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Carro popular de R$ 50 mil: os itens da carta de metalúrgicos a Lula
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Carro popular de R$ 50 mil: os itens da carta de metalúrgicos a Lula

Conforme o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a volta do carro popular seria positiva para toda a população e ajudaria a impulsionar a economia

Vagner Aquino, especial para o Jornal do Carro

10 de mai, 2023 · 9 minutos de leitura.

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carro popular
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC enviou carta ao presidente Lula para debater o tema
Crédito:Gabriela Biló/Estadão

Embora as vendas de carros estejam em baixa, os preços não param de subir. Assim, a ideia da volta do chamado carro popular está ganhando força no mercado. Nesse sentido, já há conversas entre governo, montadoras e representantes dos trabalhadores do setor. Como resultado, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) e a subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) entregaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um estudo que aponta possíveis soluções para a viabilidade do projeto. A ideia é ter opções por cerca de R$ 50 mil.



Objetivos

O objetivo do documento (confira os pontos) é estimular a produção de carros com preços acessíveis a mais pessoas, bem como aumentar o porcentual de peças nacionais. Linhas de crédito com juros e prazos mais favoráveis também fazem parte da lista de intenções. Afinal, de nada adianta o carro ser menos caro se o consumidor não puder comprar. “O crédito para financiamento desses carros é importante porque aquece a economia do País”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges.

Questionado pelo Jornal do Carro sobre a importância da volta do carro popular, Selerges diz, portanto, que é algo bom para toda a população. “A questão (da volta) do carro popular é a geração de emprego não só para os metalúrgicos, mas para diversas categorias de trabalhadores. Porque a fabricação de um carro envolve vários setores. Ou seja, desde a fabricação até a revenda”, argumenta.

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Conforme o sindicalista, o ideal é que os componentes desses carros também fossem feitos no Brasil. “Desse modo, entendemos que o carro popular é bom para os mais pobres e bom para o Brasil como um todo. É positivo para toda a economia”, afirma.

carro popular
Mesmo com a queda nas vendas, preço do carro novo não para de subir; Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Veja algumas propostas entregues ao governo:

  • Promover o lançamento imediato de modelos “populares”, com linhas de crédito de longo prazo;
  • Incentivar a produção de veículos que considerem grau de nacionalização e quantidade mínima de etapas do processo de fabricação no País;
  • Ampliar o programa de estímulo à renovação das frotas de táxis;
  • Constituir programa especial de estímulo à renovação dos automóveis que operam em aplicativos de transporte;
  • Transição do mix de veículos rumo à descarbonização ao longo dos próximos 12 anos;
  • Revisar as alíquotas de imposto de importação de veículos elétricos alinhada à existência de projetos de fabricação nacional.

Mais medidas

Ademais, além de ter preços menores, os populares devem ser oferecidos por meio de operações de crédito de 60 a 72 meses. Além disso, cabe explicar a proposta de descarbonização ao longo dos próximos 12 anos. Ou seja, a ideia é apoiar a renovação da frota e reduzir o estímulo à venda de veículos mais poluidores. Por fim, a revisão das alíquotas de importação de veículos elétricos deverá estar em sintonia com a existência, ou não, de projetos de fabricação desses modelos em território nacional.


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Estimular a produção de elétricos também está na pauta; Foto: Diogo de Oliveira/Estadão

Demais setores

Seja como for, as próprias montadoras divergem sobre a proposta. Conforme noticiado pelo Estadão, o presidente da General Motors, Santiago Chamorro, diz que seria melhor criar condições mais favoráveis de crédito. Conforme o executivo, assim o consumidor poderia comprar os carros de entrada que já são oferecidos no mercado. “Se perguntarmos para o brasileiro se ele quer um carro menor, menos tecnológico, certamente a resposta será não”, afirma.

Por sua vez, a Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionárias, defende que a chegada de carros mais baratos ajudaria a aumentar da produção. Como resultado, isso reduziria o risco de perda de postos de trabalho. Vale lembrar que várias fábricas estão reduzindo a produção por causa da baixa demanda por carros novos.


Por fim, o estudo levado ao governo apresenta três possíveis cenários para a cadeia automotiva do Brasil. O primeiro é de transição qualificada, no qual o País voltaria a ser um centro produtivo essencial e expressivo no mundo. O segundo é o de estagnação tecnológica, o que tornaria o Brasil um dos últimos mercados onde seriam vendidos veículos a combustão. Ou seja, com a degradação longa e lenta de toda a cadeia instalada. E o terceiro é de irrelevância global, com a consequente importação de veículos mais avançados tecnologicamente em detrimento da produção local.

Números

Cabe lembrar que a produção de veículos no Brasil em 2022 foi de 2,2 milhões de unidades. Ou seja, houve queda de 37% na comparação com 2012, o melhor ano do setor no País, com 3,5 milhões de unidades. Seja como for, o primeiro trimestre de 2023 registrou alta. Porém, o resultado é muito aquém do potencial produtivo do Brasil. Afinal, mesmo os modelos mais baratos estão distantes do poder de compra da maioria da população.

Atualmente, dois carros disputam o posto de mais barato do País. São eles o Fiat Mobi Like e o Renault Kwid Zen . Conforme informações dos sites das respectivas montadoras, os dois têm preço sugerido a partir de R$ 68.990. Ou seja, estamos falando das versões de entrada e mais simples de suas linhas.


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Carros elétricos são mais seguros do que automóveis a combustão?

Alguns recursos podem reduzir o risco de incêndio e aumentar a estabilidade

26 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Uma pergunta recorrente quando se fala em carro elétrico é se ele é mais ou menos seguro que um veículo com motor a combustão. “Os dois modelos são bastante confiáveis”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

No entanto, há um aspecto que pesa a favor do automóvel com tecnologia elétrica. Segundo relatório da National Highway Traffic Safety Administration (ou Administração Nacional de Segurança Rodoviária), dos Estados Unidos, os veículos elétricos são 11 vezes menos propensos a pegar fogo do que os carros movidos a gasolina.

Dados coletados entre 2011 e 2020 mostram que, proporcionalmente, apenas 1,2% dos incêndios atingiram veículos elétricos. Isso acontece por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não possuem tanque de combustível. As baterias de íon de lítio têm menos risco de pegar fogo.

Centro de gravidade

Segundo Delatore, os carros elétricos recebem uma série de reforços na estrutura para garantir maior segurança. Um exemplo são os dispositivos de proteção contra sobrecarga e curto-circuito das baterias, que cortam a energia imediatamente ao detectar uma avaria.

Além disso, as baterias são instaladas em uma área isolada, com sistema de ventilação, embaixo do carro. Assim, o centro de gravidade fica mais baixo, aumentando a estabilidade e diminuindo o risco de capotamento. 

E não é só isso. “Os elétricos apresentam respostas mais rápidas em comparação aos automóveis convencionais. Isso facilita o controle em situações de emergência”, diz Delatore.

Altamente tecnológicos, os veículos movidos a bateria também possuem uma série de itens de segurança presentes nos de motor a combustão. Veja os principais:

– Frenagem automática de emergência: recurso que detecta objetos na frente do carro e aplica os freios automaticamente para evitar colisão.

– Aviso de saída de faixa: detecta quando o carro está saindo da faixa involuntariamente e emite um alerta para o motorista.

– Controle de cruzeiro adaptativo: mantém o automóvel a uma distância segura do carro à frente e ajusta automaticamente a velocidade para evitar batidas.

– Monitoramento de ponto cego: pode detectar objetos nos pontos cegos do carro e emitir uma advertência para o condutor tomar cuidado.

– Visão noturna: melhora a visibilidade do motorista em condições de pouca iluminação nas vias.