Em setembro do ano passado, eu assisti à pré-estreia de “Rush – No Limite da Emoção”, no Shopping Market Place, zona sul de São Paulo. Após a exibição do filme, na fila para pagar o estacionamento, estava três ou quatro posições à minha frente Emerson Fittipaldi.
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O carismático bicampeão recebia assédio dos fãs ali presentes e atendia a todos com simpatia, aparentando estar satisfeito com o carinho demonstrado. Eu queria ter perguntado a ele, ali, o que achou do filme. Afinal, Fittipaldi é personagem importante da temporada de 1976 da Fórmula 1. Ele viveu momentos importantes retratados na cena.
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Mas como o assédio era intenso, achei melhor, em vez de abordá-lo naquela fila, telefonar para seu escritório no dia seguinte. E o que era para ser uma resposta a uma pergunta acabou virando um interessante bate-papo, no qual o piloto contou alguns segredos daquela temporada, além de dar suas impressões do filme e da caracterização dos personagens.
O bate-papo se transformou em uma reportagem que preparei para o Caderno 2, antes do surgimento deste blog. Agora, o replico aqui. Espero que gostem.
Segue a reportagem de 13/09/2013
De tantas grandes rivalidades na história da Fórmula 1, por que o diretor Ron Howard escolheu o duelo entre Niki Lauda e James Hunt para ser protagonista de seu “Rush – No Limite da Emoção”?
“Aquela temporada (a de 1976) foi dramática, com o terrível acidente do Niki. E James tinha uma personalidade muito excêntrica e polêmica.”
A explicação é de quem vivenciou tudo isso de perto. Bicampeão de F-1, Emerson Fittipaldi integrou o grid na temporada de 76 e teve participação determinante em fatos que se destacam no enredo de Rush.
Foi a decisão de Fittipaldi de trocar a McLaren pela brasileira Copersucar, no fim de 1975, que desencadeou o grande duelo retratado no longa. Seu substituto no time inglês foi Hunt, que lutou com Lauda pelo título da temporada até a última corrida, o GP do Japão.
Ele foi também um dos pilotos que participaram do resgate de Lauda, preso em sua Ferrari em chamas após o terrível acidente que sofreu no GP da Alemanha. “Fui dominado pelas memórias daquele dia ao ver a cena do acidente de Niki. ” Para o brasileiro, este é o momento mais marcante de Rush.
A cena é retratada perfeitamente no longa, segundo Fittipaldi. O que não está no filme é a ligação que o brasileiro recebeu do então diretor da Ferrari, Daniele Audeto, na noite do domingo em que Lauda se acidentou. “Ele me ofereceu o carro de Niki, o que me chocou. Era o mundo ingrato da Fórmula 1”, conta também o piloto.
O longa superou as expectativas de Fittipaldi por conseguir retratar de maneira realista a rivalidade nas pistas entre Hunt e Lauda e os riscos que envolviam a F-1 na época. “A caracterização dos personagens está perfeita. O ator que interpreta o Niki (Daniel Brühl) fala igualzinho a ele. O intérprete do James (Chris Hemsworth) também ficou muito parecido, assim como sua esposa, Susie (Olivia Wilde) e a de Niki, Marlene (Alexandra Maria Lara). “
No entanto, de acordo com o piloto, a rivalidade era restrita às pistas. “Fora delas, Niki e James eram grandes amigos.” Por isso, a atitude beligerante adotada pelos personagens, no filme, é um tanto exagerada, na opinião de Fittipaldi, mas necessária. “Um filme precisa ter drama e emoção. Achei legal.”
As cenas de corrida, mesmo com muitos efeitos especiais, são bastante realistas. “Achei boas, dentro da limitação enfrentada pela produção, como o número reduzido de carros”, avalia ainda Fittipaldi. Em 1976, nada menos do que 47 monopostos estavam inscritos no campeonato.
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