Primeira Classe

O maior acerto de uma montadora francesa

Em vez de apostar em segmento decadente, Citroën fez pequeno ajuste de olho no sucesso

Rafaela Borges

21 de set, 2018 · 8 minutos de leitura.

Novo C4 Cactus" >
Citroën C4 Cactus
Crédito: Foto: Werther Santana/Estadão

O novo C4 Cactus é um dos maiores acertos de uma marca francesa nos últimos tempos. O Kwid, da Renault, também foi um acerto e tanto, e certamente mais eficiente em termos de venda.

Na verdade, os dois modelos, novo C4 Cactus e Kwid, usaram estratégias semelhantes: são hatches que podem ser chamados de SUVs. Deu para entender? Explico.

Na Europa, o C4 Cactus é hatch médio. O Kwid surgiu na Índia. Por lá, é hatch compacto. Aqui, porém, eles passaram por algumas alterações para poderem ser classificados como SUVs compactos.

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Não é difícil: basta cumprir algumas regrinhas do Inmetro sobre ângulos de entrada e saída, assim como altura livre do solo (no mínimo 18 cm).

A campanha de lançamento do Renault para o Kwid? “O SUV dos compactos”.

VÍDEO: TUDO SOBRE O NOVO VOLVO XC40 T4


 

Com o Kwid, essa história de SUV parece que não “pegou” muito. Ele é um sucesso e tanto, mas por ser um hatch de entrada com ótimos preços, não “O SUV dos compactos”.


 

Estratégia do novo C4 Cactus

Com o novo C4 Cactus, porém, a história é bem diferente. Baseado na versão europeia, que por lá substituiu o hatch médio C4, ele ficou mais alto na adaptação para o mercado brasileiro.

O visual, no entanto, é igual. Ao menos por fora. Por dentro, o C4 Cactus europeu é um pouco mais bem acabado.


Na Europa, apesar de uma alta na demanda por SUVs, lançar um hatch médio faz todo sentido. Afinal, esse segmento é um dos mais populares por lá. Tanto que o carro mais vendido no continente é o Golf.

No Brasil, um hatch médio não faz sentido nenhum. Não dá nem mais para dizer que é um segmento que está à beira do abismo. A categoria, na verdade, já morreu.

Os remanescentes (Golf, Focus e Cruze Sport6) fazem médias de 200 unidades por mês. Quando vão bem, se aproximam das 500. Hatch médio virou carro de entusiasta.


COMPARATIVO: CACTUS X RENEGADE X HR-V

É algo completamente diferente de um hatch compacto, como o Kwid. Embora os SUVs sejam os carros mais desejados do País, os hatches pequenos ainda são os mais vendidos.

Na hora de desenvolver o visual do C4 Cactus, um projeto mundial, o que a Citroën fez? Deu ao hatch um estilo de SUV.


Querem apostar que time foi responsável pela criação do desenho do carro? O da América Latina, do qual o principal representante é o Brasil.

Assim, mesmo na Europa, onde é hatch, o novo C4 Cactus já tinha um visual bastante aventureiro. Um visual parrudo, de SUV. Faltava só aumentar a altura livre do solo para ele ser um SUV completo.

Afinal, se fosse para lançar por aqui um hatch médio, seria melhor não se dar ao trabalho.


Méritos do novo C4 Cactus

Talvez o estilo do novato não agrade a todos, mas ele chama a atenção. Talvez a dianteira seja um pouco polêmica. A traseira, porém, é inegavelmente bonita.

Os detalhes pretos contornando toda a carroceria deixam o carro com aparência parruda. São características que remetem à aventura.

O principal, no entanto, é a mecânica. Graças ao 1.6 turbo de até 173 cv, o Cactus pode se gabar de ser o SUV compacto mais potente do Brasil. O 2008, da Peugeot, marca irmã da Citroën, tem propulsor com a mesma potência.


Porém, ao menos por ora, só o Cactus tem o 1.6 turbo combinado ao câmbio automático de seis velocidades. No 2008, esse propulsor é acompanhado pela transmissão manual.

Além da boa mecânica, que deixa o carro rápido em retomadas a qualquer rotação, o novo C4 Cactus é muito bem equipado, e traz central multimídia bem fácil de usar (embora confusa em algumas situações).

Além de tudo, por ter características originais de hatch, ele é um dos mais gostosos de dirigir – apesar de a suspensão ser um pouco mole demais.


Temos então um SUV rápido (afinal, ele é classificado como SUV), com um belo desenho, cheio de equipamentos, e com preço competitivo. É uma excelente fórmula para conquistar o brasileiro.

Além do motor 1.6 turbo, o Cactus traz o 1.6 aspirado, que pode ser combinado aos câmbios manual ou automático. Com isso, “ataca” uma parcela maior de clientes.

Problemas

Algumas características, porém, podem desagradar o consumidor de SUVs. Apesar de mais alto que o hatch europeu, o Cactus brasileiro não é alto o suficiente.


Ao menos, não para deixar o motorista em uma posição de dirigir muito elevada.

Além disso, o porta-malas é limitado. E não só por seus 320 litros. O principal problema é que a tampa não vai até o para-choque, o que dificulta a acomodação de bagagens. Nesse aspecto, ele é hatch, não SUV.

Essas pequenas falhas, porém, não devem impedir o Cactus de fazer sucesso no País. Nos dias que passei com ele, chamou muito a atenção nas ruas e despertou olhares de admiração.


Agora é esperar o mês de outubro, quando as vendas começam, para ver como o novo C4 Cactus vai se sair.

Preços e versões

Live 1.6 manual – R$ 68.990
Feel 1.6 manual – R$ 73.490
Feel 1.6 automática – R$ 79.990
Feel Pack 1.6 automática – R$ 84.990
Shine 1.6 THP automática – R$ 94.990
Shine 1.6 THP Pack automática – R$ 98.990

 


 

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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.