

O Civic, segundo carro mais vendido do segmento, teve 1.901 emplacamentos em setembro. O Cruze, terceiro, registrou 1.650.

Dá para imaginar que, em outubro, exista a possibilidade de o Classe C ultrapassar Cruze e Civic? Sim! E não.


Primeiramente, é preciso analisar o que ocorreu com o Classe C em setembro. Não dá para atribuir o desempenho a uma grande venda feita pela Mercedes no atacado.

Isso porque, em setembro, 1.285 emplacamentos do carro foram provenientes de vendas feitas no varejo. Ou seja, nas concessionárias, diretamente para o cliente, sem grandes descontos. As vendas no atacado (diretas, para empresas) foram pífias, portanto.

Assim, dá para dizer sim que o Classe C teve uma grande procura pelo cliente no mês passado. Suas vendas já vinham em evolução desde agosto, quando ultrapassou as 500 unidades – ante as cerca de 250 de meses anteriores. Em setembro, explodiram.


Só o mês de outubro, no entanto, dirá se o Classe C conseguirá manter o ritmo. E se Cruze e Civic precisam mesmo se preocupar com ele. Convenhamos: não pega nada bem para os dois carros nacionais vender menos que um modelo de R$ 150 mil – que, a propósito, é montado, mas não produzido no Brasil.

PREOCUPAÇÃO ALÉM DE UM MÊS

Mais que com o Classe C, Cruze e Civic, além de todos os sedãs médios que não se chamam Corolla, têm de se preocupar com o futuro do segmento. Há cerca de um mês, analisei um contexto que pode parecer distante, mas não improvável: os sedãs médios sofrem ameaça de morte.


Do grupo dos modelos que partem da casa dos R$ 80 mil ou R$ 90 mil, só Corolla, Civic e Cruze vendem mais de mil unidades por mês. E isso não é um fenômeno que se desenhou recentemente. Mês a mês, as vendas do segmento vêm caindo, perdendo espaço para os SUVs compactos – cada vez mais numerosos e bem sucedidos.

Já no segmento de carros de marca de luxo, esse fenômeno é menos forte. Antes da explosão do Classe C, apenas SUVs haviam liderado as vendas mensais no ano (Q3, Discovery Sport e GLA). Porém, os sedãs médios, a exemplo do próprio Mercedes, do Série 3 e do A3 Sedan, nunca ficaram muito para trás.

Entre os carros de luxo, os sedãs não apenas sobrevivem como mostram um fôlego impressionante. Já entre os modelos abaixo de R$ 100 mil, estão sendo “engolidos” pelos SUVs. Como já foram as peruas, os monovolumes e até os hatches médios.


 

VEJA TAMBÉM: DEZ CARROS QUE NÃO VENDEM NADA

 


 

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”