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Carro popular: governo Lula quer cortar IPI e ICMS e liberar FGTS
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Carro popular: governo Lula quer cortar IPI e ICMS e liberar FGTS

Montadoras e governo federal discutem medidas que favoreçam a volta do carro popular; cortes no IPI e no ICMS e uso do FGTS estão em estudo

Rodrigo Tavares, Especial para o Jornal do Carro

22 de mai, 2023 · 6 minutos de leitura.

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Governo e montadoras conversam sobre medidas que possam baratear o custo dos automóveis
Crédito:Fiat/Divulgação

Neste início de semana, o governo federal começou a aumentar os diálogos em torno do barateamento dos automóveis no Brasil, em especial, da volta do carro popular. As conversas estão em andamento entre as montadoras instaladas no País e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço. Um anúncio sobre o assunto será feito no dia 25 de maio. A data não foi escolhida ao acaso: é quando se celebra o Dia da Indústria.

Acredita-se que o anúncio envolverá pacotes que favoreçam a queda dos preços exigidos por carros de entrada atualmente. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia anunciado a intenção de atuar em favor do carro popular, ainda este ano.



No entanto, as mudanças requeridas para o projeto ir adiante são vistas como um desafio para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Representantes das montadoras alegam que sua margem de lucro já é pequena quando o assunto são vendas de veículos de entrada. Ainda assim, algumas medidas virão para viabilizar a redução de preços.

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Redução do IPI e FGTS para carro popular

IPI
Alex Silva/Estadão

Dentre as opções em análise está a redução do IPI (imposto sobre produtos industrializados), para veículos até R$ 100 mil. A medida espera atingir modelos de entrada, a fim de torná-los mais acessíveis ao público, baixando seu preço frente ao valor de hoje. As conversas entre montadoras e o governo estão sob comando do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).

Além disso, outro tributo que pode entrar na lista de reduções é o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). No entanto, o corte não depende do Governo Federal, pois o tributo é estadual. Portanto, os governadores de cada um dos 26 estados, além do Distrito Federal, também terão de entrar na negociação, por exemplo.


Por fim, existe a proposta de liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para facilitar a compra de um automóvel 0-km, que atualmente só existe para compras habitacionais, por exemplo. No entanto, a medida enfrenta resistência no próprio governo, já que o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), declarou-se contra a ideia. Mas mesmo com a negativa de Marinho, a medida está em estudo pelo governo.

Na contramão do impedimento vindo do ministério, está a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que considera a liberação do dinheiro uma medida positiva. Márcio de Lima Leite, presidente da associação, discorda do ministro, e afirma que a medida poderia reaquecer o mercado, bem como provocar uma explosão de vendas no setor.

Preço base do carro popular ainda é mistério

Renault/Divulgação

Ainda não se sabe qual preço base terão os carros populares. No entanto, o Governo Federal avalia que as medidas, se postas em prática, poderiam baixar o preço, hoje por volta dos R$ 70 mil, para a casa dos R$ 50 mil. Entretanto, as montadoras e especialistas ouvidos pelo Jornal do Carro comentam que esforços como redução de taxas precisam surgir.

Vale lembrar que, atualmente, dois carros disputam o posto de mais baratos do País. São eles o Fiat Mobi Like e o Renault Kwid Zen. Conforme informações dos sites das respectivas montadoras, os dois têm preço sugerido a partir de R$ 68.990. Ou seja, estamos falando das versões de entrada, que são as mais simples de suas linhas.

Seja como for, caso o anúncio das medidas não ocorra no dia 25 deste mês, o vice-presidente Geraldo Alckmin poderá estender o prazo, até que se chegue a um consenso sobre o barateamento dos carros novos nacionais.


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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”