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A verdade sobre o lucro das montadoras

Montadoras de automóveis têm lucro em alguns produtos e segmentos, mas margens são bem menores do que dita o imaginário popular

Diego Ortiz

23 de jan, 2019 · 5 minutos de leitura.

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Etiqueta de preço
Crédito: Crédito: Associação de Crédito dos EUA/Divulgação

O imposto sobre veículos nos Estados Unidos é de 7%. Na Europa, 14%. No Brasil, pouco mais de 42%. Seis vezes o imposto pago pelos norte-americanos. É disso a culpa pelo alto valor cobrado pelos carros brasileiros, não das margens de lucro.

Claro, há lucro. Não para todas, já que algumas montadoras investiram em nichos ou modelos que não deram certo e estão no vermelho sem data para sair. Mas vamos pegar o exemplo da GM, que ameaçou até sair do Brasil caso não veja dinheiro sobrar novamente. Desde 2010 ela não tem lucro expressivo e, entre 2016 e 2018, teve prejuízo agregado significativo. Está lá no balanço divulgado pela marca para todo mundo consultar.

Mas como se ela é líder de mercado? Simples. A GM (Chevrolet) vende muito Onix e Prisma, carros de volume, mas baixo valor agregado. Há também a S10, essa sim com um ticket médio ótimo. E só. Agora analise todos os investimentos que a marca anunciou nos últimos anos. A GM ainda está no caminho de pagar os R$ 3 bilhões investidos entre 2011 e 2012. Fora os de agora. É muito dinheiro.

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Veja mais: Carros que não venderam nada em 2018

Novos Onix e Prisma vêm aí, por exemplo. Com carroceria inédita, motor 1.0 três cilindros turbo… Tudo isso custa muito dinheiro para ser lançado. O valor cobrado pelo carro, portanto, não é só sobre o produto em si. Além dos fatores mostrados, é preciso rentabilizar as concessionárias, pagar pelas campanhas de marketing e publicidade para manter o carro em evidência e por aí vai.

Lucro não tem a ver só com preço

Fora isso, há o nível de equipamentos “exigido” que só aumenta. Houve uma correção de curso nos preços dos carros nos últimos três anos em relação a isso, mas o dólar ainda pressiona muito esta tabela. “Ahh, mas comprar um multimídia de uma marca boa no mercado paralelo é a metade do preço!”.

Comprar um quilo de batata no mercado também sai a metade do preço de comprar 200 gramas de batata frita no shopping. Mas eu não vejo ninguém reclamar desta diferença em fóruns. Não se trata de levantar a bandeira das montadoras. Mas as pessoas precisam entender de uma vez os custos que envolvem fazer um carro no Brasil. As montadoras não são inimigas das pessoas, muito pelo contrário, são uma das maiores fontes de emprego do País e precisam ficar por aqui, tendo lucro. Isso sim será bom para toda a nação.


Há de ser um plano real para a indústria, com impostos menores e sem comprometer os direitos do trabalhadores, para que as pessoas consigam levar carros para casa com mais facilidade, renovar a idade da frota e manter o nível da produtividade estabilizado. E isso é para hoje, porque o modelo de negócio de compartilhamento de carros virá para ficar e as vendas vão cair no mundo todo drasticamente até 2050.

Veja a nacionalidade das montadoras

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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”