O Gol é um dos carros mais emblemáticos do Brasil. Em 2021, o hatch completou 41 anos de mercado, dos quais foi líder de vendas em 27 deles consecutivos. Mas, a idade chegou para a atual geração, e a Volkswagen planeja a aposentadoria do modelo. Entretanto, não será uma despedida. O popular da marca alemã voltará diferente na próxima geração.
Parece que a estratégia da VW é transformar o Gol em um SUV. Conforme apuração do jornalista Leonardo Felix, do site Mobiauto, ele será feito sobre a nova versão da plataforma MQB-A0, que estreia em 2023 com o Polo Track, substituto do Gol atual. Dessa forma, o hatch se tornará um mini SUV para ocupar também a vaga do Fox, que saiu de linha em outubro.
A nova plataforma vai substituir a PQ24, usada por Gol, Voyage e Saveiro. Entretanto, a troca será gradual, já que a picape só terá nova geração entre 2024 e 2025.
Gol deixou de ser popular
Embora a despedida do Gol tenha surpreendido alguns, o hatch há muito deixou de ser um carro ”popular” de entrada, por conta dos reajustes. Isso se intensificou nesse ano, no qual o modelo ficou mais caro em todas as versões de acabamento disponíveis.
Para se ter uma ideia, na versão topo de linha (MSI automático), com o pacote completo de opcionais (Urban), o Gol supera os R$ 90 mil e tem preço máximo de R$ 92.430. Já na versão de entrada, o modelo parte de R$ 67.790 equipado com motor 1.0 MPI flex.
Modelo desenvolvido no Brasil
A primeira geração do Gol estreou em 1980 no Brasil e ficou 14 anos no mercado com alterações discretas. Na época do lançamento, o hatch chamou a atenção pelas linhas simples e o formato quadrado. O motor era refrigerado a ar, com 1.300 cm cúbicos e 47 cv de potência. Inclusive, esse conjunto era similar ao do ”primo” Fusca.
Logo em seguida, o modelo adotou o motor 1600, ou, como muitos conhecem, o AP. Mas, as coisas só começaram a melhorar mesmo a partir de 1984. Foi quando a Volkswagen lançou a versão esportiva GT, que trazia o motor 1.8 refrigerado a água.
Tempos depois, quando finalmente o hatch recebeu o motor 1.6 do Passat e uma reestilização, que inclui a adoção de faróis maiores, as vendas dispararam. Em 1989, foi a vez do Gol GTI, primeiro carro nacional com injeção eletrônica de combustível. Com motor 2.0 de 120 cv, era o sonho de consumo de todo brasileiro fã de carro. Além disso, o modelo foi o primeiro veículo brasileiro a ser exportado.
O icônico Gol Bolinha
A segunda geração (G2) surgiu apenas em 1994, após 14 anos do lançamento do hatch. Com linhas mais arredondadas, essa geração ficou popularmente conhecida como Gol ”bolinha”. Era equipado com motor AP 1.6 de 76 cv de potência e 12,3 mkgf de torque. Foi um salto para o hatch, que ganhou mais espaço interno, bem como um porta-malas maior.
Primeira reestilização
Embora seja chamado de G3, o modelo de 1999 não é a terceira geração, mas uma reestilização que incluiu linhas mais retas, painel renovado e, pela primeira vez, carroceria de quatro portas. Airbags e ABS passaram a vir como opcionais. Outra novidade foi o motor 1.0 turbo, que chegou em 2000, com 112 cv de potência.
Em seguida, mais precisamente por volta do começo de 2003, o Gol passou a ter o motor 1.6 Total Flex. Essa migração fez com que o hatch se tornasse pioneiro dessa tecnologia no Brasil. Nessa época, atingiu a marca de quatro milhões de unidades e se tornou um dos carros mais populares de todos os tempos no País, superando até o Fusca.
Tempos difíceis
A quarta reestilização (G4), de 2005, trouxe de volta as linhas mais sinuosas. Com o fim do Fusca, o Gol perdeu as versões sofisticadas e assumiu o papel de carro de entrada da Volkswagen, abrindo espaço para o Fox. Essa sobrevida, inclusive, manteve a plataforma do G3, o que não surpreendeu muito os compradores.
Em questões de estilo, o hatch ficou ainda redondo, mas com acabamentos no geral mais simples. O principal ponto que não agradou e, inclusive, foi alvo de críticas, foi o quadro de instrumentos. Diferente do G3, o G4 perdeu o painel que tanto tinha agradado os compradores e, no fim das contas, foi a variante que menos caiu no gosto da população.
Mudança radical
A grande transformação do Gol aconteceu em 2008, com a chegada da terceira geração (G5), cuja plataforma (PQ24) é derivada do Polo de 4ª geração. O motor passou da posição longitudinal para a transversal, e a cabine melhorou muito. Desde então, o Gol se alinhou à nova identidade visual da VW, e recebeu três leves reestilizações (em 2012, 2016 e 2018), com atenção especial para os faróis, que ficaram maiores.
Com isso, ganhou novo fôlego com o câmbio automático de seis marchas, que passou a equipar o hatch no fim de 2018. Além disso, também adotou novos itens como um novo sistema de direção. Essa, portanto, é a atual versão do Gol, que está disponível em três pacotes.
Até logo?
Como dissemos no começo, apesar da despedida, o VW Gol voltará. Mas não como o hatch que é feito no Brasil desde 1980. Tal como contamos no Jornal do Carro, a marca alemã fará um novo Gol com estilo de SUV. Assim, o modelo deixará de ocupar o posto de carro de entrada da marca, e passará a ser o SUV mais em conta da montadora no País.
Segundo apuração do jornalista Marlos Ney Vidal, do site Autos Segredos, o novo Gol atende internamente pelo código “VW 246” e tem lançamento previsto para janeiro de 2024. Dessa forma, chegará às lojas pouco depois da aposentadoria da geração atual, que será feita até 2023, porém apenas com motor 1.0 flex, para atender aos novos limites de emissões.
Embora não esteja prevista uma versão puramente elétrica, o novo Gol deverá ter o visual inspirado nos modelos da família ID de carros elétricos. Em especial o hatch ID.3, primeiro modelo alimentado por baterias da Volkswagen, que chega em 2022. Assim, podemos esperar um Gol com linha modernas e robustas, tal como o novo Citroën C3.