Após a Volkswagen suspender a produção por dez dias e a Chevrolet paralisar a linha de montagem do Onix ao menos até julho, outras duas montadoras entram nesse regime. Por causa da crise dos semicondutores, a Nissan deixou de produzir por alguns dias na última semana. Enquanto isso, a Hyundai trabalha em menor capacidade até o final do mês.
Desse modo, a fabricante japonesa precisou parar a linha de produção do SUV Kicks e do sedã Versa V-Drive durante os dias 16 e 17 de junho. A situação, entretanto, já era prevista por Airton Cousseau, presidente da Nissan Mercosul e diretor-geral da marca no Brasil.
No final de maio, Airton afirmou que a empresa poderia paralisar suas fábricas por alguns dias, uma vez que “os fornecedores de semicondutores não deram garantia de que terão peças”. Assim, a suspensão das atividades poderá acontecer novamente, dependendo do fornecimento dos chips. Com 2 mil funcionários, a fábrica da Nissan em Resende (RJ) opera em um só turno, embora tenha capacidade para operar em três.
Nesta semana, chegou a vez de a Hyundai limitar sua produção. Desde segunda-feira (21), a montadora suspendeu o segundo turno do complexo industrial de Piracicaba (SP). A unidade que produz o Creta e o HB20 deverá funcionar ociosamente até o dia 30 de junho, a princípio.
Cabe enfatizar que a fabricante já havia interrompido o terceiro turno de trabalho no dia 31 de maio, mas tem previsão de retorno a partir do dia 30 de junho.
Em nota ao site Automotive Business, a montadora sul-coreana anunciou que “seguirá monitorando a situação e tomará as medidas necessárias para adaptar os volumes de sua produção conforme as condições de fornecimento de chips nas próximas semanas”.
Falta de chips pode atrasar lançamento do novo Creta
Consultados pelo Jornal do Carro, alguns concessionários da Hyundai alertaram que a nova geração do SUV Creta deve chegar entre agosto e setembro no Brasil. Contudo, devido à situação incerta de abastecimento de chips, o lançamento do SUV poderá atrasar.
Outras montadoras já estão afetadas no Brasil
Se junta também à crise a Honda, que precisou parar a produção em sua fábrica em Sumaré (SP) por duas vezes, entre 5 e 12 de fevereiro e entre 1º e 10 de março. Já a Renault precisou suspender a fabricação em São Jose dos Pinhais (PR) por dois dias em fevereiro, mas não descartou paralisações futuras.
Até a Fiat, líder de vendas disparada em 2021, precisou dar férias coletivas por duas vezes. Do dia 10 ao dia 22 de março, mais de 600 funcionários receberam descanso coletivo. Logo depois, do dia 19 ao dia 29 de abril, 2 mil empregados do segundo turno de produção receberam dispensa temporária.
De acordo com a montadora, as férias foram dadas devido a um ajuste na produção de componentes eletrônicos e aço.
Além da fábrica de Gravataí (RS), a GM anunciou no dia 25 de maio a suspensão da produção na fábrica de São Caetano do Sul (SP) por seis semanas. De acordo com a fabricante, o motivo é a falta de componentes. Mas também a adequação do local para a produção da nova picape da marca, que substituirá a recém-aposentada Montana.
Anfavea alerta para fim dos estoques
Sobre a crise dos semicondutores, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) alerta sobre a quantidade de veículos nos estoques das concessionárias. Apesar da produção de automóveis em maio ter crescido 7,7% em relação a abril, a grande preocupação da entidade é em relação ao abastecimento dos semicondutores.
Até o final de maio, as concessionárias no Brasil contavam com cerca de 66,1 mil veículos em estoque. Pelo ritmo da época, levaria apenas 10 dias para esse montante ser entregue aos clientes. Segundo a Anfavea, esse volume é baixíssimo e pode ocasionar altas consecutivas nos preços.
De acordo com o presidente da associação, Luiz Carlos Moraes, essas paradas na produção podem se estender até o início de 2022. O principal motivo é que a produção mundial de semicondutores em 2021 não será suficiente para cobrir a produção de todos os veículos no mesmo período.